Este filme de Teresa Villaverde (que entretanto já rodou o documentário O Termómetro de Galileu) é o último a estrear-se dos vários feitos sobre a crise por cineastas portugueses (com São Jorge, de Marco Martins, A Fábrica de Nada, de Pedro Pinho, ou Índice Médio de Felicidade, de Joaquim Leitão). Só que Colo (que é como quem diz, afecto, carinho, compreensão, tudo aquilo de que as personagens precisam e não têm) é a forma que a realizadora de Três Irmãos e Os Mutantes encontrou para, ao filmar uma família na crise, mostrar a crise da família no nosso tempo, quando muitas pessoas que vivem na mesma casa estão cada vez mais separadas, falam cada vez menos e têm cada vez menos tempo umas para as outras.
A crise económica só acentua o crescente distanciamento, a falta de comunicação, o isolamento interior e a alienação emocional entre o pai (João Pedro Vaz), a mãe (Beatriz Batarda) e a filha, Marta (Alice Albergaria Borges), filmados com uma austeridade sombria e uma câmara que é como que uma testemunha relutante dos acontecimentos. Os actores adultos são mais consistentes que os mais novos e a fita teria beneficiado em ser menos longa e com um final mais resolvido, embora se perceba a intenção da realizadora de deixar as vidas das personagens temporariamente em hiato.
Por Eurico de Barros