Ao contrário do costume, este não é um filme sobre a II Guerra Mundial. Quer dizer, é, porque não se pode falar de Winston Churchill sem falar nela. Mas, principalmente, como todos os aspirantes a biógrafo definitivo, Jonathan Teplitzky procura o homem por detrás do estadista por uma via diferente e escolhe a depressão, o “cão negro”, como lhe chamava o primeiro-ministro inglês, que tantas vezes tolhia o espírito da personagem soberbamente interpretada por Brian Cox.
É uma aproximação ousada, colocar os fantasmas interiores, na altura socialmente considerados sinais de fraqueza, no enquadramento histórico da preparação da invasão da Normandia, com o político a enfrentar os militares ou a tentar convencer aliados quando ele própria se debate na angústia da dúvida. Uma aproximação frustrada pelo argumento de Alex von Tunzelmann, que, não contrariado pela realização, é incapaz de criar alguma dinâmica entre o psicologismo a que frequentemente se dedica e o carácter do protagonista ou as consequências dos seus tormentos interiores nas decisões políticas e militares.
Por Rui Monteiro