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Todos nós já tivemos, em situações sociais ou lugares públicos, que sofrer com pessoas que não conhecíamos de lado nenhum, ou com as quais tínhamos relações de escassa intimidade, a contarem-nos em pormenor as suas vidas desinteressantes e os seus rasos estados de alma, e a exporem-nos detalhadamente os seus banalíssimos problemas familiares e desastres domésticos.
Há filmes que são como estas pessoas, que contam as vidinhas de personagens sem uma pinga de interesse e nos atiram para cima as irrelevantes peripécias de famílias iguais a milhões de outras. Benzinho, do brasileiro Gustavo Pizzi, passado no seio de uma família de classe média baixa, escapa por uma unha negra a ser um destes filmes por duas razões. O papelão de Karine Teles na mãe, Irene, que procura melhorar-se através da educação e manter o agregado familiar feliz, unido e ao abrigo do colapso pelas más ideias de negócio do marido, bom tipo mas irresponsável, enquanto vive a angústia de ver o filho mais velho partir para a Europa; e o realismo caloroso do retrato colectivo de Irene e dos seus, tal como Pizzi o filma.