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Ari Aster (Hereditário, Midsommar – O Ritual) descreveu este seu novo filme como “uma comédia de pesadelo”. Mas o espectador que vá ver este estrondoso desastre sob forma cinematográfica é que passa por um pesadelo acordado, ao longo de exasperantes e intermináveis três horas (que originalmente eram quatro…). Beau Tem Medo é um cruzamento de fantasia de terror edipiana e de comédia negra pseudo-kafkiana, em que Joaquin Phoenix interpreta o Beau do título, um pobre diabo tiranizado pela mãe quando era novo e que sofre de ansiedade e de ataques de pânico. Quando a morte desta, uma multimilionária, lhe é comunicada, Beau mete-se à estrada para ir ao funeral, no que é contrariado por acidentes, encontros com gente estranha e acontecimentos que Ari Aster (que também escreveu o argumento) pretende que sejam fantásticos e surreais (há até uma altura em que Beau Tem Medo se transforma em filme de animação), mas que não passam de estapafúrdios, desconexos e completamente abstrusos. O filme é informe, e superficialíssimo sob tanto afã e tanta complicação (o inferno, são as mães). Joaquin Phoenix só tem dois registos no papel de Beau: aos berros em pânico ou com o ar de quem engoliu uma mão-cheia de hipnóticos. Ou muito me engano, ou vai entrar para a lista dos piores filmes da década. Do ano é pouco.