Uma pessoa habitua-se à boa vida que vem com a dinheirama. E, depois, apesar do perigo de ter dois patrões, ambos bons pagadores e ambos prontos a acabar violentamente a relação se souberem do outro, depois é o diabo aceitar que a coisa não pode durar sempre. A não ser quando é preciso salvar o couro.
A carreira de Tom Cruise já teve melhores dias. Mas não se pode dizer que o actor seja um idiota qualquer e que, uma vez ou outra, não tenha mostrado dotes de representação. São precisamente esses dotes que apresenta neste filme em que volta a juntar-se ao realizador Doug Liman. Estabelecido que Cruise sabe como interpretar o papel (baseado em história real passada no tempo da presidência Reagan) de um piloto que começa por ajudar a CIA tirando umas fotografias da América do Sul e às tantas está a acumular isso com transportes de cocaína para Pablo Escobar, resta que a película é um acumular de cenas de acção e que o argumento dá demasiadas voltas e ainda assim é bastante previsível.
Por Rui Monteiro