Este filme da francesa Eva Husson sobre um grupo de mulheres curdas que combatem o Estado Islâmico (Daesh) competiu no Festival de Cannes no ano passado, e foi recebido com bastante hostilidade, sobretudo pela crítica gaulesa.
Uma das acusações lançadas a As Raparigas do Sol foi de que era “demasiado romanesco”, mas parece claro a quem veja o filme que a intenção da realizadora era precisamente compaginar o documental e o ficcional.
A unidade feminina do filme, liderada por Bahar (a bonita e excelente Golshifteh Farahani), tem a particularidade de ser composta por mulheres que já estiveramcativasdoDaeshe passaram por vários horrores às mãos dos extremistas islâmicos. O grupo é acompanhado por uma repórter francesa, Mathilde (Emmanuelle Bercot, maquilhada para se parecer com a jornalista inglesa Marie Colvin, que morreu no cerco de Homs, em 2012).
Husson nem sempre prima pela subtileza (sobretudo no uso da banda sonora) mas As Raparigas do Sol cumpre com a sua intenção principal: retratar o sofrimento, a abnegação e a coragem das mulheres curdas que pegaram em armas para defender a sua terra, as suas famílias e a sua dignidade.
Por Eurico de Barros