O falecido encenador e realizador suíço Luc Bondy rodou esta versão contemporânea da comédia de Marivaux para o canal ARTE, ao mesmo tempo que apresentava a sua encenação num teatro de Paris. Os actores filmavam-na durante o dia e interpretavam-na em palco à noite, e Bondy funde os dois espaços no final, já que As Falsas Confidências tem o seu clímax na cena do Teatro Odeon.
Esta história de um homem (Louis Garrel) que vai trabalhar para a viúva rica e mais velha (Isabelle Huppert) pela qual estáapaixonadosofre,na linguagem e nas peripécias, com o deslocamento temporal e epocal a que é submetido, já que foi escrita em 1737 e “arrastada” por Bondy para a Paris do século XXI, e nem sempre resulta vestir roupas modernas a obras antigas.
Garrell, Huppert, Bulle Ogier e o restante elenco ajudam a atenuar esta sensação de anacronismo, mas nunca nos abstraímos totalmente dela. E aquele final “fora da ficção” era dispensável.
Por Eurico de Barros