Em 1975, o escritor inglês J.G. Ballard publicou Arranha-Céus, uma das suas distopias satíricas, na qual um médico recém-divorciado se muda para um novo e imponente arranha-céus nos arredores de Londres, concebido como modelo para o futuro e onde a divisão social se faz pela distribuição dos inquilinos pelos andares: quanto mais rico se é, mais alto se mora. Mas o projecto cedo degenera em violência, deboche e anarquia.
O livro, muito óbvio já à partida, e hoje datado na sua alegoria da feroz luta de classes que Ballard previa para breve nesses anos 70 política e socialmente agitadíssimos em Inglaterra, foi transformado por Ben Wheatley (Uma Lista a Abater, Assassinos de Férias) num filme caótico, grotesco e sem ponta por onde se lhe pegue, por onde deambulam, completamente perdidos, actores como Tom Hiddleston, Jeremy Irons, Sienna Miller ou Elizabeth Moss. Mau de doer fundo.
Por Eurico de Barros