É um dos enredos mais antigos e consagrados das narrativas de aventuras e do cinema. Um homem que um acidente deixou sozinho num meio hostil e distante da civilização, procura sobreviver desafiando os elementos, a fauna local e a morte. Em Árctico, primeira longa-metragem do brasileiro Joe Penna, e como o título indica, estamos numa região de gelos eternos. Mads Mikkelsen interpreta Overgard, um piloto cujo avião se despenhou algures na imensidão gelada.
Depois de ficar algum tempo à espera de socorro, Overgard vê finalmente chegar um helicóptero. Só que este é apanhado por ventos fortes quando ia aterrar, e cai. O piloto morre e só sobrevive a mulher que o acompanhava, que Overgard vai procurar tratar como pode. Mas chega aquela altura em que vai ser preciso decidir entre permanecer na relativa segurança do abrigo, esperando por uma segunda equipa de salvamento, sob pena de ver a comida, o combustível e os fármacos esgotarem-se, e a mulher ferida morrer; e pôr os pés ao caminho, com todos os riscos que uma tal escolha implica.
Overgard opta pela segunda, deita a doente num trenó, traça a sua rota num mapa e lá vai ele. Nenhum filme com Mads Mikkelsen pode ser inteiramente mau, e ele é o actor ideal para interpretar Árctico, com o seu aspecto compacto e aquela cara que parece ter sido talhada à machadada e vivido muita coisa. Mas nem Mikkelsen consegue distrair-nos do facto de a fita de Penna coleccionar, mesmo que diligentemente, todas as situações feitas do “filme de sobrevivência”.
Por Eurico de Barros