Adaptar ao cinema um livro como ‘aparição’ é uma aposta arriscada. Tal como quase todas as obras de ficção de Vergílio Ferreira, este romance autobiográfico publicado em 1959 é uma veículo literário para as preocupações filosóficas do autor, de que as personagens são porta-vozes, o que torna a sua transposição cinematográfica numa tarefa muito delicada.
Os livros de ideias, as ficções de recorte ensaístico e reflexão intelectual, não são propícios a dar bons filmes, como se vê por este inexpressivo, tolhido e, sobretudo, desarticuladíssimo Aparição, que vai revelando as suas manifestas deficiências de escrita, limitações dramáticas e falta de soluções formais à medida que se desenrola. O elenco, que inclui Jaime Freitas, Victória Guerra, Ricardo Aibéo, Teresa Madruga e Rui Morisson, não pode dar mais do que o pouco que a fita lhe pede.
Por Eurico de Barros