Quando uma aplicação vem com definição do estilo “verdade ou consequência, menos a verdade”, talvez seja aconselhável pensar duas vezes antes de descarregar um jogo onde se pode ser jogador ou espectador, sendo sempre participante. Mas, como até Kant dizia, o bom senso não tem nada de emocionante. Pelo contrário, Nerve é jogado ao vivo e coloca os seus protagonistas, como agora se diz demasiadas vezes a despropósito, fora da sua zona de conforto, e de preferência em perigo.
A ideia, embora exposta e desenvolvida por Henry Joost e Ariel Schulman de maneira a parecer de sofisticada elaboração, é simples, e nasceu no romance criado há quatro anos por Jeanne Ryan como desenvolvimento marado de um jogo que nunca foi inocente nem afectado pelas mudanças geracionais e tecnológicas, mas também como crítica a uma sociedade tecno-dependente e capaz de tudo para ter êxito e celebridade fáceis, mesmo pondo em causa a liberdade individual que preza como um mantra.
Desta parte do livro não sobra praticamente nada em Alto Risco, pois os realizadores preferiram o aparato à subversão e a conformidade à provocação.
Rui Monteiro