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Este é o segundo filme de Vicente Alves do Ó sobre poetas portugueses. No primeiro, Florbela (2012), o realizador optou, inteligentemente, por deixar de fora os poemas e centrar-se na personalidade e nos factos da vida de Florbela Espanca. Em Al Berto, Alves do Ó limita-se ao tempo que o poeta (de seu verdadeiro nome Alberto Pidwell Tavares), ainda anónimo, passou na sua Sines natal, entre o regresso a Portugal após o 25 de Abril, depois de ter vivido alguns anos na Bélgica para escapar à guerra em África, e a ida para Lisboa, onde se tornaria num autor carismático e aclamado.
Em Sines, em pleno PREC, Al Berto (interpretado com muita justeza por Ricardo Teixeira), deu escândalo por ter transformado o palacete da família numa comuna, pelo seu desassombro e por manter abertamente uma relação homossexual. Alves do Ó, seu conterrâneo, quer mostrar como esse período pouco conhecido terá sido importante para ele, emocional e artisticamente, e apagar o cliché posterior do “poeta maldito”, embora a fita nunca consiga anular a impressão de ter sido feita tendo em mente um nicho de pessoas que estão muito mais dentro da vida de Al Berto, e se interessam por ele e pela sua obra literária, do que o comum dos espectadores.
Por Eurico de Barros