Pedro Almodóvar pegou na peça/monólogo de Jean Cocteau, chamou Tilda Swinton para interpretar a mulher deixada pelo amante e que espera desesperadamente por um telefonema dele, e “almodóvarizou” tudo de cima a baixo nesta curta-metragem: encenação, ambientes, cores, atmosfera emocional e estado de espírito e guarda-roupa da personagem, que passa de mulher submissa e ansiosa a angustiada e furiosa, tal como todas as dos filmes do realizador. No final, Almodóvar acaba por dinamitar o texto original, com a mulher a pôr fogo à casa onde viveu com o amante e a partir para outra levando o cão dele consigo.
Em complemento, há uma entrevista com Almodóvar e Swinton feita pelo crítico inglês Mark Kermode. Uma miniatura para saborear enquanto não chega Madres Paralelas, a nova longa-metragem do realizador.