No dia 1 de setembro de 1715, o rei Luís XIV Morreu, em Versalhes, com 76 anos, das consequências de gangrena numa perna, e após uma semana de agonia. Ao longo de quase duas horas, o realizador catalão Albert Serra recria, num cerrado, pictórico e claustrofóbico ambiente de câmara (nunca se sai do quarto do monarca – um impressionante Jean-Pierre Léaud –, onde todos acorrem, dos médicos aos membros do seu círculo íntimo e ao neto, o futuro Luís XV) os últimos dias do Rei-Sol, apoiando-se na narrativa de uma testemunha, o marquês de Dangeau. É a morte do homem e também a do símbolo supremo de poder que Serra recorda, embora esta última dimensão seja escassamente vincada. Afinal, uma das frases proferidas pelo rei no seu leito de morte, foi: “Vou-me, mas o Estado ficará sempre”.
Por Eurico de Barros