Estava para ser um almoço de aniversário, coisa vulgar, uma comemoração familiar como outra qualquer. Mas o destino, a poeira cósmica que de vez em quando se fala nos noticiários, ou um singelo ataque de maluquice nostálgica, como que mandou Ana Luísa em viagem ao passado.
Outra hipótese para o desatino desta mulher interpretada por Maria João Abreu, senhora casada, comemorando o aniversário do pai com o resto da parentela, é a dos universos paralelos, de que também falam os noticiários que, de quando em quando e muito brevemente, o argumento de Roberto Pereira injecta neste filme dirigido por Nuno Rocha.
Confuso? É compreensível. Até porque quando começa a acontecer alguma coisa em A Mãe É que Sabe é provável que o espectador esteja já um pouco, digamos, ausente, pois já lá vai meia película e não aconteceu coisa nenhuma. A não ser a história andar para trás de vez em quando para a protagonista se lembrar da mãe, dos seus conselhos e de mais umas miudezas que hão-de ter a sua importância no resto de entrecho.
A, por assim dizer, viagem de Ana Luísa, é daquelas que permite alterar o presente, mas nem sempre dentro do seu estrito controlo, principalmente quando reúne duas versões do mesmo marido e ainda um segundo, enfim, alternativo, na mesma sala. Uma ideia sem dúvida interessante, que uma realização mediocremente vulgar desperdiça no seu desejo de obediência às convenções.