Presume-se que os oceanos a que se refere o título deste filme de Derek Cianfrance (Blue Valentine, Como um Trovão), baseado no livro da autora australiana ML Steadman, sejam o Pacífico e o Índico, já que a história se passa na Austrália. E como estamos a falar em água, diga-se que se enchia um lago de boas proporções com as lágrimas que este melodrama assolapado consegue fazer derramar aos espectadores mais dados ao género. Ou estou muito enganado, ou A Luz Entre Oceanos é bem capaz de estabelecer um novo recorde mundial de choradeira nos cinemas.
O filme passa-se pouco depois da I Guerra Mundial, numa ilha remota e deserta da costa australiana, onde um ex-militar, Tom Sherbourne (um rígido e hirto Michael Fassbender) se foi instalar como faroleiro, levando a mulher, Isabel (Alicia Vikander), uma rapariga local. Tom e Isabel não conseguem ter filhos e o caldo entre ambos começa a entornar-se. Até que um dia, um barco a remos dá a costa, com um homem morto e uma bebé dentro. Vendo o efeito da criança sobre Isabel, Tom enterra o morto e não comunica às autoridades a existência da menina, fazendo-a passar por filha deles.
Derek Cianfrance carrega sobre os sacos lacrimais do público cavalgando este enredo descaradamente improvável e encharca-Kleenexes ao som da banda sonora martelada de Alexandre Desplat, que deixará impassíveis os ateus do melodrama e fará as delícias dos apreciadores de cinema puxa-lágrimas.
Por Eurico de Barros