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No Irão, a pena para a posse de drogas ilegais, independentemente da quantidade, é a morte. O que não impede o país de ter um enorme problema com a toxicodependência (serão cerca de 6,5 milhões de pessoas presas ao vício, contra um milhão há alguns anos), como se vê em A Lei de Teerão, de Saeed Roustayi, que não contente em ser um filme de acção taquicárdico e asperamente realista sobre a caça a um barão da droga, questiona sem maniqueísmos, de forma clara e sempre bem integrada na narrativa, a repressão policial e a pena de morte como únicas formas de combate ao flagelo, mostra as condições sub-humanas em que vive a grande maioria dos toxicodependentes (ver a tremenda sequência da rusga no imundo “bairro” das condutas de água onde se amontoam homens, mulheres e até crianças), a sobrelotação e a esqualidez das prisões, e as condições sociais que levam muitos ao consumo e ao tráfico (Nasser, o traficante, é simultaneamente criminoso e vítima). O actor e argumentista Payman Maadi, que vimos em Uma Separação, de Asghar Farhadi, é portentoso em Samad, o agente da Brigada de Narcóticos de Teerão cada vez mais descrente na acção do sistema policial e jurídico para ganhar a batalha contra a droga.
A Lei de Teerão é muito mais do que o equivalente iraniano do clássico americano Os Incorruptíveis Contra a Droga.