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Para aqueles que não sabem, o futebol foi inventado na Idade da Pedra, num vale perto de onde no futuro se viria a erguer Manchester. Esta é, pelo menos, a tese de Nick Park, que a defende muito bem defendida em Idade da Pedra, o novo filme de animação de volumes da Aardman, em que uma tribo que ainda vive na Idade da Pedra tem que enfrentar, no terreno de jogo, uma outra mais desenvolvida e sofisticada, já instalada na Idade do Bronze, sob pena de ter que abandonar o idílico vale onde habita e ir trabalhar para as minas do seu adversário.
Primeiro filme realizado a solo pelo criador de Wallace e Gromit, A Idade da Pedra é povoado por uma vasta galeria de desopilantes personagens de plasticina (destaque para o pernóstico vilão, o governador Nooth, e para Hognob, o porcino companheiro de Dug, o herói da fita), e é uma cornucópia de gags em jacto contínuo, onde o humor nonsense anda de braço dado com o slapstick clássico. Park e os seus colegas de argumento não recuam perante nada em termos de humor, desde piadas à base de anacronismos como nos Flintstones, até trocadilhos que pedem ao espectador um bom conhecimento de inglês. A animação tem, aqui e ali, uma ajudinha do computador, mas no essencial, Nick Park continua fiel à tradição artesanal que faz a diferença e a fama da Aardman. Vitória por cabazada cómica.
Por Eurico de Barros