Inexplicavelmente candidato a 13 Óscares, A Forma da Água, de Guillermo del Toro, é uma versão revisionista e politicamente correcta de O Monstro da Lagoa Negra, de Jack Arnold, com um enxerto de A Bela e o Monstro, de Jean Cocteau. Servida por um argumento de onde se ausentaram para parte incerta a mais elementar verosimilhança, coerência interna e sentido do ridículo, a fita falha como monster movie virado do avesso, como fábula poética e como distribuidora de milho cinéfilo para os pardais. A história tem mais buracos do que um queijo suíço, a criatura é pateta na concepção e na caracterização, as personagens são de juntar por pontos, da heroína muda e fofinha (Sally Hawkins) ao vilão odioso (Michael Shannon), e a realização é teleguiada. Uma pepineira sobrevalorizada até ao absurdo.
Por Eurico de Barros