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“O que nasce torto nunca se endireita”, diz o povo. E A Febre das Tulipas, um filme de época baseado num livro da romancista inglesa Deborah Moggach, a autora de O Exótico Hotel Marigold, ilustra perfeitamente este ditado.
O projecto anda de Herodes para Pilatos desde 2004, quando esteve para ser produzido por Steven Spielberg e realizado por John Madden. Dez anos mais tarde, foi finalmente rodado, com Harvey Weinstein à frente da produção e Justin Chadwick a realizar. Desde aí, a estreia tem vindo a ser sucessivamente adiada. Três anos de remontagem e de faz-que-estreia mas-não-estreia depois, A Febre das Tulipas chegou finalmente aos cinemas, e muito tortinho.
A história passa-se na Holanda do século XVII, tendo como pano de fundo a euforia do mercado das tulipas , que levou muita gente a investir fortunas em bolbos desta flor. Quando a bolha rebentou, em Fevereiro de 163, a ruína bateu à porta de muitas casas. Alicia Vikander interpreta uma jovem órfã que deixa o convento onde foi criada para se casar com um rico comerciante de Amesterdão mais velho que ela (Christoph Waltz), e acaba por se apaixonar pelo jovem artista pobretanas (Dale DeHaan) que o marido contratou para lhes pintar o retrato. Ambos concebem um plano que envolve investir no mercado das tulipas, simular a morte da rapariga, e fugir com o dinheiro ganho.
A rigorosa recriação de época contrasta fortemente com a inverosimilhança desleixada e escancarada do enredo do filme, que apresenta marcas óbvias de ter sido montado e remontado, sobretudo na segunda e caótica parte. Vikander e Waltz fazem o que podem, DeHaan é um desastre e A Febre das Tulipas é como aquelas flores muito vistosas mas que secam rapidamente.
Por Eurico de Barros