Este filme é o ‘remake’ americano da fita homónima que o realizador israelita Nadav Lapid assinou em 2014. Maggie Gyllenhaal interpreta Lisa Spinelli, uma educadora de infância de Staten Island com aspirações a ser poeta (até frequenta um curso de escrita poética, mas o professor não tem em grande conta o que ela escreve) e profundamente frustrada na sua vida conjugal e familiar.
Lisa é uma daquelas pessoas cujo aspecto pacífico e voz calma mascaram um interior angustiado e revoltado, sobretudo com a vulgaridade e com a indiferença e hostilidade às coisas da arte e da cultura que ela detecta em seu redor, e das quais é ávida.
Um dia, apercebe-se que uma das crianças da sua aula, o pequeno Jimmy (Parker Sevak), fala de vez em quando como se estivesse a recitar um poema. Lisa começa a transcrever o que o menino diz, e apresenta como seu, na aula de poesia, um dos “poemas” de Jimmy, recebido com agrado e encómios pelo professor (Gael Garcia Bernal) e pelos colegas.
E quando pensamos que Sara Colangelo vai fazer de A Educadora de Infância um filme sobre um adulto que se serve em seu proveito do dom artístico (ou do que aparenta sê-lo) de uma criança, a realizadora leva a história para paragens crescentemente desconfortáveis, já que Lisa projecta em Jimmy as suas frustrações e aspirações, tornando-se cada vez mais possessiva em relação a ele.
Maggie Gyllenhaal é excelente numa Lisa que começa por nos ser simpática mas acaba por se tornar aflitiva e patética, e Colangelo conclui o filme com um anti-clímax que cancela qualquer sensacionalismo.
Por Eurico de Barros