Serpenteante, maquiavélico e perversamente erótico, o novo filme do realizador de Oldboy transpõe para a Coreia ocupada pelo Japão dos anos 30 do século XX o livro Fingersmith, da britânica Sarah Walters, passado na Inglaterra do século XIX, uma história de recorte policial e sensualidade lânguida, envolvendo falsas criadas, falsos nobres, uma herdeira milionária e uma série de reviravoltas, onde os enganadores também podem acabar por ser enganados. A fita multiplica-se em ingredientes, situações e personagens-tipo da literatura popular vitoriana de que o livro de Walters é um consumado pastiche, acrescentando-lhes um erotismo requintadamente asiático. Os actores – em especial Kim Tae-ri na criada e Cho Jin-woong na sua aparentemente ingénua ama – são óptimos, e Park Chan-wook respeita com meticulosidade todas as exigências do género, divertindo-se imenso a fazê-lo.
Por Eurico de Barros