As duas longas-metragens de Tomm Moore garantiram-lhe até agora duas nomeações para Óscar. É um detalhe que vale o que vale, mas tanto The Secret of Kells como A Canção do Mar são bons exemplos de como fazer animação que sai fora da escola americana e japonesa e de juntar imaginário infantil e lendas e trabalhar isso de um modo funcional para os adultos.
A Canção do Mar entra sem pedir licença no universo de Hayao Miyazaki. Fá-lo com propriedade e um tom e história alinhados com as origens de Tomm Moore, fundido a dinâmica do real e os medos das crianças com um universo de fadas e espíritos. Desde muito cedo que cria paralelismos interessantes e, também, desde muito cedo que é tangível que vai andar à volta da união familiar e da relação de um irmão mais velho com uma irmã e destes dois com o pai.
É encantador como as peças se vão juntando e como os dois protagonistas são personagens frágeis que de um modo muito peculiar procuram o seu lugar no mundo e uma forma de reencontrarem uma mãe ausente, falecida durante o parto da filha. Emocionante, mágico e elegante na forma como mistura diferentes imaginários, lendas e criaturas.