O “anjo da morte” que traz um novo princípio
Poderíamos ir até Nietzsche e recordar as premissas que o filósofo alemão deixou plasmadas no conceito de “eterno retorno”. A verdade é que há acontecimentos que parecem, à partida, determinados a suceder novamente. Dez anos depois de ter deixado o cargo de directora artística do Teatro da Trindade, a actriz e encenadora Cucha Carvalheiro regressa ao palco desta casa como uma das protagonistas de A Senhora de Dubuque, celebrada peça do dramaturgo norte-americano Edward Albee, com encenação de Álvaro Correia. O espaço é-lhe familiar. Regressa de forma inusitada, diz, numa “mistura de vontades e encontro de sensibilidades”, e com uma personagem “muito irónica” que há já alguns anos desejava interpretar. A peça, que se estreia a 29 de Fevereiro e se mantém em cena até 21 de Abril, materializa esse momento que é, afinal de contas, de celebração. “Acabamos sempre por voltar aos lugares onde fomos felizes.”
Ainda numa fase embrionária para saber exactamente quais serão as tonalidades do dispositivo cénico criado, a verdade é que a personagem que interpreta tem pontuado de sucesso a carreira de grandes actrizes. No seu caso não será diferente. Enigmática, por vezes vista como “anjo da morte”, a senhora de Dubuque é um exemplo máximo da mestria presente na escrita de Albee. Escreveu-a como alegoria, em 1980, para falar das civilizações decadentes e para abordar a complexidade das relações humanas. É a primeira vez que chega a um teatro português. O encenador Álvaro Correia salienta,