Apego
Não foi preciso estar com muita atenção para perceber que nos últimos anos a cena gastronómica portuense mudou. E muito. E no meio de nascimentos quase espontâneos de dezenas de restaurantes e espaços de restauração, bons e maus, todos os meses, há alguns que desafiam a norma e chegam a bom porto pelo caminho mais arriscado – tal e qual os salmões do Norte que sobem os rios contra a corrente e proporcionam, a quem vê, um bonito espectáculo da natureza.
É a esses restaurantes que mais atenção gostamos de dar. Não só porque exploram novos produtos ou técnicas, mas porque nos divertem à mesa, nos dão experiências e nos criam memórias. E comer, nos dias que correm, é muito feito disso. Assim foi no Apego, um restaurante no topo da Rua de Santa Catarina, na parte mais deserta daquela que é a artéria mais movimentada da cidade.
Obviamente que um trocadilho com o nome não podia faltar, mas a verdade é uma, volta e meia criamos apego às coisas e é chato vê-las partir. Por isso, subam um pouco mais a rua. Afastem-se dos turistas, das compras, dos homens-estátua e entrem no bonito espaço que Aurora Goy, a chef de 29 anos, filha de mãe portuguesa e pai francês, decorou para nos receber. As paredes em pedra, as mesas em madeira, o sofá corrido, os tons quentes e o serviço atencioso. É fácil sentirmo-nos bem por lá, especialmente se a isto juntarmos uma carta curta e um menu de degustação de seis pratos, bonitos e bem feitos, muito em conta (30€). Não digam que não vos avisámos. Não chore