Patrícia Domingues

Patrícia Domingues

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Siri, leva-me ao paraíso: o melhor da Zambujeira do Mar

Siri, leva-me ao paraíso: o melhor da Zambujeira do Mar

A beleza pode ser um conceito relativo, mas não será imparcialidade coroar a Zambujeira do Mar com o título máximo. Não somos os primeiros a afirmá-lo nem seremos os últimos, com a obsessão pela imaculidade alentejana a fazer cabeçalhos de jornais internacionais e a (perigosamente, cof cof) instigar os ricos e famosos a investir naquele que é o luxo dos luxos dos tempos modernos: um lugar onde a rede do iPhone ainda falha. À medida que o calor aperta, a Zambujeira do Mar vai saindo do casulo, acordando resplandecente para os meses de Julho e Agosto (altura em que o festival de música Sudoeste vira a zona de pernas para o ar). Mas não falta o que fazer (também) fora da época alta: os caminhantes, por exemplo, até preferem a Rota Vicentina nos meses mais frescos; e os gulosos, salivam por marisco fresquinho 365 dias por ano.  Eis o melhor da Zambujeira do Mar em 15 pontos imperdíveis. Recomendado: 🏖️ Há paraísos perto de Lisboa para explorar

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Costa Alentejana

Costa Alentejana

Já não se avistam tubarões na Zambujeira, mas a nível de empreendedorismo a aldeia assemelha-se ao Shark Tank. Natural da zona, Daniel Correia abriu a primeira marisqueira aos 23 anos e basta passar às portas dos restaurantes para perceber o sucesso que, no caso, dura o ano inteiro. Pudera, “as pessoas fazem quilómetros para virem aqui comer” percebes, santolas, navalheiras, lagostas, açordas de marisco, porco preto, e a água na boca cresce quase tanto quanto a fila de entrada. O bichinho de voltar à zona e dinamizá-la deu lugar também a uma loja de produtos locais. Descrita como um “mimo aos produtores locais”, tem licores, queijo, compotas, sabonetes de medronho, peças de cerâmica, além do vinho Vincentino. Também pode vir aqui buscar frango assado, hambúrgueres (um deles vegetariano) e todo o marisco vivo ou cozinhado, para levar até ao seu Airbnb e apreciar sem demoras.
Hakuna Matata

Hakuna Matata

É como canta a música: os seus problemas são para esquecer, até porque dormindo num sítio a quatro minutos da praia o que é que realmente nos pode incomodar? O primeiro hostel da aldeia, Hakuna Matata, é o projeto de um jovem casal de nativos da Zambujeira do Mar que depois de alguns anos longe da região decidiu regressar à sua serenidade e criar um conceito que não os tornasse escravos do trabalho. É por isso que são os hóspedes a fazer o próprio check-out e não há receção 24 horas, e os preços (que começam nos 64 euros em época alta) são reflexo disso. Lugar de encontro entre estranhos, palco de primeiros romances (não é por acaso que os casais pontuaram com 9.8 no Booking) e moradia anual de um caminhante espanhol na casa dos 80, dispõe de acomodações amplas em quartos privados e dormitórios com um aspeto cuidado e limpinho, uma cozinha partilhada e uma área comum.
Sunset Café

Sunset Café

Há a Dora, a exploradora, e depois há a Dora, expert dos petiscos da Zambujeira do Mar (ou não fosse a dona do Suncet Café nascida e criada ali mesmo). Antes ou depois de descer para a praia da Zambujeira, esta é uma paragem certeira para petiscos e bebidas de fim de tarde (se quiser começar de manhã é consigo, não estamos aqui para julgar). Com uma bola de espelhos a anunciar o fecho às 4 da manhã, a diversão está garantida a qualquer hora do dia. A começar pela barriga: há choco frito que atrai até os setubalenses, os “melhores caracóis da Zambujeira” segundo a fila para os comer, e um camarão frito que vale não só pelo marisco como pelo molho (é para mergulhar bem fundo esse pão). As bebidas fazem o resto: a imperial cai sempre bem, mas se quiser sair da rotina – está de férias! – aconselhamos a Margarita Sunset (uma mistura de sabores a lembrar um mojito) e a Melanciosca (refrescante e doce na medida certa, além de fotogénica). 
Carvalhal Beach Nature

Carvalhal Beach Nature

If you like piña coladas conhece esta música e também devia saber que este é o sítio certo para as beber. Também tem massagens, aulas de yoga, sunsets e aulas de surf e apresenta-se como um bar ‘pé na areia’ com uma vibe mais jovem a destoar da ambiência mais ‘tradicional’ da Zambujeira do Mar e a lembrar mais ‘férias no estrangeiro’. Vegans, regozijem-se: o menu inclui opções de hambúrgueres ou esparguete à bolonhesa, além das habituais – e omnívoras - tostas de praia, saladas e cachorros. 

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Fado Bicha: "Nós estamos vivas é agora"

Fado Bicha: "Nós estamos vivas é agora"

Sentamo-nos num quiosque lisboeta no dia em que Paula Rego nos deixa e há uma frase sua a surgir mal a conversa começa: “Quando alguém compreende o nosso trabalho, então essa pessoa compreende-nos a nós.” Atiramo-la para a mesa. “O nosso trabalho incide muito nas questões que nos preocupam e nos animam, num olhar político sobre as coisas através de uma perspectiva queer e de dissidência e fala de quem somos e da posição que tentamos ter na vida”, começa Lila. "Mas talvez só quando tiver 80 anos e o nosso trabalho já tenha atingido expressão tal de temas e perspectivas é que possa pensar assim." João completa: "O nosso 'eu' é uma coisa mutável e a arte é estanque" – e se há coisa que não estão é parados. Lançado há uns dias e apresentado este sábado, 25 de Junho, na Praça - Hub Criativo do Beato, Ocupação ancora o sucesso de Fado Bicha, falando de uma urgência queer de viver um presente. “Quanto maior a necessidade mais bruta é a ocupação.” Ocupação: ocupar-se, apoderar-se, invadir. Há desde o início do projecto uma resinificação empoderadora das palavras, como o Bicha que também está tatuado nos dedos de Lila. Que termos ainda faltam? "Os que sirvam para definir a nossa identidade que não sejam insultos", começa João. "Falta vocabulário emocional", diz Lila. "E isso denota uma tendência geral de relegar para um plano inferior as experiências emocionais e a sua importância na tomada de decisões, pessoais e macro." Essa falha, sente-a na pele, quando compõe as canções de Fado B
Lola Herself: a rainha do Arraial Lisboa Pride

Lola Herself: a rainha do Arraial Lisboa Pride

Os dias anteriores pareciam ameaçar os planos, mas naquela quinta-feira Lisboa acordou no pico de um Verão prematuro. O sol brindou o Cais das Colunas por servir os seus antigos propósitos de porta nobre da cidade, quando dava entrada às figuras maiores que visitavam a capital, como a Rainha Isabel II. Aquele mármore que já viveu mais de sete vidas, que surgiu após o terramoto mais destruidor em Portugal, abraça-nos com pedra e cal enquanto Lola Herself surge na proa do barco da Oceanscape como uma sereia com premonições de futuro. A imagem fala por mil palavras: ela é o seu próprio pilar, o seu bote salva-vidas, a maior conquistadora. “A libertação de ter gritado ao mundo que sou uma mulher trans deu-me paz de espírito, tornou a minha vida mais fácil. Hoje eu posso sair de casa de qualquer maneira que eu sou eu”, diz, triunfante, à chegada. Este ano, será ela a apresentadora do Arraial Lisboa Pride, uma oportunidade que usará para sensibilizar as pessoas para as causas da comunidade trans (e para usar o maior número de outfits possíveis). Foi assim que passou o dia anterior à sessão fotográfica para a capa da Time Out Portugal, entre tecidos e agulhas a criar aquele que descreve como um guarda-roupa futurista, feito à sua imagem. Moda e dança sempre foram as suas paixões, tanto que apesar de continuar a actuar como drag pontualmente, está mais dedicada ao Ballroom e à sua House of Bodega. Também está a investir no podcast Razoavelmente Shady, que criou com Tiago Amorim, e q