Porquê Ele?
Com as devidas adaptações de género e circunstância, apesar do seu potencial cómico para os observadores, convenhamos, não costuma ser um grande dia para os protagonistas. Nem dar grandes comédias. Contudo, desta vez, sem ser realmente uma grande comédia, verdade é John Hamburg apresenta um filme em que o riso não é provocado apenas pela boçalidade de certas situações e diálogos, mas também pelo sentido de observação, pela inteligência e pela radicalização de situações vulgares em indutores de riso.
Parece que (descontando a maioria das comédias românticas) não se pode fugir da boçalidade como forma de humor contemporâneo, aliás dominante na cultura pop. Mas talvez, como Hamburg tenta, olhar para ela com ironia e, na medida do possível, domá-la, isto é, fazer dela alguma coisa de jeito, é uma probabilidade realista. É difícil, e o realizador muitas vezes cede à facilidade da piada escatológica-sexual. Contudo, com Bryan Cranston (Ruptura Total) a fazer de pai que sonhou tudo para a filha menos vê-la com a personagem destemperada e sem maneiras nem sentido das conveniências, embora rico até dizer chega, criada por James Franco (a caminho de quebrar o recorde de Kevin Bacon e entrar em tudo o que é filme em produção), actor com mais inclinação para a comédia do que para o papel dramático, o confronto entre sogro e genro chega a ser hilariante e, a espaços, introduzir uma, digamos, reflexão sobre a inutilidade das expectativas paternas.