Marta Brown

Marta Brown

Listings and reviews (91)

Mezze

Mezze

4 out of 5 stars
É justificado o bruaá em torno do Mezze, o restaurante onde quem recebe e cozinha são refugiados do Médio Oriente. O projecto, muitíssimo falado na imprensa quando abriu, em Setembro 
do ano passado, tem a mão da Pão a Pão – Associação para a Integração de Refugiados do Médio Oriente, responsável por uma série de eventos 
e workshops, não apenas ligados à gastronomia. Tem também, lê-se no final da ementa, o contributo de uma série de nomes, mais ou menos conhecidos, da cozinha ao design, da música à televisão. Tanta atenção mediática (merecida, sublinhe-se) tornou o Mezze num daqueles restaurantes cujos primeiros passos foram acompanhados por enchentes de pessoas, com textos e fotografias partilhados e repartilhados nas redes sociais – acresce também o factor popularidade da cozinha do Médio Oriente no país. Tentei lá ir nas primeiras semanas, mas não consegui lugar e esperei então uns meses para o conhecer. Dia de semana, hora do almoço, Lisboa cheia de sol e o Mezze com a sala bem composta. Mesa para duas pessoas junto à vidraça encostada ao Mercado da Arroios e explicação do menu por uma simpática rapariga palestiniana. A carta é longa, dividida em seis menus, três deles vegetarianos, três para carnívoros. Há pratos que se repetem e muitos podem ser pedidos à la carte. Mas graças a uma boa recomendação, partimos para dois menus (14€ e 15€), cada um deles composto por pequenos pratos, com a dose certa para uma pessoa e também uma boa ideia para partilhar 
– afinal é isso qu
KIN Martim Moniz

KIN Martim Moniz

3 out of 5 stars
A nova sala de cozinha asiática 
do bar-restaurante Topo Martim Moniz sofre de um problema que os familiares não têm: a falta de vista. Não há Lisboa iluminada, néons e o castelo a compor o cenário, mas sim o Hospital de São José e respectivas luzes de ambulâncias. No dia em que lá jantei, sofreu também de falta de gente. Não a servir e cozinhar, que aqui até estava equilibrado – quatro clientes para quatro pessoas da casa –, mas à mesa. O resultado foi um jantar numa sala fria e vazia, que nem a música brasileira das colunas ajudou a aquecer. A cozinha faz sentido na zona
 e na Lisboa de 2018, com todos
 os hits da Ásia, da sopa tom yum
 ao pad thai, das gyosas aos spring rolls. Há snacks muito bons, como as gyosas de vegetais (5€), com um recheio delicioso, ligeiramente picante; há snacks assim-assim, como os diminutos spring rolls de camarão (6€), que precisavam de uma massa menos dura e um camarão com mais sabor; e há snacks fraquinhos, como
 os bao com manteiga de wasabi, cebolo e cebola frita (3,50€), o
 pão a enrijecer por fora enquanto arrefecia (congelado?) e a manteiga sensaborona. Interessante o pho beef (15€), com um caldo cheio 
de ervas e especiarias; banal o
 nasi goreng (12€), algo seco e com um frango –socorro-medo, adjectivo outra vez – sensaborão.
 À sobremesa um bolo esponjoso
 de pandan (uma planta), com um gelado de yuzu fortíssimo, também a não convencer. São 30 e picos euros à cabeça com vinhos, num sítio ao qual falta vida. Em todos os aspectos. *As c
Mezze

Mezze

4 out of 5 stars
Launched in September last year in Mercado de Arroios, Mezze is managed by Pão a Pão - an association for the integration of refugees from the Middle East. The menu includes Syrian dishes and breads and is divided in six formulas, three vegetarian and three for meat lovers, all ideal for sharing. After all, that’s what “mezze” means. Not only is it a good meal; it’s a meal with a meaning, since you can learn more about the story of those who work there.
Optimista

Optimista

3 out of 5 stars
Para apresentação à sociedade, o Optimista tem um site onde se dá a conhecer em jeito de manifesto. Lêem-
se coisas como “no Optimista queremos que se sinta feliz. Quando aqui vier, que seja porque o coração aqui se sente bem”; “nestas mesas haverá espaço para comer e beber, para rir, para chorar, para cantar, para oferecer, para propor e para pedir”; “(...) o objetivo da nossa comida é impressionar palatos e corações”. E por aí fora, até se ter a certeza que a mensagem fica gravada: um sítio de optimistas para optimistas. Óptimo. E em duas visitas percebi que não era conversa fiada. Serviço atenciosíssimo, conhecedor e descontraído. A recuperação do espaço, uma antiga loja de maquinaria e ferragens, foi feita com gosto, desde a iluminação das paredes às jarras de flores, dos guardanapos de linho colorido às mesas de pedra. Resultado? O cliente sente-se bem e, por arrasto, optimista. Ah! E é impossível deixar de falar da cabeça de unicórnio pendurado na parede, símbolo, dizem os sócios do restaurante, do optimismo. Mas por mais optimismo que se tenha, por melhor ambiente, por nem sequer haver preocupações se a comida demora ou não – não demorou, note-se –, já que o sítio, mesmo semivazio, é agradável de estar (verdade seja dita, um sítio agradável é o que almejam todos os restaurateurs do mundo), a comida tem de ser boa. E aqui nem tudo conseguiu manter-me na mó de cima (ou seja: optimista). Começo pelo assim-assim. As pataniscas de polvo com pickle de cebola roxa (6€) vinham
La Focacceria Pugliese

La Focacceria Pugliese

4 out of 5 stars
A La Focacceria Pugliese é um restaurante de comida rápida em Campo de Ourique – tão rápida que há um desconto de 10% para quem faz take-away. Abriu há coisa de dois anos num espaço mais pequeno e mudou-se depois para a esquina da Tomás da Anunciação com a Coelho da Rocha, ganhando espaço e diversidade de oferta. Para o efeito, que é servir comida rápida a preços em conta, está ajustado. Nada do que se come é fora de série (incrível ou de perder a cabeça), algumas vezes vezes é requentado antes de chegar
 à mesa, mas nem isso difere de outros negócios do género em Itália (ou das pizzarias al taglio de Lisboa). Falo por exemplo de um panzerotto, semelhante a uma mini-calzone, mas frito em vez
de feito no forno, aqui aquecido antes de ser servido – muito bom diavolo, com chouriço picante, num molho de queijo e tomate, a fazer lembrar um pastel de massa tenra. Há também focaccias, diferentes das que se costumam ver, vindas da Apúlia (zona correspondente ao salto da bota), altas, estaladiças, cobertas com ingredientes – boa a de alecrim, cebola roxa e sal. Interessantes também as cicci farciti, com massa de pizza na base e no topo, mas sem que os ingredientes vão ao forno (só a massa). Gostei da clássica, com presunto italiano, queijo stracciatella, tomate temperado 
e rúcula. Há ainda que cumprir
a quota da burrata, aqui uma burratina de qualidade média. Uma refeição anda entre os 10-15€ por pessoa e em 40 minutos sai-se jantado – tudo o que se
quer num restaurante de comida ráp
The Paleo Kitchen

The Paleo Kitchen

2 out of 5 stars
Na teoria o paleo remete para a comida no tempo dos homens das cavernas, assente apenas naquilo que eles podiam caçar e colher. No Paleo Kitchen, em Picoas, seguem a teoria, mas ajustam-na aos tempos modernos: não há glúten, não há lactose, não há açúcares refinados, não há conservantes, os alimentos são biológicos e o peixe vem de pesca sustentável. O conceito está na moda – trata-se, na mesma, de uma alimentação mais saudável – e prova disso é o restaurante
a rebentar pelas costuras ao almoço, e não apenas composto por carinhas larocas com veia de influencers, mas com gente de todas as idades. Na teoria está tudo certo,
 na prática este paleo deixaria qualquer homem das cavernas enfurecido. Permitam-me que o avalie em dois momentos. Almoço - 1 Estrelas: A refeição começou mal: 13.30 da tarde e já não havia 1⁄3 dos pratos
da ementa. A escolha estava confinada aos wraps, às saladas, a uns zoodles de bolonhesa (noodles de vegetais) e, dos “pratos de autor”, que são uma bandeira deste restaurante, apenas a dois dos cinco da ementa. Fiz o pedido, esperei 25 minutos por um qualquer legume, fruto seco ou colher de sopa que me matasse a fome e em resposta apenas um “desculpe, mas os zoodles acabaram, vai ter de escolher outra coisa”. Novo pedido, um reforço do pedido da sopa e de dois sumos (“estão a ser preparados”). Cerca de 50 minutos depois veio a sopa, um creme de caju e curcuma bom, com algum sabor a coco. Uma hora depois (uma hora!), chegam os substitutos dos zoodles e chego
Cantina Peruana

Cantina Peruana

4 out of 5 stars
Sentada à mesa da Cantina Peruana, no varandim do primeiro andar do Bairro do Avillez, numa noite de semana com casa cheia, apercebi-me de que José Avillez, além de chef, agora também é senhorio. Desconheço, e de nada me interessam, os detalhes contratuais, mas sei que de certa forma o que fez ao abrir as portas de uma das suas casas mais populares (não são todas?) ao chef e amigo Diego Muñoz, e ao afirmar à imprensa que a ementa é toda do peruano e só o ajudou nos acertos de cortes de peixe, na ponte com produtos portugueses e alguns sabores, está, de certa forma, a ser um daqueles senhorios que até dá o nome de um faz-tudo impecável quando arrenda a casa. Mais: todo o site da Cantina Peruana fala em Diego Muñoz, no chef que está aos comandos, Yuri Herrera, também natural do Peru, e isso só confirma a minha ideia. Porém, além do espaço e do staff (com a mesma simpatia da equipa do andar de baixo), da linha de decoração, daquela fluidez de funcionamento presente em todos os restaurantes da marca (acredito que os restaurantes existem para, além de servir refeições, proporcionar experiências, e isso, as casas com selo Avillez conseguem muito bem), aqui a comida é nova para o chef Avillez, para o palato dos lisboetas e até bem diferente até de outros conceitos peruanos que já existem em Lisboa. Delirei com alguns pratos, encantei-me com outros, achei outros assim-assim, mas no geral a experiência chega às quatro estrelas – porque tudo se resume à velha questão “Ó Marta, mas volt
Mez Cais Lx

Mez Cais Lx

2 out of 5 stars
Desconfio que esteja a acontecer à cozinha mexicana (e também à peruana, mas fica para outras núpcias) aquilo que aconteceu à japonesa há coisa de seis-
sete anos (em Portugal): o milagre da invenção e fusão. Qualquer cozinheiro se sente capaz de temperar uma 
carne de frango, carregar nas malaguetas, deitar-lhe um molho em cima, juntar uns gomos de lima e servir o prato. Os portugueses, encantados com esta moda, vão que nem carneirinhos sujar as mãos em tacos, burritos e totopos, sem saber que aquilo que se faz 
no México é um bocadinho diferente. O Mez Cais LX, filho, diz
a imprensa, do Mez Cais no Cais do Sodré, segue essa 
ideia de cozinha mexicana mais tradicional (na teoria), mas à qual falta alma, sabor 
e equilíbrio de ingredientes 
– vá lá que o preço, uns 22€ 
à cabeça com cocktails, 
não é à escala turística. Às dobraditas, isto é, três tortilhas de trigo recheadas com carne de novilho, frango, porco e queijo cheddar, faltaram mais pedaços de carne em todas elas e esperar que o queijo derretesse, para não se tornar numa massa dura. Ao ceviche de pescado com maracujá y habanero, feito com pampo, faltou qualidade no peixe (borrachoso e com aquele cheiro que não vou descrever mas vocês sabem qual é), algum caldo, equilíbrio entre os sabores de maracujá, ají habanero (uma malagueta) e em boa verdade faltou coragem de comer mais de três garfadas... O burrito de porco temperado com molho barbecue (um tex-mex?) era uma argamassa adocicada, talvez pela beterraba, muito líq
Local

Local

4 out of 5 stars
E eis que este Verão o nome André Lança Cordeiro começou a ser falado com frequência pela comunidade de foodies (ou gastrónomos, você decide) de Lisboa. Tudo graças ao Local, o restaurante em open space só com 10 lugares e 18 metros quadrados que abriu no Príncipe Real. Os verdadeiros entendidos da área dirão que já conheciam o nome do chef
 do Palácio do Governador, sítio que marcou o seu regresso a Lisboa depois de vários anos a trabalhar em França e na Suíça. Os que tomam Memofante há vários anos lembrar-se-ão da
sua passagem pela icónica 2780 Taberna, em Oeiras. Eu tenho
 de admitir que apenas comecei
 a ouvir falar do chef cujo nome encaixa que nem uma luva com a área de especialidade quando este se instalou no Ânfora, o
 tal restaurante do Palácio do Governador, espaço que deixou para abrir o Local. Jantei lá num destes dias, gostei da experiência no seu todo, mas permitam-me que me debruce sobre cinco conclusões. 1. Os portugueses ainda 
não sabem estar em mesas comunitárias. O português é desconfiado por natureza. E apesar de este não ser o primeiro nem o último restaurante onde
 é preciso dividir a mesa com desconhecidos, há sempre aquele medo de falar alto, os vizinhos ouvirem e reconhecerem um nome, porque Portugal é uma ervilha. Aconteceu-me dividir a mesa com um casal português
 a primeira meia hora é, não vou suavizar a coisa, desconfortável. Sussurramos ou falamos em tom normal? Dividimos o cesto de pão ou pedimos um para nós? Ouvimos a explicação dos pratos do
Casa de Pasto

Casa de Pasto

4 out of 5 stars
Lembro-me bem da primeira vez que fui jantar à Casa de Pasto. Lembro-me de ficar extasiada com a decoração, de ter passado a noite a descobrir pormenores nas prateleiras, tecto e paredes, daquela meia luz da sala muito bem conseguida e lembro-me até de ter achado piada ao design do menu – confissão: levei-o para casa e tudo. Já não sei ao detalhe o que comi, mas recordo o rissol de berbigão, uns legumes na brasa (agora desconfio que  já fosse o Josper, mas na altura ainda ninguém o tratava por tu) e, o mais curioso de tudo, é que me lembro do preço como se fosse hoje: 28€ por pessoa, por um jantar com umas amigas, alguma comida e vinhos. Estávamos no final de 2013, a Casa de Pasto tinha acabado de abrir portas, e fixei-o porque aliado ao factor novidade, por mais kitsch e descontraída que fosse a sala, este era um  restaurante de chef (Diogo Noronha, relembre-se), onde facilmente se ia jantar com amigos ao fim-de-semana, sem gastar muito. E os preços para esse tipo de cozinha, original, assente em bons produtos e com dedo de autor, sempre foram altos. Voltei lá mais algumas vezes, não decorei mais nenhuma conta, mas sempre encarei a Casa de Pasto como um restaurante ali nos 30/35€, com vinho e sem me atravessar nos cocktails. Três anos depois (final de 2016), Diogo Noronha saiu, entrou Hugo Dias de Castro – diz-me o Linkedin que passou pelo Ritz Four Seasons e pelo Tabik, antes de entrar na Casa de Pasto – e um ano depois (final de 2017, não se perca) voltei lá para conhecer
Ela Canela

Ela Canela

4 out of 5 stars
It could be in a block of any Nordic city, but it is on a corner of Campo de Ourique. It could just promise healthy food, with organic and seasonal products, and just open some avocados, use some granola and it was done. But no: this Ela Canela takes trendy cuisine seriously. It has a short lunch menu, compensated by a long menu of snacks and brunch options, from poached eggs with spinach in a cream cheese toast, and the banana and quinoa pancake with yogurt, honey and granola. Perfect for: convincing your friend that granola can work well on a meal.Must try: the black pearl, the vegan cacao cake with pink pepper.
Ela Canela

Ela Canela

4 out of 5 stars
Se hoje em dia é impossível andar a par da quantidade de restaurantes de alimentação saudável que abrem em Lisboa (por mais lato que seja o conceito), por outro lado é fácil sinalizar os que são bons, autênticos e têm qualidade. Melhor dizendo: que não se limitam a atirar abacate sensaborão esmagado para cima de um pão de forma duvidoso, que por essas e outras receitas similares cobram fortunas e deixam a sensação que no site de uma qualquer guru da moda internacional se encontram melhores ideias para fazer em casa. O Ela Canela, em Campo de Ourique, é um desses casos em que a promessa de produtos biológicos e sazonais, a ausência de alimentos processados e o método de cozinha
 saudável resultam em pratos verdadeiramente gulosos. Tanto que o meu amigo, arrastado
 para um almoço recentemente, começou por atirar que, cito, “este é o tipo de comida que o meu pai dá aos papagaios”, e acabou
a lambuzar-se com um bolo de chocolate vegan (sem ovos), com farinha de espelta e pimenta rosa. Húmido, cheio de sabor, com uma cobertura de chocolate e pistáchios... tudo delicioso. O menu para almoços é curto, tem um só prato de carne, um de peixe e um de vegetais, tanto que os próprios dizem que são mais um sítio para lanches ou brunches (ao fim-de-semana). Mas saí bem satisfeita com o hummus de grão e amêndoa, servido com tostas de pão da Gleba e com o prato de vegetais no forno (cenoura, abóbora e couve flor), com lentilhas e folhas verdes. Bons produtos, bons temperos. Óptima a sopa de c