José Luís Rendeiro

José Luís Rendeiro

Listings and reviews (28)

Vinum

Vinum

4 out of 5 stars
Fiquei a saber há pouco tempo que os críticos de restaurantes de alguns dos mais famosos jornais mundiais já não esperam os três meses da praxe para avaliar um restaurante novo. Nada disso. Graças à pressão da concorrência, as visitas são feitas nas primeiras semanas de vida e não há tolerância para quem comece mal. O que significa que este Vinum, nas Caves Graham’s, até se pode benzer por ser português. Porquê? A primeira vez que aqui vim, o espaço tinha menos de um mês. Não fui com intenções de o avaliar, mas tinha curiosidade de conhecer o sítio, quanto mais não fosse pelo nome e pela família em causa. E foi uma desgraça. Serviram-me um Porto Tónico num copo de Porto e sem gelo. Depois pedi um Dão que tinha visto na cave, e disseram-me que não havia, para logo me sugerirem um vinho 20 vezes mais caro. Isto e um rol de acidentes que pus para trás das costas, na esperança de que fossem coisas que o tempo corrigiria. E corrigiu. A maior parte, pelo menos O Vinum é propriedade da família Symington, que ao longo das últimas 13 gerações tem deixado um enorme legado na produção e promoção do vinho do Porto pelo mundo fora. Já a cozinha e o serviço do espaço foram entregues a um grupo espanhol, a Sagardi, que pelo que percebi está há uns bons 17 anos no mercado. O que ambos criaram no Centro de Visitas da Graham’s, antes de seguirmos para a comida, foi uma sala bonita, com pé direito alto, que tira partido das vigas de madeira e dos pilares de ferro originais. Uma sala de mesas be
Champanheria da Baixa Bistrô

Champanheria da Baixa Bistrô

2 out of 5 stars
Napoleão dizia: “Bebo champagne quando ganho, para celebrar, e bebo champagne quando perco, para me consolar”. Se lhe servissem só bebidas, era pessoa para ter gostado da Champanheria da Baixa Bistrô. O restaurante vem no seguimento do primeiro investimento da Champanheria da Baixa, no Largo Mompilher.
No primeiro bebe-se. No segundo come-se. Tem uma localização privilegiada, junto ao Mercado do Bolhão – numa zona que se está a renovar – e fica num edifício dos anos 50 com personalidade arquitectónica, o que faz com que tudo pareça bater certo quando aqui se entra. Saltam à vista o bonito balcão redondo com uma árvore no meio (apenas verdadeira no tronco), o ambiente quente criado pelo verde escuro das paredes, as mesas com tampos de mármore, douradas nos rebordos, com individuais a condizer e os vasos suspensos com heras desordenadamente a cair nas enormes janelas. Em suma, um trabalho de decoração bem feito. Tem ainda uma mezzanine no piso superior, com seis mesas, também para eventos privados. No entanto, o espaço em cima tem a desvantagem de ser muito escuro. Para ser sincero, lembra-me mais uma brasserie do que um bistrô, mas isso não impede que a decoração do espaço seja muito sofisticada e tenha gosto. Mas quando, numa sala praticamente vazia e com três empregados de serviço, temos
 de os chamar constantemente
se precisamos de alguma coisa, 
só se pode dizer que o serviço é desatento e algo básico. Não há uma simpatia natural de quem nos atende, mas um atendimento algo
LSD Largo São Domingos

LSD Largo São Domingos

4 out of 5 stars
Para os menos informados, LSD quer dizer Largo de São Domingos. Em tempos antigos, a Rua das Flores era conhecida pelos terrenos hortícolas e florícolas que existiam naquela zona. Pouco tempo depois de a rua ser aberta iniciou-se a construção da bonita e imponente Igreja da Santa Casa da Misericórdia do Porto, e muito mais tarde a centenária Araújo e Sobrinho, que brevemente vai dar origem a um novo projeto hoteleiro. Este gastronómico Largo de São Domingos, conta agora, além do DOP e Traça, com o mais recente LSD. Projeto repartido entre os donos da Casa de Pasto da Palmeira e o recém-regressado ao Porto Cândido Pereira (ex-Terra). Saúdo este regresso pois considero-o um dos bons chefes de sala da cidade do Porto. O LSD tem duas salas, divididas pela cozinha e copa. Se na cozinha, primam as madeiras pintadas de creme e o tijolo burro, as salas e portadas apresentam-se em tons mais requintados e quentes de cinza esverdeado, creme nos rodapés altos e castanhos nas cadeiras e sofás num estilo moderno indefinido. Mesas sem toalhas e candeeiros longos com aço a dar modernidade. Copos de boa qualidade para uma lista de vinhos 100% Sogrape. É escusado e é limitador. Ao almoço, menu mais leve e fresco. Por 12€ temos entrada e prato principal e por mais 3€, sobremesa. Experimentámos os espargos com ovo, uma ligação clássica, com o ovo mal passado e clara em gelatina. Os espargos salteados estavam pouco crocantes e algo moles por dentro. Nada de especial. O atum com molho satay foi se
Antunes

Antunes

4 out of 5 stars
A D. Maria Luísa está no Antunes aproximadamente desde os seus 22 anos (e tem a particularidade de ser irmã de um conhecido dragão da cidade). Sempre com a mesma simpatia, afabilidade e sorriso na cara, embora já um pouco cansada destas lides, festejou com toda a alegria e orgulho o recente cinquentenário desta casa. Tal como os macarons da Ladurée em Paris, o puré de Jöel Robuchon ou o coq au vin de Paul Bocuse, o pernil do Antunes, da Rua do Bonjardim, está para durar e deixar seguidores. O pernil de porco assado (15€), em dose generosa para duas pessoas, é fumado, mas não em demasia, com o courato e a gordura a pedirem para não ficar no prato. Temperado com sal e pouco mais, para se sentir o seu genuíno sabor, textura consistente mas macia, a lembrar o fiambre no forno, é tão saboroso que é realmente difícil não gostar. Acompanha muito bem com uma viciante batata assada, ou melhor dizendo alourada no forno, dada a celeridade que se impõe ao serviço, e com um esparregado que, nesta refeição, não estava ao nível da iguaria principal. Seco pelo forno, sem sal e muito longe daquilo que é a receita original. Seguimos para as tripas à moda do Porto (meia dose 8,50€ e à quarta-feira), que na consistência e paladar estavam estupendas, mas estavam pouco ricas. Vinham com frango desfiado e salsa por cima, duas belas rodelas de morcela de boa consistência, pois sente-se o areado da broa, mas tinha bacon em vez de chouriço, faltava a orelheira ou a cabeça de porco e a mão de vitela ap
Shiko

Shiko

4 out of 5 stars
This small venue by sushiman Ruy Leão is inspired by Japanese izakayas, bistros where group of friends go to share plates and have a drink after work. In Shiko’s menu, at Batalha, the majority of dishes are meant to be shared: from yakisoba noodles to sushi, through to the pancake-like okonomiyaki, here stuffed with shellfish. Dive head first and without hesitation, dear reader, before your friend eats it all alone.
Shiko - Tasca Japonesa

Shiko - Tasca Japonesa

4 out of 5 stars
O restaurante Quarentae4 era um dos locais de Matosinhos onde eu mais gostava de comer sushi e sashimi. Quando soube que Ruy Leão tinha partido, no final do ano passado, logo tentei perceber qual iria ser o seu futuro. O primeiro projecto chama-se Shika, é uma mota de street food e a última vez que a vi estava estacionada a servir boa comida japonesa num dos melhores cenários da cidade, o Passeio das Virtudes. O Shiko aparece logo a seguir e tem a originalidade de servir petiscos em pequenas porções num ambiente relaxado e airoso. Em frente à Universidade Lusófona, perto da Praça da Batalha, tem mesas com tampos de mármore, guardanapos de papel, copos que ligam bem com a excelente limonada que fazem e umas almofadas coloridas no banco corrido de madeira que suporta a maior parte dos vinte e poucos comensais que o Shiko consegue albergar, num espaço que tem a desvantagem de ser algo escuro. No couvert (1,90€ por pessoa) provei tofu frito com sésamo preto e branco e um agradável molho agridoce que realça o pouco sabor do tofu; provei tempura de tomate cereja, cujo crocante da fritura ligava muito bem com a acidez sumarenta do tomate; e uma taça com edamame cozido, sal por cima e textura de tremoço a ligar bem com uma cerveja Sapporo geladinha. A meio da tarde, na esplanada, também me parecem ser uma aposta vencedora. Começámos com a tempura de caranguejo (8€), com o caranguejo de casca mole brilhantemente frito, estaladiço, onde tudo se come à mão até à última migalha (fez-me l
Bacalhau

Bacalhau

3 out of 5 stars
Anda aí uma certa empresa nórdica a pagar formações fora de Portugal, desde o final do ano passado, a conceituados chefs da nossa praça, alguns deles até estrelados. O objectivo é tentar criar hábitos de consumo com o bacalhau fresco. Pessoalmente, acho-o muito pouco interessante e sensaborão. Mas, à parte os gostos pessoais, só não está a deixar mais mazelas às tradicionais empresas de bacalhau, que tantas famílias sustentam, porque felizmente os portugueses não estão a aderir a essa moda. Este Bacalhau, que fica, quem diria, no Muro dos Bacalhoeiros, na Ribeira, apela à portugalidade e é também uma loja de vinhos, azeites e queijos. Tem três mesas no exterior, com vistas magníficas sobre o rio e mais meia dúzia delas no interior. Mesas de madeira, copos apenas razoáveis para quem assume a atitude vínica do espaço e mobiliário em madeira clara a fazer lembrar uma mercearia. Fazendo de conta que não vi o bacalhau fresco na lista, iniciamos com os petiscos. Abriu o queijo gratinado com compota de pimentos. O queijo era de vaca, tipo merendeira, tinha sabor muito neutro, sem raça e que apenas compensava com uma deliciosa compota de pimento verde e vermelho, com canela e doçura no ponto. Fosse o queijo mais espevitado e faria um bom contraste. As línguas de bacalhau vinham envoltas num polme muito fofo e estaladiço, mas estavam demolhadas em demasia e tinham pouca gelatina. Pousavam num agradável molho com abóbora, pimento, toque de vinagre, pó de azeitona e salsa. Foi pena. Nos
Brasão Cervejaria Aliados

Brasão Cervejaria Aliados

4 out of 5 stars
É impossível entrar na Rua Ramalho Ortigão – a primeira à direita de quem desce a Avenida dos Aliados – e não reparar nos bonitos toldos em tons de chocolate, nas venezianas e nos pomposos candeeiros pretos de ferro forjado. Modernidade, requinte e bom gosto é o que salta à vista do lado de fora do Brasão, dos mesmos donos d’O Paparico. Mas mal se entra, há um contraste engraçado. Lá dentro, o ambiente é rústico, com madeiras escuras, paredes de granito, algumas com bonitos pratos pintados, um belo painel de mosaico no chão, uns originais candeeiros de latão cobreado e louças de barro vidrado. É um curioso misto de saloon com cervejaria retro sofisticada. Quanto ao acolhimento, não é caloroso nem de uma simpatia esfuziante, mas é eficiente. O menu aponta para petiscos, bifes, francesinhas e alguns mariscos, para acompanhar com uma generosa lista de cervejas nacionais e estrangeiras. Realce para a portuense Sovina, que fez uma edição especial para a casa. Resolvemos experimentar as especialidades devidamente assinaladas e começámos com uma cebola frita com maionese
de alho negro (5€). Este prato é aprimorado, pois a cebola é aberta em forma de flor e é frita inteira. Muito bem frita por sinal, estaladiça e excelente como entrada para partilhar. Para cortar um pouco a sua doçura faltava só a flor de sal depois da fritura. É requintada pelo uso do alho negro, pouco usado em Portugal, e que mais não é que o alho normal (nem todas as espécies são adequadas) que passa por um proces
Flow

Flow

2 out of 5 stars
A decoração contemporânea chama a atenção, o conceito é interessante e a carta não lhe fica atrás. No entanto, a primeira coisa em que vai reparar quando entrar no Flow é no tamanho do restaurante. O restaurante abriu em Dezembro de 2014 e tem três zonas: restaurante, bar com cabine de DJ e pátio. No restaurante pode escolher a carta de cozinha mediterrânica ou sushi. Se quiser fugir à comida com pauzinhos, aposte numa pasta ou num dos pratos de carne (há vários). O bar fica ao lado do retaurante, tem mesas altas mas também pode sentar-se lá a comer. O pátio mais parece um terraço marroquino e é um dos melhores spots da casa. Vá com tempo ou faça reserva...
Flow

Flow

2 out of 5 stars
Marcação feita para as 10.00, logo fui informado que a mesa poderia escorregar para as 10.30. Até aqui tudo bem, pois a gestão de expectativas é importante e só espera quem quer. Chegadas as 10.30 fui informado com uma simpatia artificial, tipo Casa dos Segredos, que ainda estava uma mesa à nossa frente e que teríamos de esperar mais um pouco. Às 11.20, e já estava eu a pensar que ia fazer uma crónica sobre gin, lá apareceu a mesa para o jantar xpto. Pelo menos deu tempo para apreciar o espaço, que é realmente muito bonito e que faz lembrar um riade marroquino. Ou não estivesse integrado numa das alas do antigo armazém da antiga Fábrica de Cerâmica das Devesas, cujo edifício principal, na Rua José Falcão, é um dos conhecidos postaisdacidade.Todoo restaurante e bar contornam um fantástico pátio exterior, com arcadas em forma de ferradura, paredes revestidas a tijolo burro, azulejos ora lisos ora com bonitos relevos, num registo contemporâneo e fresco. Quanto ao mobiliário, uma boa parte é já conhecida para muitos, do antigo D ́Oliva em Matosinhos. Infelizmente, muito pouco há mais a dizer de positivo deste Flow, que contrariando o nome, é tudo menos fluido. Na mesa um cesto de pão de milho e baguete banal e três manteigas com destaque para uma original de laranja e lima. Para meu espanto, antes de as entradas chegarem, retiram a faca de manteiga usada e engordurada e colocam-na novamente em cima da toalha para que possa ser usada a mesma nas mesmas. O verniz começa a estalar.
Oporto Café

Oporto Café

3 out of 5 stars
O irmão mais velho deste novo projecto, o Oporto, já tem uns bons anos de atividade (e fica situado no simpático Largo da Igreja da Foz). Este Oporto Café, no Passeio Alegre, tem umas vistas esplendorosas para a Foz do Douro. Por isso, antes ou depois do repasto, um passeio a pé é mesmo obrigatório. Decoração fresca, relaxada e de muito bom gosto (com um curioso gosto pelos azuis), entre o azul bebé do exterior e os móveis pintados de branco, o azul escuro dos sofás e o cinza-petróleo do bar de entrada que convida a um copo depois do trabalho. Mesas de madeira com individuais vermelhos, algum inox bem integrado e alguns espelhos a dar amplitude à sala. Gostei. A ementa segue pela mesma bitola com vários petiscos e entradas, saladas, massas, risotos e algumas sugestões de pratos, diga-se, mais a sério. Começamos pelo queijo panado com compota (6,5€). Quatro fatias generosas de camambert de uma fritura primorosa e sem sabor a óleos usados que muitas vezes estragam tudo. Acompanhava uma compota de framboesa não demasiado doce e que por esse motivo não arrasava com o sabor suave e acidulado do queijo. Normalmente, as sopas são sempre de legumes e tornam-se desinteressantes por se tornarem todas iguais. E muitas vezes ainda aquecidas e com sabor a frigorifico. Mas aqui destaco a sopa do mercado (2€), muito saborosa, acabada de fazer, com o alho francês em rodelas finas a realçar o sabor do mesmo, com cenoura, batata e um sabor a bom azeite. O risoto de abóbora, camarão, agrião e l