Benjamin Clementine de regresso a Lisboa
Benjamin Clementine dá um concerto no Campo Pequeno na quinta-feira. Traz o segundo disco, I Tell a Fly.
“E então, do nada/ Do nada absoluto, nasci eu, Benjamin,/ Para que, quando um dia me tornar alguém,/ Me lembre sempre que vim do nada”, canta Clementine em “Condolence”. O vácuo absoluto não existe, mesmo no abismo negro entre as estrelas, e na sua viagem a caminho deste planeta Clementine foi absorvendo materiais heteróclitos: música para piano impressionista ionizada, chanson francesa em estado gasoso, ecos deformados de synth pop, estilhaços de música barroca, pulsações minimal-repetitivas, música de câmara sideral.
Um músico dito normal não saberia o que fazer com esta colecção de bizarrias, mas Benjamin Clementine, que aterra quinta-feira no Campo Pequeno, tem talentos sobre-humanos: o dele é o de dar coerência e sentido a elementos que as leis da Física ditariam ser irreconciliáveis.
O álbum de estreia, At Least For Now, de 2015, assentava na voz e no piano, com um baixo e uma bateria a dar impulso adicional a algumas faixas e uma secção de cordas a providenciar dramatismo. Foi distinguido com o Mercury Prize de 2015.
Alguns dos que o saudaram, contudo, receberam com reserva a estranheza ainda mais retorcida de I Tell a Fly, de 2017, em que o piano passou a partilhar o protagonismo com electrónica e cravo (uma ave rara no pop-rock), os floreados e maneirismos vocais se tornaram mais extravagantes e o espectro atmosférico se dilatou para abarcar uma teat