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Diz que decidiu escrever a partir da cicatriz. Não para esconder feridas, que não hesita em falar delas. Apenas para não atropelar outros de caminho e chegar a um lugar mais sereno para si. A vida pessoal e artística, as aventuras e os amores, o fado, os poetas, as dores, o desencontro com o país que escolheu mas onde sente que nunca foi escolhida, a doença que fez da morte um tema obsessivo em vida – tudo isso será tema do livro autobiográfico a editar no início de Junho e onde cada capítulo está indexado a uma música deste disco. Chama-se Animal Sentimental, assinala 30 anos de carreira de Mísia e soa a balanço dos 66 anos de vida de Susana Maria Alfonso de Aguiar. Os arranjos e a direcção musical são de Ricardo Dias, a produção é do alemão Wolf-Dieter Karwatky, engenheiro de som com seis Grammys no currículo, e a capa é um retrato assinado pela pintora francesa Anne-Sophie Tschiegg. Nesta entrevista, limitamo-nos a seguir o alinhamento, canção por canção, para tentar decifrar o projecto maior, feito de várias peças, incluindo um espectáculo único com cenografia de Tiago Torres da Silva, esta sexta-feira, 27 de Maio, no Museu do Oriente. O resto é conversa que vai acontecendo.
1. Vou Pedir-te Um Coração
Letra: Tiago Torres da Silva / Música: Fado Perseguição
Podia ser dedicada ao público. Há certas coisas que não são tão evidentes quanto parecem à partida, não é? Vou pedir-te um coração, vou pedir-te que sejas sensível, vou pedir-te que sintas. Todo este projecto está à vo
Poucos areais ao longo da costa portuguesa oferecem imagens tão dignas de postal quanto as praias da Arrábida. As águas cristalinas rodeadas de vegetação e areia branca fazem roer de inveja qualquer um. Este paraíso, a menos de uma hora de Lisboa, mudou recentemente o jogo das acessibilidades durante a época balnear. Isto para evitar grandes congestionamentos de trânsito e condutores preguiçosos e pouco habilidosos que teimavam em bloquear a estrada de acesso às praias com estacionamentos em ambas as bermas.
O programa Arrábida Sem Carros | Praias de Setúbal para Todos põe em acção um plano, que arrancou a 1 de Junho e vai até 15 de Setembro. Para aceder às praias de Galapos, Galapinhos e Creiro, terá de o fazer a partir de Azeitão ou a partir de Setúbal, via Azeitão, devendo deslocar-se a pé a partir do Creiro ou através de modos suaves de transporte, como trotinetas e bicicletas. Além disto, mantém-se o condicionamento de trânsito automóvel às praias de Albarquel, do Creiro e do Portinho da Arrábida, devido à limitação de estacionamento naquelas áreas e por se tratarem de acessos sem saída.
Resumindo, ou dá uso às perninhas que lhe deram e passa as cancelas vermelhas, que impedem a passagem dos carros e são vigiadas pela polícia, ou apanha boleia dos autocarros que fazem as travessias de uma ponta à outra. A Transportes Sul do Tejo tem carreiras (abrangidas pelo passe Navegante) de vários pontos de Setúbal e da Brejoeira (Azeitão), assegurando as lig
A poucos dias de completar 44 anos, Tiago Rodrigues acaba de ser reconduzido para um terceiro mandato como director artístico do Teatro Nacional Dona Maria II. Este é o resumo possível de uma conversa longa e sem grande guião, mediada pelo ecrã como todo o teatro possível por estes dias. Uma sessão de zoom em que o Prémio Pessoa 2019 fala de política cultural e de intervenção cívica, da cegueira e da lucidez adiada, de Catarina e a Beleza de Matar Fascistas, de tudo o que a pandemia ameaça matar e da explosão criativa que já estamos a viver à conta dela. De caminho, confessa que roubou umas quantas frases a Sófocles e pede encarecidamente que não vamos chatear o Camões.
Estamos a falar hoje porque ontem trocou o compromisso connosco por uma reunião com a ministra da Cultura. Ao menos traz boas notícias?Acabou por ser um compromisso mais com outros parceiros, incluindo os outros teatros nacionais, para analisar o impacto deste confinamento. Desde Março passado temos tido reuniões regulares para partilhar soluções, ideias e esforços que permitam responder a este momento calamitoso. Ontem foi dia de tomada de decisões sobre como é que vamos gerir os trabalhos. No TNDMII mantemos a mesma política de honrar os compromissos com a equipa da casa e com as equipas que nos visitam. Tentar absorver o máximo de impacto da crise para que ele se estenda o mínimo possível aos profissionais. Neste momento, embora a lei permita que se façam trabalhos presenciais essenciais, como ensaios e mon
A história dos Óscares tem um extenso capítulo reservado aos esquecidos e aos injustiçados. Sempre que uma nova cerimónia se aproxima, repetem-se as discussões sobre o tema e sucedem-se as listas dos erros, omissões e disparates mais gritantes na história da Academia. Normalmente, a atenção recai sobre os filmes, as interpretações e as realizações que não tiveram o reconhecimento merecido. Aqui, esquecemos os momentos em que Hollywood fez vista grossa e concentramo-nos nas vezes em que fez orelhas moucas. Eis sete casos escandalosos de criações musicais que entraram na história do cinema e da música popular, mas que nem sequer mereceram uma nomeação ao Óscar.
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As grandes canções do cinema sempre ecoaram muito para lá dos créditos finais. A lista de composições para filmes que ganharam vida própria é infindável, mas aqui procuramos as que alcançaram maior popularidade e o critério é só um: vamos à procura das canções que acumularam a distinção máxima da Academia com a liderança dos tops de vendas. Para referência, usamos a Billboard Hot 100, a mais importante tabela dos Estados Unidos e, sempre que possível, vamos espreitando também como cada canção se comportou no top português. Significa isto que estamos a olhar apenas para os últimos 60 anos, o tempo de vida da Billboard Hot 100, e não para todas as distinções de Melhor Canção Original, que a Academia de Hollywood criou em 1938.
Comparando a lista de canções que venceram o Óscar com aquela que alcançou o n.º1 do top, percebemos que a música para cinema já conheceu dias mais populares. Se na década de 80 as duas listas praticamente se confundiam, nos anos seguintes tornou-se cada vez mais raro encontrar uma canção que somasse Óscar e top. Eis os 17 casos em que isso aconteceu.
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Eles divertem-se. Isso fica mais ou menos claro no videoclipe do single de estreia e torna-se descaradamente evidente nesta conversa. Tiago Norte, o DJ e produtor que assina como Stereossauro, e João Cabrita, o músico que com o tempo dispensou o nome próprio, reuniram-se para formar Cachorro sem Dono, projecto nascido na casota do confinamento e que agora se mete à estrada para vadiar sem trela.
Cachorro Sem Dono apresenta-se como um projecto narrativo. Dito de outra forma, é música instrumental com um enredo, em que cada tema é uma espécie de banda sonora para um episódio diferente. No centro desta trama estão Roy Vides e Niniko Salvaca, dois detectives privados que aceitam casos bizarros para irem mantendo a conta do bar. São personagens com um passado pouco claro e a informação sobre os dois não abunda. Sabemos que têm pouca sorte, que sofrem ambos de défice de atenção, que partilham uma estranha fixação por pássaros. E pouco mais.
Descanse quem já ache tudo isto demasiado elaborado. Cachorro sem Dono é um projecto em construção, cheio de vontade de ser muita coisa sem que nada esteja fechado à partida, aberto ao improviso e a alguma palhaçada. Mas no princípio de tudo está o encontro feliz entre dois criadores: Stereossauro, o DJ que selou a amizade entre o fado e o hip-hop no notável Bairro da Ponte (2019), e mais recentemente se aproximou à pop com Desghosts & Arrayolos (2021); e Cabrita, o saxofonista que ao longo de trinta anos deixou a sua assinatura em dezenas de pr
Não haverá muitos nomes assim, que tanta gente tenha inscrito nas prateleiras lá de casa e não saiba bem quem é. Não é dizer de Mário Barreiros que é um desconhecido, longe disso. Simplesmente não é tão popular quanto o seu trabalho. É sobretudo um músico famoso entre os músicos portugueses e lendário entre quem presta atenção aos detalhes da música portuguesa. O nome está gravado em mais de 300 discos, em muitos deles creditado como produtor e engenheiro de som, e entre esses estão alguns dos maiores marcos da pop-rock portuguesa das últimas décadas, de Mingos & Os Samurais, de Rui Veloso, a Viagens, de Pedro Abrunhosa, de Silence Becomes It, dos Silence 4, a O Monstro Precisa de Amigos, dos Ornatos Violeta.
Mas Mário é bem mais que isso. É um instrumentista dotado, um compositor inspirado, é fundador dos Jafumega, é membro de The Gift e um apaixonado por boa música pop. E é, sobretudo, um grande músico de jazz, a sua escola maior, aonde regressa agora com um disco em nome próprio, o primeiro em 15 anos. Chama-se Dois Quartetos Sobre o Mar e reúne duas formações montadas ao redor da sua bateria. O Quarteto Pacífico, com Carlos Barretto (contrabaixo), Abe Rábade (piano) e Ricardo Toscano (sax alto); e o Abissal, com Demian Cabaud (contrabaixo), Miguel Meirinhos (piano) e José Pedro Coelho (sax tenor). O ponto de partida e inspiração para esta criação colectiva foi um documentário sobre o futuro ameaçado dos oceanos. Daí, explica o próprio Barreiros, “foi nascendo este trabalh
Não haverá muitos nomes assim, que tanta gente tenha inscrito nas prateleiras lá de casa e não saiba bem quem é. Não é dizer de Mário Barreiros que é um desconhecido, longe disso. Simplesmente não é tão popular quanto o seu trabalho. É sobretudo um músico famoso entre os músicos portugueses e lendário entre quem presta atenção aos detalhes da música portuguesa. O nome está gravado em mais de 300 discos, em muitos deles creditado como produtor e engenheiro de som, e entre esses estão alguns dos maiores marcos da pop-rock portuguesa das últimas décadas, de Mingos & Os Samurais, de Rui Veloso, a Viagens, de Pedro Abrunhosa, de Silence Becomes It, dos Silence 4, a O Monstro Precisa de Amigos, dos Ornatos Violeta.
Mas Mário é bem mais que isso. É um instrumentista dotado, um compositor inspirado, é fundador dos Jafumega, é membro de The Gift e um apaixonado por boa música pop. E é, sobretudo, um grande músico de jazz, a sua escola maior, aonde regressa agora com um disco em nome próprio, o primeiro em 15 anos. Chama-se Dois Quartetos Sobre o Mar e reúne duas formações montadas ao redor da sua bateria. O Quarteto Pacífico, com Carlos Barretto (contrabaixo), Abe Rábade (piano) e Ricardo Toscano (sax alto); e o Abissal, com Demian Cabaud (contrabaixo), Miguel Meirinhos (piano) e José Pedro Coelho (sax tenor). O ponto de partida e inspiração para esta criação colectiva foi um documentário sobre o futuro ameaçado dos oceanos. Daí, explica o próprio Barreiros, “foi nascendo este trabalh
O taxista mirou-o pelo retrovisor. “Sabe, há uma canção sua em que penso muito. Aquela de estar à espera do comboio na paragem do autocarro. Senti-me muitas vezes assim na vida.” Sérgio Godinho conta o episódio, sensibilizado. É a primeira coisa que faz, mal se abeira de nós, junto ao Museu do Aljube, vindo do lado de lá da rua, onde o táxi o apeou. Diz-se feliz por ser abordado assim, por haver quem lhe diga coisas simpáticas sobre ele e as suas canções, e a partir daí vai encadeando conversa, primeiro aqui fora, depois lá dentro, na casa que guarda a memória da Resistência e da Liberdade. A própria entrevista começa já em andamento, recordando uma outra, pesando o tempo que passou, mesmo se Godinho, no desassossego dos 75 anos, continue mais interessado em tirar as medidas ao tempo que aí vem. O pretexto é o espectáculo marcado para 23 de Março, véspera da data em que a democracia vai celebrar tantos dias de vida quantos a ditadura levou para morrer. Mas a conversa segue felizmente à deriva, umas coisas a propósito de outras, todas elas ancoradas em canções. E toda a gente sabe que haverá poucas situações da vida que não encontrem ressonância numa canção de Godinho. Mesmo que seja um taxista à espera do comboio na paragem do autocarro.
A última vez que falámos foi sobre o disco Nação Valente [2018]...Foi ali em baixo, junto ao rio...
Exacto.Tenho boa memória.
Já passou algum tempo.Já não sei o que é o tempo. O tempo é tão subjectivo
A maior parte do que aqui se escuta é história antiga. E isso acontece por duas razões. Primeiro, porque estas coisas demoram o seu tempo a assentar na memória e a tornar-se património comum; segundo, porque isto é um desporto de nostalgia a que só com a idade se começa realmente a achar graça. Esta é a segunda parte de uma lista maior dedicada às melhores músicas de genéricos de série de sempre: a primeira parte foi dedicada às canções, aqui temos os instrumentais. Por “melhores”, deve entender-se as que ficaram gravadas mais fundo no imaginário colectivo. Isso significa, desde logo, que apenas estamos a falar de produção anglo-saxónica, desde sempre dominante no espaço televisivo. E, também, que nada disto é ciência certa e que é tudo feito a partir de um exercício relativo de saudosismo que, por definição, varia consoante quem o faz. O mesmo é dizer: façam o favor de discordar, fazer acrescentos, correcções e, inevitavelmente, concluir que “estes gajos não percebem nada disto”. Até porque esta é uma das poucas discussões que, em vez de acabar aos gritos, tende a pôr toda a gente a cantarolar melodias com na-na-na-na-nãs.
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Está longe de ser a melhor colecção de nomeações ao Óscar de Canção Original. Mas como sempre acontece em Hollywood, entre os candidatos deste ano há histórias para contar e curiosidades para anotar. Há uma veterana recordista de nomeações que nunca ganhou e volta a tentar a sua sorte à 13.ª, há jovens estreantes que se arriscam a ganhar à primeira, há Beyoncé e Billie Eilish à conquista da Academia depois de dominarem nos Grammys, há uma canção sobre lagartas que deixa meio mundo de lágrima ao canto do olho. E o Óscar de Melhor Canção Original vai para… Billie Eilish! (Ainda não era para dizer?)
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Em “Ginger Ale”, canção que compôs para o Festival da Canção deste ano, Joana Espadinha confessa-se assoberbada. “E se o multitasking nunca tiver fim?” Não será ela a cantar, mas podia bem ser, até porque tudo o que escreve, reconhece, é mais ou menos autobiográfico. Foi assim que nasceu o terceiro álbum em nome próprio, pensado e gravado durante o primeiro confinamento, que foi também o tempo da primeira gravidez. Um exercício terapêutico de pop inteligente, apoiado na escola do jazz e numa escrita sólida, com aquela graça que se alcança rindo das coisas sérias. O disco será finalmente apresentado em palco na íntegra, quando já se começa a desenhar o sucessor e se acumulam encomendas de composição para outros. Para mais tarde fica a ideia de editar os contos e os poemas que escreve sem pôr música em cima. Por agora, o multitasking tem limites.
Ficamos bem aqui fora?Estou fechada em casa desde dia 1. Covides, isolamentos... isto sabe-me pela vida...
Mais um isolamento? Isso vai dar novo material para escrever, calculo.[Riso] Sim. Mas é preciso tempo... Eu, material tenho sempre muito. O problema, desde que fui mãe, é conseguir tempo para me organizar. Exige alguma procrastinação, ter um dia inteiro para compor... isso nunca acontece.
Estava a ouvir a tua música para o Festival da Canção deste ano, que saiu há pouco. A terapia continua, não é?Sempre! E nessa canção vê-se.
Digo isto porque já te ouvi dizer sobre a tua música, e sobre este último disco em concreto, que é um exer
Estamos no limite sul de Porto Côvo, ainda no centro mas resguardados, e para trás estende-se um horizonte de campo aberto. “Um sossego mesmo no pico do Verão”, promete André Teixeira, metade do casal que uniu as três casas que aqui havia para criar um novo hostel cheio de pinta. Recuperaram a traça, devolveram-lhe o branco, azul e vermelho que a tradição manda, aplicaram umas portas de madeira bruta. Lá dentro, seis quartos duplos independentes, dois com varanda, todos com muita luz, confortáveis, chão de madeira e decoração feita de detalhes de conforto. O Ocean House Alentejo esteve para abrir em 2020, mas depois o mundo suspendeu-se. “Ainda arrancou em Outubro, acolheu gente no fim de ano, fechou em Janeiro”. Resumindo, é quase a estrear. Em baixo, uma sala aberta com cozinha. É aqui que preparam os pequenos-almoços, servem o pão que Vânia Chu – a outra metade desta dupla – faz de véspera com massa mãe, doces caseiros, queijo da região. Nas traseiras há uma pequena horta, ervas aromáticas a perfumar uma esplanada orientada a sueste, boa para terminar o dia, perfeita para o ver nascer. Há bicicletas e pranchas de stand up paddle para quem lhes quiser dar uso. Afinal, estamos a dois minutos do mar.
O Monte da Bemposta nasceu num dos lugares mais inacreditáveis do Alentejo. Estamos no planalto a sul de Porto Côvo, logo além do Forte da Ilha do Pessegueiro. Onde outrora havia uma exploração de porcos, plantou-se uma correnteza de casas rasas, forradas de um conforto irrepreensível, decoração rústica minimal, detalhes cuidados. São dez estúdios mezzanine (até três pessoas), cada um com o seu pequeno pátio frente ao mar, alinhados até à casa principal, onde encontramos mais um apartamento T3 (até seis), um estúdio e uma suíte. Lá mais adiante no terreno, há outros três estúdios para dois. Excepção feita à suíte, todos os alojamentos são independentes, equipados com kitchenette. Tudo isto em traça alentejana, com aquela geometria meridional de casas brancas, moldura azul, vermelho nas portas e na esquadria das janelas. Frente à casa há uma boa piscina, mais além dois campos de paddle, resguardados no eucaliptal, adiante um espaço cercado onde burros, lamas e alpacas vagueiam. São oito hectares de paraíso litoral, sossego garantido, muito espaço livre e o mar à vista de todos os pontos.
Quando as instruções do compositor são seguidas, a 8ª sinfonia de Mahler exige uma orquestra com cerca de 120 músicos, dois coros com um mínimo de 32 cantores cada, oito solistas vocais e um coro infantil. Chamam-lhe “sinfonia dos mil”. É mais ou menos o mesmo que sucede com o Belmond Reid’s Palace. No histórico hotel da Madeira, para que tudo corra em harmonia e a tempo, há centenas de pessoas que todos os dias seguem a mesma pauta. A diferença é que aqui apenas vemos os solistas e pouco mais, que o resto da orquestra toca nos bastidores e só se assoma à boca de cena se for chamada a isso. No Reid’s tudo é serviço e o serviço quer-se assim: afinado, a compasso de metronomo, mas sempre discreto e sem ruído.
O edifício é um monumento com quase 127 anos de história. Ergue-se no lugar antes conhecido por Salto do Cavalo, uma falésia rochosa onde William Reid sonhou construí-lo. Reid, um escocês que chegou à Madeira com apenas 14 anos e aqui fez fortuna na importação e exportação de vinhos, fertilizou este terraço natural, ajardinou a superfície rochosa e criou um espaço único com uma vista dramática sobre o oceano e a baía do Funchal. Depois iniciou a construção que não chegou a ver concluída. As portas abriram dois anos depois da sua morte, a 1 de Novembro de 1891, ainda Mahler andava às voltas com a 2.ª Sinfonia.
Na melhor parte do dia, só se ouvem os pássaros. Quando se calarem os pássaros, hão-de ficar as cigarras. E se acaso também elas se calarem, o mais certo é que comece a ouvir o som da própria barba a crescer. Na Herdade da Matinha há uma promessa de sossego que nos recebe à chegada e se cumpre à medida que o vagar se instala em nós. Estamos um pouco além do Cercal do Alentejo, três quilómetros de terra batida campo adentro, num refúgio acoitado entre montes. Só se chega aqui de propósito, só se sai daqui contrariado.
A Herdade da Matinha é um turismo rural aconchegado por uns cem hectares de sobro, oliveiras e um pinhal de 14 mil árvores que foram sendo plantadas à medida que se foi erguendo a casa principal e foram multiplicando os 22 quartos que hoje ocupam o lugar da velha casa do lavrador, da vacaria e do celeiro que aqui existiam. Em breve, talvez lá mais para o fim do ano, serão 34. Sobre as estruturas originais, Alfredo e Mónica começaram a desenhar tudo isto em 1994. Explique-se que isto de tratar os proprietários pelos nomes próprios – ao Alfredo Moreira da Silva, que sabemos ser artista plástico de formação e chef por vocação, e à Mónica Beleza, de quem sabemos vagamente que já trazia alguma experiência do turismo – não é excesso de intimidade: com ele não falámos mais de dois minutos, ela nem tivemos ainda o prazer de a conhecer. Mas é assim que tudo acontece aqui, pelo mais simples e informal.
“Um destino a menos de uma hora, com sossego de campo e vista de mar, que dê para namorar mesmo levando gaiatos atrás, com boa oferta de restaurante, serviço bastante para não ter de pensar em nada e aquele equilíbrio difícil entre luxo e informalidade, que eu também não me quero sentir que estou num cruzeiro para a terceira idade”. Se anda à procura de uma escapadinha e estes critérios de pesquisa podiam ser seus, esta hotel é para si. Se não, na verdade também pode ser.
O Marriott Praia D’El Rey fica plantado numa falésia sobre o mar, com uma praia aos pés e o pinhal às costas, ali mesmo junto a Óbidos. Tem 177 quartos, nove dos quais são suites, uns com vista para o mar, outros para o campo de golfe e os jardins, todos com comodidades de luxo, terraços e varandas privativas. Tem uma piscina interior reconfortante e uma piscina exterior desafogada, com dois bares de apoio (um para si, outro para os miúdos); tem um ginásio com aulas de personal trainer se quiser combater a culpa do ócio; um serviço de spa com sete salas individuais de tratamentos e uma para casais que aconselhamos vivamente a desfrutar sem culpas enquanto empandeira a canalha para o Kids Club, que promove actividades para gente dos três aos 11 anos. E tem uma oferta de restauração bastante para encorajar o sedentarismo. Soa bem? Ainda bem.
O chão em madeira tem mais de cem anos, os azulejos terão mais de 200, as cantarias do portal já contam uns 400, as fundações da casa têm séculos e há vestígios milenares de uma coluna dórica a suportar o átrio de entrada e de uma muralha romana que atravessa os quartos. O mais recente hotel de Évora ocupou o lugar do mais antigo que a cidade tinha e herdou toda a sua história.
Chama-se Noble House, nasceu onde antes existia a velha Pensão Policarpo que ali abriu portas nos anos 20, e é uma síntese perfeita do melhor que Évora é: um lugar que se reinventa ao longo das épocas, em sucessivas camadas de memória, integrando o antigo em tudo o que nasce de novo.
A Quinta dos Machados Country House & Spa, de seu nome completo, fica a 39 quilómetros do centro de Lisboa (que, como é do conhecimento geral, fica no n.º 10 da Avenida Liberdade), encostado à Tapada de Mafra e junto à aldeia de Gradil. Tem 29 quartos,distribuídos entre um edifício classificado que é sede da quinta, e um outro recente, a Ala Relax, onde cada alojamento oferece “uma decoração temática, relacionada com acontecimentos relevantes da zona e com diferentes estados da alma.” Na nossa visita, experimentámos o Sexy Room, nome que não se crê relacionado com qualquer acontecimento relevante da zona nem deve ser demasiado associado ao estado de alma que evoca. Porque tudo na Quinta dos Machados prima pela sobriedade, num equilíbrio bem conseguido entre o perfil rural da propriedade, o gosto pelo mobiliário vintage e uma decoração despojada. E os quartos não são excepção.
“É a grande estreia do meu disco de estreia, mas está longe de ser a minha estreia.” Quando perguntamos a Ana Margarida Prado pelo concerto que vai dar no Maria Matos, ela sai-se com este jogo de palavras certeiro. Simplifiquemos: esta segunda-feira, 21 de Outubro, faz-se a primeira apresentação numa grande sala de Laço, o primeiro registo de estúdio de uma voz já amadurecida por anos de estrada e casas de fado e com uma carreira internacional que se começou a desenhar ainda em 2011. O disco foi integralmente escrito por João Monge.
A primeira razão para adivinhar uma grande noite de segunda-feira é esse Laço e o encontro a dois. De um lado Ana Margarida Prado, que é dos segredos mais mal-guardados do fado de Lisboa e que andou muito para aqui chegar. Desde que para aqui se mudou, vinda de Oliveira de Azeméis, ganhou lugar no melhor circuito da cidade, passando pela A Severa, Sr. Vinho, Adega Machado, o Fado ao Carmo (onde é residente às quartas-feiras) ou a Maria da Mouraria (quintas-feiras). Do outro lado, João Monge, um dos poetas mais celebrados no cancioneiro português dos últimos 40 anos – nome que soa vagamente familiar a tanta gente, mas que já devia ser topónimo de praça. Depois vêm as outras razões todas.
Ana Margarida Prado diz que quis “apostar as fichas todas nesta noite”. E são muitas. Pelo palco, em diferentes momentos e formatos, vão passar Mário Laginha (que assina um dos fados do disco), Camané e Carlos Bica – um ilustre trio de talento e amizades cruzadas q
As solicitações abundam e a agenda de Carlos Moedas não está de feição. Ainda assim, exactamente um mês após a tomada de posse, o novo presidente da Câmara de Lisboa recebeu a Time Out no seu gabinete, nos Paços do Concelho, para a primeira grande entrevista desde a inesperada vitória nas eleições autárquicas. Duas condições à partida: 45 minutos contados (mais 15 para as fotografias); e uma conversa concentrada em Lisboa, que a vontade não é de comentar a crise política nacional.
Na entrevista, que chega às bancas esta sexta-feira, 26 de Novembro, com a nova edição da Time Out Lisboa trimestral, Carlos Moedas não põe datas em nada. Quer é “coisas bem feitas”. Não põe datas no orçamento, nem nos passes grátis, nem no fim da ciclovia na Almirante Reis. Pede a suspensão da construção da linha circular do Metropolitano e explica como ainda se vai a tempo de rever o projecto; reconhece que há uma percepção pública de corrupção associada ao urbanismo e admite fazer auditorias nessa área; e defende que o programa de rendas acessíveis tem de dar prioridade a quem é de Lisboa.
“Como toda a gente tem acesso a candidatar-se à renda acessível, aquilo acaba por ser um totoloto. Temos de mudar algumas regras, e essa é uma delas: a renda acessível tem de ser só para pessoas que vivem ou viveram em Lisboa, imagine, dez anos, e depois foram obrigados a sair porque já não tinham dinheiro para pagar renda aqui. Esses deviam ter prioridade no concurso”, afirma Moedas. “Eu sou presidente da Câm
A cantora dá um concerto 360º, que promete proximidade ao público e panorâmica sobre uma década. Para saber tudo, repetimos perguntas feitas há um ano.
A meio da conversa, dá-lhe para cantar. Estamos às portas do Coliseu, a sala onde Márcia se há-de estrear daí a uns dias, ao fim de uma década de carreira em nome próprio. O tempo voa. E agora faz meia hora que falamos, vamos a meio de uma conversa que repete temas com mais um ano, quando pela primeira vez nos sentámos à volta do seu último álbum, Vai e Vem. E aí, a meio, dá-lhe para cantar. No gravador de entrevista fica todo o poema de “Cajuína”, a história do encontro emocionado de Caetano Veloso com o pai de Torquato Neto, o amigo e poeta tropicalista que se suicidou nos inícios de 70.
Já viste? Olha se ele não escrevesse isto? Ele diz ali tanta coisa que eu e milhares de outros pensamos sobre a vida. É por isso que nos relacionamos com a música, porque faz-nos entender o mundo, faz-nos aceitar as nossas limitações, a vida. Esse é um papel muito justo da música. Fazer-te sentir acompanhado. Faz parte de uma certa cura. Gosto de sentir que a minha música alcança isso. Acho que isso não te disse há um ano...
Não tinha dito. Mas a pergunta era mais ou menos a mesma, e a resposta também, ambas repetidas dessa outra conversa em que falávamos sobre Vai e Vem, o seu quarto álbum. Então como agora, perguntávamos se sentia necessidade de fazer a sua música intervir mais sobre o mundo em redor. Agora, como então, ela respondia que n
Perguntar não ofende e ainda bem. Caso contrário, os funcionários dos postos de turismo dos Açores chegavam ao fim do dia magoadíssimos. Aqui estão algumas das perguntas mais bizarras que eles já tiveram de ouvir. Para os ajudar, nós damos as respostas. Tudo isto faz parte da nova edição do mais completo, rigoroso e bonito guia dedicado à região: a nova Time Out Açores já está nas bancas.
A ilha do Pico é habitada?
Há mais de 600 anos, sim. Consta que o primeiro habitante foi um tal de Fernando Álvares Evangelho, que aqui chegou em 1482 e aqui viveu sozinho durante um ano, tendo por companhia apenas um cão. Hoje a população residente ronda os 14 mil habitantes.
Qual é a língua que se fala nos Açores?
Depende. Francês, alemão e até grego são línguas faladas nas ilhas. Pelo menos sempre que por aqui passam turistas franceses, alemães ou gregos. Na Base das Lajes, Terceira, também é frequente falar-se inglês, como é costume entre os americanos. De resto, o normal é falar-se português, como em todo o país que é Portugal. Já se estivermos a falar de sotaques, fique sabendo que há vários. Aquilo a que costumamos chamar sotaque açoriano é, na verdade, a pronúncia típica da ilha de São Miguel. Em cada uma das outras ilhas achará um linguajar diferente.
Não sabia que nos Açores já havia internet!
Na verdade, esta é a segunda região do país com maior penetração de internet, logo a seguir a Lisboa. Segundo dados recolhidos pela Pordata em 2018, perto de 85% das casas têm banda larg
O álbum número 38 das aventuras de Asterix será publicado no próximo dia 24 de Outubro. A notícia foi avançada pelo desenhador Didier Conrad e pelo argumentista Jean-Yves Ferri, a dupla de criadores que tomou conta da série com a benção de Albert Uderzo, numa entrevista exclusiva ao Le Journal du Dimanche. O novo álbum terá edição simultânea em vários países - e Portugal, como de costume, será um deles - com uma tiragem inicial de cinco milhões de exemplares e culminará um ano de festa pelos 60 anos de Asterix.
Ao jornal francês, Conrad e Feri garantiram que o trabalho criativo está terminado, que restam só já "algumas correções no texto, pequenos ajustes nos desenhos" e adiantaram até que o trabalho final será entregue para impressão a 6 de Junho. Mas, claro está, pouco adiantaram sobre o enredo. Ainda assim, ofereceram ao jornal uma primeira prancha do álbum, em que se vêem "três misteriosos senhores" a entrar na casa do chefe da aldeia gaulesa e Ferri revelou que "alguém muito importante vem para a aldeia". Conrad confirmou e, com ironia, acrescentou que na última prancha acontecerá um banquete.
Dois dias depois, porém, libertaram a primeira página, já finalizada, do álbum. Nela, Panoramix dá uma aula aos miúdos da aldeia, e confirma-se a ideia de que alguém importante virá, de facto, mexer com a rotina dos irredutíveis. E que não será Jimi Hendrix.
+ Os 12 Trabalhos de Asterix e outras tantas curiosidades
+ Astérix e a Transitálica: foi o Éder que os lixou
A Time Out diz-lhe tudo sobre a sua cidade, incluindo como fugir dela. Desde o final de 2017 que todas as nossas edições em Lisboa e no Porto fecham com um Plano de Fuga e ao fim de tanta viagem somamos já um bom repertório de evasões e escapadinhas para todos os pontos do país. É dessa experiência que nasce a primeira edição deste guia. São mais de 70 hotéis, turismos rurais e guesthouses para descobrir por todo o país.
E estes hotéis são dos melhores. É verdade, confessamos, que a tentação de subtrair uma letrinha à frase anterior é grande. Mas dizer apenas que estes hotéis são os melhores do país não seria justo nem sério. Eles são, isso sim, os melhores de entre os muitos que a equipa da Time Out experimentou ou revisitou ao longo de 2018 e que recomenda vivamente para 2019.
Quase todas essas experiências, importa dizer, foram tidas a convite e quase todas as estadias oferecidas. Mas em nenhuma delas aceitámos reserva para uma boa avaliação ou deixámos a nossa palavra de caução. Aconteceu-nos, aliás, não escrever sobre lugares onde estivemos a convite. O que significa que sempre que escrevemos sobre um hotel, estamos já a recomendá-lo e que, de entre todos eles, estes mereceram distinção. E que, portanto, o que tem em mãos é um roteiro de grandes refúgios, feito por uma equipa de gente séria, embora um tanto vadia e dada a escapadinhas, que apenas escreve sobre o que experimenta, conhece, escolhe e avalia pessoalmente. E isso permite-nos, sem hesitação, colocar todos e
O álbum número 38 das aventuras de Astérix será publicado no próximo dia 24 de Outubro. A notícia foi avançada pelo desenhador Didier Conrad e pelo argumentista Jean-Yves Ferri, a dupla de criadores que tomou conta da série com a bênção de Albert Uderzo, numa entrevista exclusiva ao Le Journal du Dimanche. O novo álbum terá edição simultânea em vários países – e Portugal, como de costume, será um deles – com uma tiragem inicial de cinco milhões de exemplares e culminará um ano de festa pelos 60 anos de Astérix.
Ao jornal francês, Conrad e Feri garantiram que o trabalho criativo está terminado, que restam só já "algumas correções no texto, pequenos ajustes nos desenhos" e adiantaram até que o trabalho final será entregue para impressão a 6 de Junho. Mas, claro está, pouco adiantaram sobre o enredo. Ainda assim, ofereceram ao jornal uma primeira prancha do álbum, em que se vêem "três misteriosos senhores" a entrar na casa do chefe da aldeia gaulesa e Ferri revelou que "alguém muito importante vem para a aldeia". Conrad confirmou e, com ironia, acrescentou que na última prancha acontecerá um banquete.
Dois dias depois, porém, libertaram a primeira página, já finalizada, do álbum. Nela, Panoramix dá uma aula aos miúdos da aldeia, e confirma-se a ideia de que alguém importante virá, de facto, mexer com a rotina dos irredutíveis. E que não será Jimi Hendrix.
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Saíram 16, entraram 36, mas ficaram os mesmos. Podia ser o princípio de uma adivinha bem engendrada ou o final de uma conta mal feita, mas é apenas o resumo desta edição do Guia de Restaurantes de Lisboa da Time Out.
Este ano, além dos 150 melhores restaurantes e das 25 melhores tascas, acrescentamos 20 apostas. São casas que não abriram há tempo suficiente para entrar nestas contas e que não tivemos tempo oportunidade de criticar, mas que já experimentámos ou que, por experiência, apostamos que vão valer a pena. Porquê fazer esta ginástica? Recapitulemos então.
Os críticos da Time Out visitam os restaurantes anonimamente e pagam pelas suas refeições - o mesmo é dizer, como qualquer cliente – e, na melhor parte dos casos, repetem a visita antes de se pronunciar. Acresce que nenhum restaurante é criticado antes de cumprir três meses de porta aberta e, por princípio, nenhum é aclamado com cinco estrelas ou despachado com apenas uma sem que um segundo crítico subscreva essa avaliação. Já sabia de tudo isto? É provável que sim. Estes últimos 470 caracteres são descaradamente copiados do guia do ano passado. Mas podiam também ter sido roubados à edição do ano anterior a esse ou à de outro antes ainda. Porque há onze anos que a Time Out faz questão de repetir esta cartilha em tudo o que faz e de a respeitar sem cedências. O que é que isso vale? Ainda e sempre, é a si que cabe dizer.
Os guias do Porto e de Lisboa
Fotografia: Inês Félix
O que temos, contas redondas, é um gui
Há um novo restaurante de cozinha tradicional alentejana em Lisboa. Tem a mão de José Júlio Vintém, do Tombalobos, em Portalegre, e aposta em miudezas, extremidades e outras coisas incríveis.
Pâncreas de borrego, gordura de porco, coração de boi. Assim descrito, o menu é capaz de afugentar alguém. Mas espere, não torça já o nariz nem dê a corda aos sapatos. Leia antes assim: molejas de borrego, pétalas de toucinho, salada de tomate coração de boi. No Picamiolos, a carta constrói-se à volta de miudezas e extremidades, mas nem tudo o que parece é. Há os produtos que são para aqui chamados pela afinidade semântica – seja o dito tomate, que há-de voltar quando for o tempo dele, sejam as pontas de espargos ou o coração de alcachofra, que já se vai servindo em salada –e há os outros, os que são precisamente o que são – moleja é mesmo a glândula do bicho. Entre uns e outros, há muito para descobrir num novo restaurante de cozinha tradicional alentejana onde havemos de encontrar mais conforto do que desafio. Tudo com assinatura de José Júlio Vintém, o chef que há anos convoca romarias até Portalegre para comer no Tombalobos.
O chef José Júlio Vintém
Fotografia: Manuel Manso
“Há aqui um desafio”, assume Ricardo Santos, o sócio que foi desassossegar José Júlio à Serra de São Mamede. “Queremos ir levando as pessoas a experimentar coisas novas, texturas e até sabores a que talvez não estejam habituadas. Mas também vamos ter comida de tacho, tentar criar hábitos, para as pessoas sab
Chamam-se clubes, colectividades, grupos, academias, ateneus, associações ou sociedades. Dizem-se recreativas e culturais, desportivas e filarmónicas, excursionistas, de recreio, união, instrução, capricho ou beneficência. São instituições com história, algumas centenárias, que atravessaram épocas e regimes, viveram glórias e sobreviveram a crises, e de caminho ajudaram a construir a cidade que Lisboa é. Mas são sobretudo lugares presentes, pontos de encontro, militância cívica e resistência da vida de bairro. Lugares que cumprem um papel insubstituível na promoção e ensino de artes e desportos, na maioria das vezes por simples devoção à causa e carolice. Maria Ramos Silva e Manuel Manso andaram dias seguidos à sua descoberta. De bairro em bairro, bateram capelinhas e trocaram galhardetes, assistiram a aulas e treinos, perderam-se entre mesas de matrecos e imperiais a 70 cêntimos, demoraram-se em conversas e histórias. Regressaram com um guia possível de tudo o que esses lugares têm para lhe oferecer e uma galeria incrível das pessoas que os mantêm vivos. Esta é a nossa homenagem aos clubes de bairro. E um contributo para lhes trazer mais sócios, adeptos e simpatizantes.
Não perca ainda as ofertas Dois por Um desta semana: incluem uma refeição no Aloha Café, uma bolacha da Cookies Bakery, um cachecol do Armazém das Malhas, uma aula no Spot Real - Academia de PArkour e um artigo da Amora Baby & Nature.
Às vezes é mais fácil escrever sobre o fim do mundo do que sobre o fundo da rua. Porque a rua é sempre de alguém, endereço de gente que sabe mais do lugar do que nós. Mais difícil ainda se torna se essa rua estiver plantada em Campo de Ourique. Como toda a gente sabe, Campo de Ourique é o tema de conversa preferido do campo d’ouriquense, para quem o centro do mundo fica precisamente na sua rua. Depois há o resto dos lisboetas, que muitas vezes acham que aquilo é mais Campo do que Ourique, e que estranham ver tantas páginas dedicadas a ruas onde não há um Metro para apanhar nem um metro onde estacionar.
Sabendo isto, fizemos um esforço extra para impressionar os primeiros e convencer os segundos. Durante uma semana vivemos o bairro, fomos de porta em porta, de conversa em conversa, correndo toda a vizinhança. Voltámos de lá com uma edição cheia de novidades: todas são um convite para quem é de fora; e algumas, ainda por estrear, serão notícia mesmo para quem lá mora. E são a prova de que, não sendo o centro do mundo, Campo de Ourique tem um mundo lá dentro, com um pouco de quase tudo e quase tudo em bom.
Na revista desta semana, não perca ainda as ofertas Dois por Um: valem uma refeição no Comporta Café, um brunch no Vila Galé Collection Palácio dos Arcos, uma aula no Hotpod Yoga, uma sessão da Life'Ar e um artio da A-Corda.
Ninguém conhece esta cidade como nós. Excepto, talvez, todos os lisboetas. Ou, pelo menos, todos os verdadeiros lisboetas, grupo que, como é sabido, coincide estatisticamente com a totalidade de cidadãos que habita, nasceu, estuda, trabalha ou passeia na cidade de Lisboa. Ora, ao longo de dez anos, esta incansável multidão de olisipógrafos foi pacientemente iluminando a nossa ignorância. Em cartas e emails, na resposta a passatempos ou na serena pedagogia das caixas de comentários, todos os dias descobrimos um sítio de que não falámos, um segredo que ignorámos, uma escolha que falhámos.
Pois bem, após 527 edições, fizemos o que se impunha e entregámos as chaves de casa. A revista que chega às bancas esta quarta-feira foi feita por uns 150 pares delas, entre leitores, jornalistas e colaboradores da Time Out. Todas as recomendações que encontra no tema de capa foram feitas por um leitor e depois verificadas e validadas pela equipa – e todas elas são rigorosamente novas nestas páginas. A própria capa nasceu de um evento ao vivo e a cores em que cada um pintou o que lhe deu na gana, sob direcção artística do grande Rui Pita.
Faça favor de entrar, que a casa é literalmente sua. Pode ser que se surpreenda quase tanto como nós.
No meio do entusiasmo, não se esqueça de aproveitar as ofertas Dois por Um desta semana: incluem uma refeição no Faz Gostos, uma cerveja no Showroom Trindade, uma obra gráfica no Centro Português e Serigrafia, um passeio da Byx Náutica e um fim-de-se