Joana Moreira

Joana Moreira

Jornalista

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Quentes e boas! Saiba onde estão vendedores de castanhas em Lisboa

Quentes e boas! Saiba onde estão vendedores de castanhas em Lisboa

O famoso pregão já pouco se ouve, mas o cheirinho que se sente pelas ruas de Lisboa não engana ninguém, nem alfacinhas nem turistas – e todos querem o belo do cartucho recheado de castanhas assadas, que aquecem corpo e alma, acabadas de sair dos assadores a carvão. Conhecida como o ouro do Nordeste (o transmontano), a boa castanha tem de brilhar, ter um bom calibre e estar cheia (nunca oca, atenção). De rua para rua, o preço das castanhas assadas em Lisboa varia entre os 3€ e os 3.50€ a dúzia. Para fazer a prova, o melhor é passar o olho pelo roteiro dos locais onde vai encontrar sempre alguém com um assador ambulante. Recomendado: O melhor do Outono em Lisboa
Conheça estes museus de arte contemporânea em Lisboa

Conheça estes museus de arte contemporânea em Lisboa

Não há muitos museus de arte contemporânea em Lisboa (e arredores), mas os que existem merecem uma visita. Além das colecções importantes (alguns guardam exemplares dos maiores nomes da arte contemporânea mundial), todos alimentam a programação com exposições temporárias que marcam a agenda cultural. Em Lisboa tanto pode ver artistas internacionais como os grandes portugueses. De Júlio Pomar a Andy Warhol, de José de Almada Negreiros a Marcel Duchamp, pode correr os mais variados estilos artísticos ao longo deste roteiro que aqui lhe traçamos pelos museus de arte contemporânea da cidade.  Recomendado: As novas obras de arte urbana em Lisboa
Aulas de boxe em Lisboa: vamos andar à pêra?

Aulas de boxe em Lisboa: vamos andar à pêra?

Quem nunca sonhou ter um saco de pancada para descarregar o stress do dia-a-dia? (Pode sempre imaginar que é o seu chefe...). As aulas de boxe e outras modalidades de desporto podem ser uma solução para esse e outros problemas – como ficar em forma. Os exercícios ditos de luta estão associados à descarga de energia e ao lado mais catártico da prática desportiva. Claro que pode sempre ir dar uns chutos num dos muitos campos de futebol em Lisboa, mas aqui estamos noutro nível. Se está indeciso entre comprar um saco de boxe para ter em casa ou recorrer às aulas de grupo, deixamos-lhe bons argumentos para optar pelo segundo cenário: estes são os melhores sítios onde fazer boxe (e kickboxing) em Lisboa. Recomendado: Dar o corpo ao manifesto –  os novos ginásios em Lisboa
Os melhores ginásios em Lisboa para pôr o corpo a mexer

Os melhores ginásios em Lisboa para pôr o corpo a mexer

“Amanhã é que é”, “para o ano começo a sério”, “antes do Verão é que vai ser”. As desculpas são mais do que muitas, mas há bons motivos para lá se inscrever no ginásio em qualquer altura. Para os bombadões, para quem quer perder massa gorda, para quem precisa de melhorar a postura, para quem quer aprender a dançar, para quem quer dar ao pedal em aulas de cycling ou para quem gosta de descarregar o stress em aulas de boxe – há espaço para todos. Daquele ginásio low cost, para quem não quer abrir os cordões à bolsa, aos de gama alta, que nos fazem sentir os donos do mundo, aqui estão alguns dos melhores ginásios em Lisboa, que lhe enchem as medidas (ou esvaziam, depende da perspectiva) e o ajudam a pôr, finalmente, o certo neste ponto da checklist. Mexa-se, vá. Recomendado: Gaste calorias sem gastar dinheiro nestes ginásios ao ar livre em Lisboa
Nestes sítios qualquer adulto pode sentir-se uma criança em Lisboa

Nestes sítios qualquer adulto pode sentir-se uma criança em Lisboa

Há pessoas que acham que os adultos não devem brincar. Que existe uma data de validade para a diversão e, terminado esse prazo, há que viver uma vida séria, empilhando responsabilidades, suportando maus empregos e péssimos casamentos. Felizmente, há cada vez mais adultos a não cair nessa armadilha. A diversão está descentralizada, democratizou-se, e a infância é um estado intermitente que nos visita de vez em quando. Fizemos o roteiro da Lisboalândia, um parque de diversões disfarçado de cidade onde há muito mais para fazer além de tocar às campainhas e fugir. Recomendado: Os melhores sítios para jogar bowling em Lisboa
Seis sítios para beber cocktails lindos de morrer

Seis sítios para beber cocktails lindos de morrer

Aqui não vale beber sem tirar uma fotografia primeiro. Estes bares em Lisboa capricham na apresentação e trazem à mesa ou ao balcão alguns dos cocktails mais bonitos da cidade. Os exemplos que se seguem abaixo distinguem-se não só pelo sabor, mas também pelo aspecto e atenção ao mais ínfimo detalhe. Da escolha do copo, ao minimalismo e elgância, às variações de tons e misturas de texturas. A coquetelaria é uma arte (e também uma ciência) e aqui estão alguns sítios em Lisboa que provam isso mesmo.  Recomendado: As discotecas históricas de Lisboa estão cheias e bem de saúde
They see me rollin’ - the rolling dance fever in Lisbon

They see me rollin’ - the rolling dance fever in Lisbon

I just can't / I just can't / I just can't control my feet. The Jackson 5 verses blast out of a portable speaker on the ground at the Spanish Dock in Alcântara, energising a group of male and female skaters who roll around the asphalt on their coloured skates and in matching clothes. “It was mainly because of Covid,” says designer Elsa Campaoré, 28. “I watched a video about roller dancing and since I enjoy dancing...”. Also, “meeting people outside of work and starting relationships from scratch has been good after these two very solitary years.” Ph: Mariana Valle LimaMad Roller Dance It's the end of a Wednesday afternoon and the skaters move around freely, each at their own pace, before coming together when it is time for the choreography. Diana Ross, the queen of disco, is their cue: Upside down / Boy, you turn me. “I was wandering around Martim Moniz when I saw a really cool poster with a girl doing this [strikes a pose]. The poster said ‘sign up for roller dance classes’,” recalls Katarzyna Strauchmann, 29, a Polish financial analyst who has lived in Lisbon for five years. “Coming here helps me to relax. When I’m at work I don't feel like I'm in Portugal. I’m in an office and I could be anywhere. But at the end of the day, I feel like I am in Lisbon when I’m down here with my friends.” The riverside setting, close to the 25 de Abril Bridge, was not chosen by accident. More than the view, the reason can be found on the ground: the pavement is smooth, and there’s a lot of
Breaking the first rule of Fight Club

Breaking the first rule of Fight Club

This article was published on Lisbon by Time Out newspaper, January 2023 edition. Vera Servo Pereira, 30, cannot do without the punch bag attached to her attic ceiling at home. She's always wanted one, and since her uncle gave her one, this is where she unloads. “I'm not a violent person, but I like the whole punching a bag, not a person thing,” says the camera operator and tattoo artist. “When I'm feeling anxious or stressed, I go in there, punch it a few times and then I feel relaxed. Tired, but relaxed.”  João Nepomuceno, 29, an artist who works in advertising, has always had a punch bag at hand. He keeps it in his studio “to throw a few punches, which helps me relax”. Rather than an expression of violence, he sees it as an artistic enhancer. “It's an energy flow space and the punch bag allows for that flow to happen. Boxing and art have that in common, the ability to reach that state of flow. So it makes sense for it to be in the studio.”  The importance of physical exercise isn’t new: health professionals always talk about it as a way to combat sedentary lifestyles and the general public knows its importance – which is why “going back to the gym”, “exercising” and other similar statements are among the most popular new year's resolutions.   Given the choice between a punch bag at home or group classes, there’s benefits to the latter: “It helps build social networks, which are fundamental”, says psychologist Ana Bispo Ramires, a specialist in sports and performance psycho
Salvador Martinha: “Não me vejo refém desta profissão para sempre”

Salvador Martinha: “Não me vejo refém desta profissão para sempre”

Entrevista originalmente publicada na edição digital mensal de Março. “Obrigada, baby, obrigada por teres vindo”, diz Salvador Martinha quando nos sentamos à mesa para esta entrevista, já em tom de personagem. “O que é que é o Salvador e o que é que é a Plim? Isso é que é o jogo”, dirá entretanto. As paredes cor-de-rosa que o rodeiam são o cenário perfeito para falar da personagem que encarna nesse ambiente também livre de defeitos que é o Instagram. Foi durante a pandemia que o humorista (e cronista da Time Out Lisboa) criou a figura de Plim, a directora de uma agência de influenciadores digitais que, ao telefone com Van, uma das agenciadas, gere carreiras no atribulado mundo que se move a gostos, comentários e patrocínios. PLIM – Passa Lá na Agência é o nome da peça em que o comediante leva a palco a sátira ao universo da criação de conteúdos digitais. “Não é um espectáculo de stand-up”, frisa. É uma peça de teatro, que Martinha escreveu a meias com João Maria, comparsa com quem também partilha a cena, que decorre numa colorida agência onde não faltam peripécias sobre influencers – e com influencers. Com encenação de Rui M. Silva, PLIM – Passa Lá na Agência rouba a lógica de temporadas habitual nas séries e assume-se como uma primeira temporada de duas. Por agora, apresenta-se no Teatro Tivoli, em Lisboa, até 2 de Abril, e depois no Porto, de 10 a 12 e 21 e 22 de Abril, no Teatro Sá da Bandeira, já com várias datas esgotadas.  Francisco Romão Pereira / Time OutSalvador Mar
Salvador Martinha: “Não me vejo refém desta profissão para sempre”

Salvador Martinha: “Não me vejo refém desta profissão para sempre”

Entrevista originalmente publicada na edição digital mensal de Março. “Obrigada, baby, obrigada por teres vindo”, diz Salvador Martinha quando nos sentamos à mesa para esta entrevista, já em tom de personagem. “O que é que é o Salvador e o que é que é a Plim? Isso é que é o jogo”, dirá entretanto. As paredes cor-de-rosa que o rodeiam são o cenário perfeito para falar da personagem que encarna nesse ambiente também livre de defeitos que é o Instagram. Foi durante a pandemia que o humorista (e cronista da Time Out Lisboa) criou a figura de Plim, a directora de uma agência de influenciadores digitais que, ao telefone com Van, uma das agenciadas, gere carreiras no atribulado mundo que se move a gostos, comentários e patrocínios. PLIM – Passa Lá na Agência é o nome da peça em que o comediante leva a palco a sátira ao universo da criação de conteúdos digitais. “Não é um espectáculo de stand-up”, frisa. É uma peça de teatro, que Martinha escreveu a meias com João Maria, comparsa com quem também partilha a cena, que decorre numa colorida agência onde não faltam peripécias sobre influencers – e com influencers. Com encenação de Rui M. Silva, PLIM – Passa Lá na Agência rouba a lógica de temporadas habitual nas séries e assume-se como uma primeira temporada de duas. Por agora, apresenta-se no Teatro Tivoli, em Lisboa, até 2 de Abril, e depois no Porto, de 10 a 12 e 21 e 22 de Abril, no Teatro Sá da Bandeira, já com várias datas esgotadas.  Francisco Romão Pereira / Time OutSalvador Mar
Todos os transportes de Lisboa estão a preparar sistemas de pagamento contactless

Todos os transportes de Lisboa estão a preparar sistemas de pagamento contactless

“Socorro, o que é que eu faço agora?” Foi o que pensou Larissa Araújo, 32 anos, quando percebeu que precisava de apanhar um autocarro numa zona em que não tinha onde carregar o seu cartão, com um saldo insuficiente para realizar a viagem. “Não tinha dinheiro comigo. Tive de andar não sei quanto tempo a pé até achar um multibanco”, recorda a stylist de Brasília a viver há cinco anos em Lisboa. A história teria sido outra se o percurso implicasse usar um comboio da Fertagus, onde desde finais de Novembro é possível viajar sem comprar bilhete antecipadamente ou ter dinheiro trocado. Basta encostar o cartão bancário ou o telemóvel no validador, seleccionar o destino e seguir viagem. A empresa portuguesa do Grupo Barraqueiro, que opera o serviço ferroviário suburbano de passageiros entre a estação de Roma-Areeiro, em Lisboa, e a estação de Setúbal, apresentou a novidade na Semana Europeia da Mobilidade 2022, em Setembro. Hoje, todas as estações têm pelo menos um validador para cartões bancários contactless e telemóveis com Google/Apple Pay. “Seria mais simples. Passava e estava resolvido. E para os turistas também seria muito mais fácil”, reconhece a brasileira. À Time Out, Clara Esquível, administradora da Fertagus, revela que o sistema já foi utilizado para realizar “mais de 2500 viagens”, e que este se deve alastrar a todos os validadores no “segundo semestre de 2023”. O projecto, “pioneiro na região de Lisboa”, tem como parceiros a Mastercard, a Finaro, a Axians (do Grupo Vinc

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Se as peças de teatro esgotam, porque é que não há mais?

Se as peças de teatro esgotam, porque é que não há mais?

Este artigo foi originalmente publicado na edição Inverno 2022/23 da Time Out Lisboa. Esgotado. A palavra, tantas vezes elogiosa, é também sinónimo de frustração para quem tenta, há dois anos, comprar bilhetes para Catarina e a Beleza de Matar Fascistas, espectáculo de Tiago Rodrigues que tem tido sala cheia sempre que está em cartaz. Em Janeiro [de 2023] estará novamente em palco. Mas os bilhetes já voaram em Outubro. O caso pode parecer especial, dado o burburinho criado em torno da peça, que imagina um Portugal de 2028 governado por populistas de extrema-direita. Tanto é que, quando foi levada à cena em Roma, um deputado chegou a pedir que fosse retirada. No entanto, está longe de ser caso único nos teatros de Lisboa. É frequente as peças esgotarem antes mesmo de se estrearem, com um reduzido número de apresentações. A apologia ao teatro na cidade faz-se hoje através de uma oferta que programadores e directores artísticos dizem ser “adequada”, que inclui um grande número de peças, mais diversidade em quem as cria, mas menos tempo para que sejam apreciadas. O actor e encenador João Reis dizia em Setembro, em entrevista ao Observador: “Há uma espécie de voracidade das estreias permanentes, essa vertigem é altamente prejudicial para todos”. De todas as peças que passaram em 2022 pela sala principal do Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII), por exemplo, só uma foi além das habituais nove sessões: Casa Portuguesa, espectáculo de abertura de temporada e a primeira com Pedro Penim
“As pessoas não têm mil euros para dar por um T1”

“As pessoas não têm mil euros para dar por um T1”

Multiplicam-se as histórias de divorciados que continuam a viver na mesma casa, de adultos que tornam à morada dos pais, de jovens que confinam vidas em quartos, isto quando não os partilham com desconhecidos. São os retratos mais visíveis da crise da habitação, os que chegam através de mensagens e partilhas pelas redes sociais. Depois, há os outros. Os dos idosos que deixam de comprar a medicação para pagar a renda, e os que têm vergonha de assumir as dificuldades que enfrentam. Muitos testemunhos têm, nos últimos meses, chegado à caixa de mensagens de Diogo Faro. Em Dezembro, confrontado com as notícias de que a renda média em Lisboa tinha ultrapassado, pela primeira vez, os dois mil euros (conclusão de um estudo realizado pelo portal imobiliário Imovirtual), o humorista de 36 anos fez um vídeo que “escalou”, recorda. Escalaram também as histórias de pessoas em situações insustentáveis. “Se ignorar isto tudo parece que andei aqui só para ter likes”, pensou. Com quatro amigos, criou o movimento cívico e apartidário Casa É Um Direito. “Temos uma capacidade comunicacional enorme”, assume, e por isso o colectivo foca-se em criar “posts apelativos que chegam a uma data de gente”. Incluindo quem pode ajudar. Faro criou uma base de dados com profissionais, “essencialmente advogadas e psicólogas”, disponíveis para dar apoio jurídico e psicológico pro bono, para quem encaminha muitos dos casos que recebe, desde quem dá sinais de alerta quanto à saúde mental até quem se vê perante u
Quase 100 anos depois de 'O Som e a Fúria', Caddy Compson ganha voz

Quase 100 anos depois de 'O Som e a Fúria', Caddy Compson ganha voz

Em O Som e a Fúria, os homens falam pelas mulheres. Em 1929, quando William Faulkner escreveu o retrato da ruína da família Compson, antigos aristocráticos do sul dos Estados Unidos, Caddy Compson, a única filha da família, não teve direito a voz. É através da perspectiva de quatro homens (que narram as quatro partes em que se divide o romance do Nobel da Literatura em 1949), que o leitor conhece a personagem de Caddy. “À primeira vista é um texto misógino, onde não é dada voz às mulheres, que são a expiação de todos os males e a causa daquela família”, assumia em 2014 Pedro Alves, director artístico do teatromosca, que encenou o texto na época, em entrevista ao jornal Público.  Quase 100 anos após a publicação do romance de Faulkner, tido como obra-prima do século XX, não faltam textos especulativos sobre o papel de Caddy. Representa o desejo sexual dos seus irmãos? Representa o desmoronar de uma família? O abandono? Isabel Rodrigues Costa lança-se na procura da voz de Caddy no que mostra agora no TBA - Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, de 9 a 12 de Março. Som e Fúria é um espectáculo que não é uma adaptação do romance, mas antes uma resposta a este. "Há uma personagem a quem falta falar naquele romance. Que é a personagem principal, segundo o Faulkner, há uma espécie de ausência. O meu ponto de partida foi fazer um espectáculo em que esta personagem tem voz. E dá-nos a perspectiva dela”, explica à Time Out.  Numa “tentativa de traduzir a experiência sensorial que o livro pr
Nesta “espécie de meta-misantropo”, todos procuram um lugar ao sol

Nesta “espécie de meta-misantropo”, todos procuram um lugar ao sol

“Só tivemos de tirar o texto todo, a estrutura e as personagens, o fim e o início. De resto, o Molière não envelheceu um dia, continua a ser muito engraçado”, diz Hugo van der Ding, depois de um ensaio d’ O Misantropo, de Molière. A ironia deve-se ao facto de a peça que se apresenta no Centro Olga Cadaval, em Sintra, a 3 de Março, não ser uma adaptação fiel do texto do famoso dramaturgo francês. Aliás, é de tal forma sui generis a forma como van der Ding e Martim Sousa Tavares trabalharam sobre o texto do autor de outras obras-primas como Tartufo que o título do espectáculo é O Misantropo – por Hugo van der Ding e Martim Sousa Tavares a partir Molière.  Foi Pedro Penim, director do Teatro Nacional D. Maria II, que desafiou a dupla a traduzir livremente a comédia de Molière publicada em 1666. "Percebemos que a tradução ia ser uma seca porque o original é muito chato", admite Martim Sousa Tavares. "Achámos que podia ser muito mais interessante manter a estrutura tal como ela está, os ossos da peça, mas dando-lhe uma veste nova". Nessa abordagem, o palco enche-se de personagens para retratar a noite em que O Misantropo se apresenta pela primeira vez em Portugal. Perante o rei e toda a corte, actores e aspirantes a tal, pelam-se por um papel, mesmo antes de se ouvirem as pancadas de Molière. “Se mudar o texto, a personagem e a história, continua como se tivesse estreado ontem", continua van der Ding, para quem a “graça” de adaptar um clássico é “fazer o teste do tempo e ver se is
Outra vez salada? Uma peça para desconversar

Outra vez salada? Uma peça para desconversar

“Só pela imposição é que se consegue obrigar o nosso público a vir ao teatro. Tentou-se durante dezenas, dezenas de anos convencê-lo com boas palavras. Está-se a ver o resultado. Truques publicitários para atrair as massas, como, por exemplo, a sala está aquecida, pode-se fumar no foyer durante o intervalo”. O excerto anterior é da versão televisiva de E Não Se Pode Exterminá-lo?, peça da Cornucópia, estreada em 1979, e da qual existe um registo em filme para a RTP, assinado por Solveig Nordlund. A encenação de Jorge Silva Melo, com base em textos de Karl Valentin (1882-1948), inspira o espectáculo que se estreia este sábado, 18 de Fevereiro, no São Luiz.  O “truque publicitário” em 2023 é o mesmo que em 2011 levou a que Uma Bizarra Salada esgotasse em todas as suas récitas. A peça juntava Beatriz Batarda, Bruno Nogueira, Luísa Cruz e a Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML). E qual é o truque? “É o Bruno Nogueira, e sabemos que o Bruno é fácil de trazer público”, dizia a directora artística do Teatro São Luiz, Aida Tavares, em entrevista à Time Out, em Outubro, falando sobre “projectos que são naturalmente mais imediatos no apelo ao público”. Na sua última programação enquanto directora do teatro municipal, Tavares quis voltar a este espectáculo com “uma temporada maior”. Neste regresso, 12 anos depois, com um novo nome e algumas mudanças, Outra Bizarra Salada volta a juntar Beatriz Batarda, como encenadora, Bruno Nogueira e OML. Por enquanto, ainda não há datas esgotadas p
Diogo Moura: “Não havia necessidade de transferir 16 milhões de euros para a EGEAC”

Diogo Moura: “Não havia necessidade de transferir 16 milhões de euros para a EGEAC”

O Padrão dos Descobrimentos, a Casa Fernando Pessoa ou o Museu do Fado são alguns dos espaços culturais que desde 1 de Dezembro os moradores de Lisboa com idade até aos 23 anos ou com mais de 65 (inclusive) podem visitar de graça, através de um novo instrumento chamado Passe Cultura. Dois meses depois, 2000 pessoas usufruíram dele. Diogo Moura, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa (CML), considera o valor “satisfatório” para um programa que, admite, não teve qualquer estudo ou projecção. Em entrevista, o autarca eleito pelo CDS-PP, que acumula outros pelouros (Economia, Espaço Público, Orçamento Participativo e Juntas de Freguesia), fala ainda sobre os atrasos nas obras da cidade, a subida do preço nas entradas de monumentos só para turistas e justifica a redução do orçamento dado à EGEAC, a empresa municipal que gere equipamentos culturais e que ficará encarregue pelo renovado Teatro Variedades. O Capitólio também pode voltar à alçada municipal. Quantas pessoas usufruíram do Passe Cultura? Neste momento, que perfaz dois meses de implementação, tendo ainda as festas de Natal pelo meio – ou seja, há uma parte em que não há programação –, tivemos 1700 pessoas [uma semana depois desta entrevista, a Câmara divulgou os números actualizados, perfazendo 2000] que aderiram a esta iniciativa. É bastante satisfatório. Estava prevista uma campanha de divulgação que não avançou. Porquê? Ainda não avançámos e por isso ainda mais surpreendente é o número de pessoas que aderir
Vem aí uma série sobre “a persona Diogo Faro”

Vem aí uma série sobre “a persona Diogo Faro”

A Coyote Vadio, responsável por séries como Pôr-do-sol, está a produzir uma série sobre o humorista Diogo Faro. As filmagens do episódio piloto estão para breve. "É sobre a persona Diogo Faro e é um projecto sobre como é que balanças esta coisa de ser entertainer, cómico e ao mesmo tempo activista", avança Ivo Canelas, à margem de uma entrevista sobre o monólogo Todas as Coisas Maravilhosas. Canelas é uma das personagens da série, que ainda não tem data de estreia prevista, e que deverá ter entre oito e dez episódios.  "Não é uma série biográfica nem retrata a vida do Diogo. Antes pelo contrário. É sobre ele, mas ele é uma personagem que evidentemente se cruza com as suas próprias crenças, atitudes e convicções. Mas é uma personagem, é ficção. Não é uma biopic", esclarece Manuel Pureza, que assina a realização do projecto. Diogo Faro confirma: "É uma extrapolação de mim, dessa dicotomia, mas que será sempre sobre o ser humano e as suas falhas, que é uma coisa que tenho muitas".  "A série coloca a figura do Diogo Faro em conflito consigo mesmo. Nem todas as contradições do Diogo passam apenas pela passagem de ano – ele foi muito atacado nas redes por ter passado a passagem de ano na pandemia com outras pessoas", acrescenta Manuel Pureza, que espera que a série tenha "uma linguagem nova e arrojada", "mas que ao mesmo tempo possa ser vista por qualquer pessoa. Mesmo aquelas que odeiam o Diogo Faro. Isso é super importante. Vão odiar mais, o que é óptimo [risos]". A ideia origin
Vem aí uma série sobre “a persona Diogo Faro”

Vem aí uma série sobre “a persona Diogo Faro”

A Coyote Vadio, responsável por séries como Pôr-do-sol, está a produzir uma série sobre o humorista Diogo Faro. As filmagens do episódio piloto estão para breve. "É sobre a persona Diogo Faro e é um projecto sobre como é que balanças esta coisa de ser entertainer, cómico e ao mesmo tempo activista", avança Ivo Canelas, à margem de uma entrevista sobre o monólogo Todas as Coisas Maravilhosas. Canelas é uma das personagens da série, que ainda não tem data de estreia prevista, e que deverá ter entre oito e dez episódios.  "Não é uma série biográfica nem retrata a vida do Diogo. Antes pelo contrário. É sobre ele, mas ele é uma personagem que evidentemente se cruza com as suas próprias crenças, atitudes e convicções. Mas é uma personagem, é ficção. Não é uma biopic", esclarece Manuel Pureza, que assina a realização do projecto. Diogo Faro confirma: "É uma extrapolação de mim, dessa dicotomia, mas que será sempre sobre o ser humano e as suas falhas, que é uma coisa que tenho muitas".  "A série coloca a figura do Diogo Faro em conflito consigo mesmo. Nem todas as contradições do Diogo passam apenas pela passagem de ano – ele foi muito atacado nas redes por ter passado a passagem de ano na pandemia com outras pessoas", acrescenta Manuel Pureza, que espera que a série tenha "uma linguagem nova e arrojada", "mas que ao mesmo tempo possa ser vista por qualquer pessoa. Mesmo aquelas que odeiam o Diogo Faro. Isso é super importante. Vão odiar mais, o que é óptimo [risos]". O argumento, es
Ricardo Neves-Neves: “É possível que nos cancelem por termos um elenco só de homens”

Ricardo Neves-Neves: “É possível que nos cancelem por termos um elenco só de homens”

Duas nuvens enormes pairam no centro do palco. Atrás delas, há uma orquestra só de mulheres. À sua frente, um elenco totalmente masculino. A brancura das nuvens contrasta com tudo o resto visível aos olhos: tudo é colorido, vibrante e bem-humorado em Noite de Reis, uma das mais conhecidas peças de William Shakespeare, aqui encenada por Ricardo Neves-Neves e em cena no Teatro da Trindade, em Lisboa, até 19 de Março.  Na comédia do dramaturgo inglês, escrita provavelmente por volta de 1601, a abordagem é assumidamente musical, como de resto têm sido as incursões de Ricardo Neves-Neves e do Teatro do Eléctrico nos textos clássicos, que “trazem consigo um género de responsabilidade redobrada porque são um género de peça que sobreviveu até hoje”, diz-nos o encenador, antes de um ensaio. Opondo-se à sacralização das peças clássicas, assume que “muitas vezes se presume que o manuseamento deva ter um certo cuidado. Isso traz algum medo, é preciso alguma coragem”. Foi Diogo Infante, director do Teatro da Trindade, que lhe lançou o repto em 2019 de se estrear em Shakespeare.  Estelle Valente Nesta “comédia de enganos e travestis”, como lhe chamou Jorge de Sena, salta à vista desde logo a escolha de um elenco totalmente masculino, ideia proposta por Infante e acolhida por Neves-Neves – curiosamente quando, umas ruas abaixo, mostrava no São Luiz Banda Sonora, peça só com mulheres –, tal como se fazia no teatro isabelino “que considerava o palco um lugar impuro para as mulheres”, recor
Com tendas interditas no Trancão-Tejo, participantes das Jornadas da Juventude passarão noite ao relento

Com tendas interditas no Trancão-Tejo, participantes das Jornadas da Juventude passarão noite ao relento

Ouvem-se os barulhos típicos de construção. No Parque Tejo, trabalha-se agora numa extensa laje onde em breve se vai erguer o altar-palco em que o Papa Francisco saudará o milhão e meio de jovens que se esperam em Lisboa para as Jornadas Mundiais da Juventude, em Agosto. "Estamos a construir a laje de assentamento de todos os pilares que suportarão as várias plataformas do palco”, explica António Lamas, responsável máximo na SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana, a empresa municipal de Lisboa responsável pelas obras no Parque Tejo, onde decorrerá grande parte do evento, numa visita de imprensa esta quarta-feira. A área do recinto tem quase 100 hectares, mas são aqueles cinco mil metros quadrados que têm dado que falar.  Sabe-se desde 2019 que a capital portuguesa é a cidade escolhida para a 16.ª edição das Jornadas Mundiais da Juventude, mas só agora se começam a revelar detalhes da preparação para o evento católico, adiado um ano. Nos últimos dias, a polémica instalou-se ao ser tornado público que o altar-palco em que o Papa vai celebrar a missa final da Jornada da Juventude vai custar 4,2 milhões de euros (valor sem IVA), num ajuste directo da SRU à construtora Mota-Engil. Esta quarta-feira, em conferência de imprensa, o vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia, respondeu às questões sobre o caso remetendo para os requisitos do promotor. “A Fundação JMJ, em diálogo com a Santa Sé, estabeleceu um conjunto de requisitos”, disse o autarca. Entre
O que faz um curador? Em Alcântara, os vizinhos foram descobrir

O que faz um curador? Em Alcântara, os vizinhos foram descobrir

Quem quer ser curador? Não foi exactamente esta a pergunta, mas quase. O Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian e a Biblioteca de Alcântara lançaram um desafio aos residentes e vizinhos da freguesia: sair do papel de espectador e ocupar o lugar de curador. O resultado está na exposição "Entre Olhares, Encontros (in)comuns", que se mostra na Biblioteca de Alcântara até 31 de Março.  Um grupo de pessoas, entre os 18 e os 76 anos, com origens e percursos de vida diversos, mergulhou no processo que envolve a criação de uma exposição, da curadoria à produção da folha de sala. "Há coisas que as pessoas não se lembram. Nós fomos obrigados a lembrar-nos da segurança ou das condições atmosféricas de uma sala. É diferente expor um vídeo ou expor esta cama", aponta Carlota Melo, 53 anos. Alfacinha de gema, “da área da banca” e sem qualquer passado ligado às artes, Carlota não hesitou em candidatar-se ao projecto participativo, que pretende ser o primeiro de muitos da fundação. “Sou uma curiosa. Não sou uma estudiosa, não sou uma investidora. Vou só ver. E à medida que vou ficando com mais anos a minha curiosidade aumenta por aquilo que é diverso", diz. "Isso enriquece-me, traz-me alegria". Até porque "toda a gente pode ver, sentir, experienciar”.  Francisco Romão Pereira Ao longo de seis meses, em sessões quinzenais, aprendeu sobre museografia, montagem e design, contactou com curadores. Mas, antes de tudo, viu exposições. "Não só com o olhar de quem vai ver a peça, m
“Transfake!” Protesto interrompe peça no São Luiz e leva a mudança no elenco

“Transfake!” Protesto interrompe peça no São Luiz e leva a mudança no elenco

A performer travesti Keyla Brasil interrompeu a peça Tudo Sobre a Minha Mãe, em cena no teatro São Luiz, esta quinta-feira à noite. "Transfake", gritou, depois de alcançar o palco. O vídeo está a correr nas redes sociais.  O elenco conta com a artista trans brasileira Gaya de Medeiros, que veste a personagem de Agrado. Mas em causa está o facto de, na peça com base do filme de Pedro Almodóvar, a personagem trans Lola estar a ser representada por André Patrício, um actor cisgénero (isto é, que se identifica com o género que lhe foi dado à nascença). Nos últimos dias, já circulava um manifesto online a censurar a escolha do elenco, mas este foi o primeiro incidente desde que o espectáculo se estreou na semana passada. "Porque não contrataram duas pessoas trans para fazer as personagens?", gritou a performer em protesto. "Porque não contratam dois travestis?", "É por falta de dinheiro?", disse perante a plateia e já sem os actores em palco. "A luta desta comunidade é mais do que legítima e deve ser apoiada", diz à Time Out o encenador Daniel Gorjão. "Sou agora alvo da própria comunidade, mas não sou transfóbico. Nunca pensei que pudesse ser acusado de transfobia, quando outras questões se levantaram para a concretização desta peça. Eu estou do lado da luta, eu percebo a luta, só não percebo a forma violenta com que a fazem e serei sempre contra esta forma tão violenta. Mas não estou contra a comunidade, pelo contrário", frisa.  A partir de hoje, sexta-feira, 20 de Janeiro, será