Peixaria da Esquina
Quando me encomendam uma crítica, faço questão de ir sem grandes expectativas. Porque quando entrei nesta dura profissão de avaliar restaurantes, não o fazia e, ou os trambolhões eram grandes, ou a surpresa compensava o esforço (esforço?, qual esforço?, ó Francisco). Desta vez, contudo, quebrei a regra. Andam os meus amigos desde o Verão a dizer-me que o restaurante é óptimo, que os marinados são excelentes, que o Vítor Sobral deu uma boa volta à coisa... E eu, que até gosto desta nova onda de peixarias reinventadas, convenci-me que andava a perder um grande tesouro. Daí que, quando me encomendaram este serviço, por mais que tentasse, não consegui apagar os ecos do peixe que me tinham vendido.
Entrei no restaurante bem-disposto. Véspera de ano novo, casa cheia, gente à espera, barulho, empregados atarefados, tudo bons prenúncios. E se estamos em época de começar tudo com o pé direito, aqui foi o esquerdo que andou primeiro. Azar dos azares, fiquei sentado na pior mesa do restaurante: quase em frente à casa de banho, de caras para a porta da cozinha e com a janela que dá para o balcão da zona de cozinha aberta, parcialmente tapada por uma tábua. Ou seja, pouco aproveitei do ambiente.
Veio o couvert, com um pão alentejano em fatias grossas, duro e seco, que não me pareceu do dia, um excelente queijo de entorna bem amanteigado e um paté bom. Pedi torradas para acompanhar – achei que num sítio de peixe, com cascos de sapateira, açordas, etc., as teriam. Disseram que estavam a pou