Eurico de Barros

Eurico de Barros

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Grandes actrizes e actores que nunca ganharam o Óscar

Grandes actrizes e actores que nunca ganharam o Óscar

Hollywood continua a ser implacável com algumas das caras mais conhecidas da indústria. Na cidade dos anjos contam-se histórias que traduzem amores e desamores da condição humana, histórias de força e superação, histórias de desastre e redenção, para que nos seja possível suportar a existência. Mas, no fim, há mais em jogo do que uma linha que nos estremece ou um monólogo que nos acompanha como bíblia para o resto dos dias. A estatueta dourada é a bitola que separa o que é bom do que é divino, mas nem sempre é consensual. Esta é a lista das actrizes e dos actores que nunca ganharam o Óscar. Recomendado: As actrizes e os actores com mais Óscares
As únicas comédias que ganharam o Óscar de Melhor Filme

As únicas comédias que ganharam o Óscar de Melhor Filme

Tal como a maior parte das cerimónias de prémios, os Óscares tendem a privilegiar um certo tipo de filmes – mais sérios, por assim dizer – em detrimento de quase tudo o resto. Embora haja sempre excepções, as comédias raramente estão nas boas graças da Academia de Hollywood. Uma tendência que foi recentemente contrariada na cerimónia de 2023, graças a Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo, que conquistou a estatueta dourada. De resto, ao longo dos anos, só sete filmes cómicos levaram para casa o cobiçado Óscar de Melhor Filme. Frank Capra, Leo McCarey, Billy Wilder, Tony Richardson, Woody Allen e, por fim, a dupla Daniel Kwan e Daniel Scheinert foram os realizadores dos filmes premiados. Recomendado: Os filmes que ganharam mais Óscares
Os dez musicais que ganharam o Óscar de Melhor Filme

Os dez musicais que ganharam o Óscar de Melhor Filme

Desde a primeira cerimónia de entrega dos Óscares, em Maio de 1929, até aos nosso dias, apenas dez musicais venceram o ambicionado Óscar de Melhor Filme. Entre os vencedores, estão clássicos como Um Americano em Paris (1951) e Gigi (1958), ambos de Vincente Minnelli, My Fair Lady (1964), de George Cukor, ou Música no Coração (1965), de Robert Wise. Mas nos últimos 50 anos só um filme (Chicago, de Rob Marshall) arrebatou a principal estatueta da Academia de Hollywood. Com as nomeações de Emilia Pérez e Wicked, serão os Óscares de 2025 a mudar estas contas?  Recomendado: Os filmes que ganharam mais Óscares
As actrizes e os actores com mais Óscares

As actrizes e os actores com mais Óscares

Foram muitos os actores e actrizes que, desde 1929, data da primeira cerimónia dos prémios, ganharam um Óscar. Pouco mais de 40 conseguiram levar para casa duas estatuetas da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood ao longo da carreira. Mais do que isso? Quase nenhuns. Katharine Hepburn é a actriz mais premiada, tendo recebido quatro Óscares de melhor actriz entre 1934 (por Glória de Um Dia) e 1982 (por A Casa do Lago). Depois, com três Óscares, surgem Frances McDormand, Daniel Day-Lewis, Meryl Streep, Jack Nicholson, Ingrid Bergman e Walter Brennan – o único que nunca foi eleito melhor actor principal, vencendo apenas por papéis secundários. Recomendado: Os filmes que ganharam mais Óscares
12 filmes fantásticos e de terror que ganharam Óscares

12 filmes fantásticos e de terror que ganharam Óscares

É muito raro um filme como A Forma da Água, de Guillermo Del Toro, ser nomeado para tantos Óscares como aconteceu em 2018: 13. Recebeu quatro (filme, realizador, banda sonora e direcção de arte), apesar de não estar na tradição da Academia de Hollywood distinguir com estatuetas douradas o cinema da fantasia e do sobrenatural. Mesmo assim, ao longo das décadas, foram vários os filmes fantásticos e de terror recompensados, quase sempre nas categorias secundárias, como caracterização, guarda-roupa ou efeitos visuais. Mas há excepções, como O Senhor Dos Anéis: O Regresso do Rei, a última aventura cinematográfica da trilogia tolkiana de Peter Jackson. Recomendado: Uma dúzia de grandes realizadores que nunca ganharam um Óscar
Os filmes em cartaz esta semana, de ‘Parthenope’ a ‘O Império’

Os filmes em cartaz esta semana, de ‘Parthenope’ a ‘O Império’

Tanto cinema, tão pouco tempo. Há filmes em cartaz para todos os gostos e de todos os feitios. Das estreias em cinema aos títulos que, semana após semana, continuam a fazer carreira nas salas. O que encontra abaixo é uma selecção dos filmes que pode ver no escurinho do cinema, que isto não dá para tudo. Há que fazer escolhas e assumi-las (coisa que fazemos, com mais profundidade nas críticas que pode ler mais abaixo nesta lista). Nas semanas em que há estreias importantes de longas-metragens no streaming, também é aqui que as encontra. Bons filmes. Recomendado: As estreias de cinema a não perder nos próximos meses
As estreias de cinema para ver em Março, de ‘Mickey 17’ a ‘Tudo Acontece em Paris’

As estreias de cinema para ver em Março, de ‘Mickey 17’ a ‘Tudo Acontece em Paris’

Março é o mês dos Óscares. Mas o cinema é um caminho e não se resume a uma gala em Los Angeles. Vamos por etapas. Se ainda estiver a aprender o bê-a-bá da cinefilia, comece pelos clássicos de cinema para totós; se está a aprofundar conhecimentos, certifique-se de que viu os 100 melhores filmes de sempre; se já é um utilizador avançado e é dado a circuitos marginais, não falta cinema alternativo em Lisboa. Mas se tudo o que anda à procura é de um bom filme para ver numa sala de cinema comercial, então aqui encontra as principais estreias de cinema de Março de 2025. Recomendado: Todos os filmes com nomeações aos Óscares que pode ver em casa
Os filmes que ganharam mais Óscares

Os filmes que ganharam mais Óscares

Antes da 97.ª cerimónia de entrega dos Óscares, que se realiza a 2 de Março, em Los Angeles, recordamos alguns dos filmes com o maior número de estatuetas no currículo. O clássico Ben-Hur, Titanic e a terceira parte da trilogia O Senhor dos Anéis lideram a lista dos recordistas de Óscares na história do cinema, com 11 prémios. A versão de 1961 de West Side Story – Amor sem Barreiras, distinguida com dez estatuetas, é outro dos filmes em destaque. A adaptação do mesmo musical por Steven Spielberg, estreada em 2021, ficou-se pelas sete indicações, mas há três filmes este ano que, pelo menos em teoria, podem juntar-se a esta lista: Emília Pérez, de Jacques Audiard, que teve 13 nomeações; e O Brutalista, Brady Corbet, e Wicked, de Jon M. Chu, ambos canditados a 10 prémios. Será que têm sorte? Recomendado: Todos os filmes com nomeações aos Óscares que pode ver em casa
Todos os filmes com nomeações aos Óscares que pode ver em casa

Todos os filmes com nomeações aos Óscares que pode ver em casa

Nem todos os cinéfilos apreciam partilhar salas de cinema – dado o perigo, por exemplo, de ter de ouvir pipocas a estalar na boca do vizinho. A boa notícia é que há muitos filmes com nomeações aos Óscares para ver em várias plataformas de streaming e on-demand e, por isso mesmo, compilamos este guia – por ordem alfabética – para não lhe passar um ao lado. Do multinomeado Duna: Parte 2 a produções que chegam aos prémios com apenas uma nomeação, como Alien: Romulus. Mas tudo vale a pena se a cinefilia não é pequena. A cerimónia de atribuição dos prémios está marcada para 2 de Março e aqui encontra todos os filmes com nomeações disponíveis no streaming e num videoclube perto de si. Recomendado: Os filmes em cartaz esta semana  
Óscares 2025: conheça os nomeados para Melhor Filme

Óscares 2025: conheça os nomeados para Melhor Filme

A 97.ª cerimómia dos Óscares está aqui ao virar da esquina. É a 2 de Março que o Dolby Theatre volta a receber a nata de Hollywood (uma tradição desde 2002), numa cerimónia que será apresentada por Conan O'Brian, uma estreia bastante aguardada. É o filme Emília Perez que arranca com alguma vantagem, liderando com 13 nomeações, seguido de O Brutalista e Wicked, ambos com 10 nomeações. Mas, tal como os filmes, é um enredo à mercê de reviravoltas. Enquanto faz as suas apostas, estes são os dez nomeados a melhor filme do ano. Recomendado: Os filmes com nomeações aos Óscares que pode ver em casa
As estreias de cinema para ver em Fevereiro, de ‘Sing Sing’ a ‘Bridget Jones: Louca por Ele’

As estreias de cinema para ver em Fevereiro, de ‘Sing Sing’ a ‘Bridget Jones: Louca por Ele’

Com os Óscares no horizonte, o apetite pela sala de cinema aumenta sempre. Para alimentar essa vontade de consumo cinéfilo, damos-lhe as principais estreias de filmes para ver em Fevereiro. Escolhemos dez. E três chegam a Portugal com nomeações aos Óscares a acompanhar. O destaque vai para Sing Sing, inspirado numa experiência real no programa Reabilitação Através das Artes da prisão nova-iorquina que dá o nome ao filme, e que está nomeado aos Óscares nas categorias de Música Original, Actor Principal e Argumento Adaptado. Em Fevereiro, também será possível ver no grande ecrã os filmes A Rapariga da Agulha, produção dinamarquesa nomeada a Melhor Filme Internacional; e Atentado de 5 de Setembro, nomeado ao Óscar de Argumento Original. O mês é pequeno, mas tem grandes estreias com direito a Bridget Jones: Louca por Ele, o quarto e último filme da saga. Recomendado: ‘White Lotus’, ‘Cobra Kai’ e mais séries a não perder em Fevereiro
As estreias de cinema a não perder em 2025

As estreias de cinema a não perder em 2025

A televisão foi a primeira grande culpada. Depois vieram os clubes de vídeo, os VHS e os DVD, a pirataria na internet. Agora é o streaming. Há mais de 60 anos que a queda no número de espectadores nas salas de cinema gera preocupações, dilemas e estratégias para a combater. Nem todas funcionam. Por cá, propomos a única solução ao nosso alcance: sugerir bons filmes. Pelo menos, filmes que queremos ver. Até ao final do ano, haverá muito mais, mas destacamos 16 longas-metragens que chegam aos cinemas em 2025. Do cinema independente aos grandes blockbusters, há espaço para todos. Estas são as estreias de cinema a não perder. Recomendado: 28 séries a não perder em 2025

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O Atentado de 5 de Setembro

O Atentado de 5 de Setembro

3 out of 5 stars
Durante os Jogos Olímpicos de Munique de 1972, uma equipa de jornalistas de desporto e de técnicos da estação americana ABC, que está a seguir o evento, é obrigada a adaptar-se para cobrir o caso dos atletas israelitas que foram feitos reféns por um comando terrorista palestiniano, o Setembro Negro, e que resultaria num massacre que chocou o mundo inteiro. Recriando factos reais, Atentado de 5 de Setembro é uma co-produção Alemanha/EUA realizado por Tim Fehlbaum e documenta como foi feita esta transição, destacando a intensa experiência profissional e emocional que constituiu a primeira cobertura em directo de uma tragédia global. Bem ritmado, tenso e eficazmente sintético (dura 95 minutos, uma raridade nestes tempos de fitas prolixas com duas e três horas), o filme recria o jornalismo tal como se fazia nesse ano de 1972, quando tudo era ainda analógico, em papel e manual, e nem sequer se sonhava com a Internet, as comunicações digitais, as redes sociais e a informação em contínuo e em directo. Os jornalistas e técnicos da ABC, e a sua tradutora alemã, Marianne, que lhes vai servir também de precioso contacto e de “antena” com os media locais, têm que dar asas à imaginação, e improvisar a todo o pé de passada (um deles vai mesmo fingir ser um atleta dos EUA para levar bobinas de filme aos colegas que desobedeceram às ordens de evacuação da polícia alemã e ficaram escondidos num prédio da Aldeia Olímpica, a filmar com uma câmara portátil e a relatar o que se passava), para con
Flow – À Deriva

Flow – À Deriva

4 out of 5 stars
Prémio do Júri e do Público no Festival de Annecy, Globo de Ouro de Melhor Filme de Animação e candidato ao Óscar de Melhor Longa-Metragem de Animação, Flow – À Deriva é realizado pelo letão Gints Zilbalodis, e um dos melhores filmes do género dos últimos anos. Passa-se num mundo futuro decadente de onde os humanos desapareceram e só os animais sobreviveram, e que é assolado por gigantescas inundações. Um solitário gato que vive na casa que pertenceu ao dono, um artista (há desenhos e esculturas de felinos por toda a parte, até no jardim) encontra refúgio num barco onde se vão juntar uma capivara, um cão, um lémure e um pássaro secretário, que para sobreviver vão ter que juntar esforços e esquecer as suas divergências. Tal como na sua longa-metragem anterior, Away – A Viagem (2019), Zilbalodis conta esta história de amizade e entreajuda por meios visuais e musicais, já que os animais protagonistas são escassamente antropomorfizados, não falam e os sons que emitem correspondem a equivalentes seus reais, que a equipa do filme gravou para o efeito (com excepção da capivara, que tem a “voz” de um camelo bebé), o que os torna mais autênticos e menos “desenhos animados”. E logo mais próximos de nós em termos emocionais, de empatia e de envolvimento nas peripécias da aventura aquática do gato individualista e que odeia água, e dos seus companheiros. O realizador cita influências tão díspares como os filmes do Senhor Hulot, de Jacques Tati, ou a série de animação japonesa Conan, o Ra
Crónicas Chinesas

Crónicas Chinesas

3 out of 5 stars
Em Janeiro de 2020, um realizador chinês convence a equipa técnica e os actores a retomarem, em Wuhan, a rodagem de um filme interrompido uma década antes. Com as filmagens quase concluídas, começam a circular rumores sobre uma nova e estranha doença. Alguns elementos do elenco e da equipa conseguem sair do hotel em que estão alojados antes de este fechar. Os restantes são confinados aos quartos e o realizador vai ter que decidir se interrompe as filmagens mais uma vez, quando Wuhan é isolada e posta em confinamento por causa da pandemia de Covid-19. Realizado por Lou Ye, Crónicas Chinesas é um documento dramatizado sobre o dia-a-dia, o tédio e as angústias do confinamento radical em Wuhan, através da situação dos actores e técnicos que não conseguiram deixar o hotel e a cidade e ficaram lá retidos durante longo tempo, sem poderem comunicar uns com os outros, e com o exterior, senão por telemóvel e computador. E que inclui, no final, imagens da violenta contestação popular naquela cidade às brutais medidas sanitárias e securitárias impostas pelo regime chinês, que envolveram confrontos com polícia e membros das equipas de saúde, e a destruição de instalações e equipamentos, imagens essas pouco ou mesmo não divulgadas fora do país.
A Presença

A Presença

4 out of 5 stars
O versatilíssimo e incansável Steven Soderbergh envereda agora pelo terror em A Presença, onde filma uma família de quatro pessoas que se instala na sua nova casa nos subúrbios de uma grande cidade, que tem cem anos mas foi renovada recentemente. A mãe, Rebekah, trabalha muito e adora o filho, Tyler, um nadador de competição, e o pai, Chris, tem que lembrar à mulher, que o domina, que não ela pode desprezar a filha adolescente, Chloe, deprimida após a morte da melhor amiga com uma overdose. Dos quatro, apenas Chloe sente, e logo desde que lá entra, uma presença sobrenatural na casa. O pai, a mãe e o irmão começam por pensar que a rapariga está psiquicamente perturbada com a morte da amiga, mas quando todos testemunham, certa noite, uma manifestação assustadora, convencem-se que existe mesmo um espectro na casa. Decidem então chamar uma vidente, que lhes dá a melhor, embora vaga, explicação sobre a assombração, mas o ambiente em casa, e entre os pais e os filhos, piora ainda mais desde aí. Baseando-se em algo insólito que aconteceu na sua própria casa em Los Angeles, Steven Soderbergh entregou o argumento de A Presença ao prestigiado David Koepp com quem já tinha trabalhado antes, e rodou a fita no seu melhor estilo independente, poupadinho e “portátil”: em menos de um mês, quase toda no mesmo cenário, usando uma câmara Sony barata e equipada com uma lente adequada à ideia visual que orienta o filme (o realizador foi também o director de fotografia, operador de câmara e montad
A Complete Unknown

A Complete Unknown

3 out of 5 stars
James Mangold, o realizador de A Complete Unknown, não gosta que digam que o seu filme é um “biopic” de Bob Dylan. Como declarou numa entrevista à revista Vogue: “É uma forma de deitar um filme abaixo, de o desmerecer. É um termo usado de forma pejorativa para indicar uma história que vai do berço até à sepultura do biografado, com muitas participações breves de pessoas famosas, que entram e saem rapidamente. Quando as pessoas usam esse termo, querem dizer que um filme não ganhou o direito à sua própria gravidade emocional – que está a viver à conta de aparências daquilo ‘que aconteceu na realidade’ para se atribuir uma integridade de obra de arte que poderá não ter.” Escrito pelo próprio Mangold e por Jay Cocks, e baseado no livro de 2015 Dylan Goes Electric!, de Elijah Wald, A Complete Unknown abrange cinco anos da vida e da carreira de Bob Dylan (interpretado por Timothée Chalamet), entre 1961 e 1965. A história vai da sua chegada a Nova Iorque, onde se instalou em Greenwich Village, quando era um desconhecido, até chegar à fama, ser considerado o porta-voz de uma nova geração e fazer a lendária actuação “eléctrica” no Festival de Música Folk de Newport, em que incorreu na fúria de um público purista que esperava um concerto acústico e não de rock n’roll com um grupo, e que marcou um novo ciclo na carreira de Dylan, bem como uma nova etapa na música pop/rock. Entre os vários nomes que se cruzam com ele ou o acompanham em A Complete Unknown, e que foram importantes, pessoal
A Semente do Figo Sagrado

A Semente do Figo Sagrado

4 out of 5 stars
Vencedor do Prémio Especial do Júri no Festival de Cannes e nomeado ao Óscar de Melhor Filme Internacional, o novo filme do iraniano Mohammad Rasoulof (O Mal Não Existe) foi rodado clandestinamente, e o cineasta está agora refugiado na Alemanha, após ter sido condenado a oito anos de cadeia e a ser chicoteado pelas autoridades do seu país (já tinha estado preso antes, mas a pena foi perdoada). Iman, chefe de uma família da classe média de Teerão e jurista, é nomeado juiz de investigação, com poder para assinar sentenças de morte, durante os protestos de Setembro de 2022, desencadeados pela morte da jovem Mahsa Amini quando estava sob custódia policial. A arma que foi distribuída a Iman para protecção, e que guarda no quarto, desaparece, o que pode levar à sua demissão e queda em desgraça, e ele começa a suspeitar da mulher e das duas filhas, e torna-se cada vez mais desconfiado e paranóico, criando uma atmosfera insuportável em casa. Até que, por sugestão de um colega, obriga a mulher e as filhas a serem submetidas a um interrogatório, feito por um amigo do casal, militar e membro dos serviços secretos. Por meio desta história, Rasoulof mostra os efeitos do regime teocrático repressivo sobre as famílias iranianas, e a forma como estas repercutem no seu interior o funcionamento dos mecanismos do poder político-religioso, e a submissão total e lealdade inquestionável que exigem. Mas também como estão a dividir as gerações e a causar atritos crescentes e rupturas violentas entre
Encontro com Pol Pot

Encontro com Pol Pot

4 out of 5 stars
Em 1978, três jornalistas franceses são convidados para visitar o Cambodja de Pol Pot, o ditador comunista genocida. Por essa altura, já dois milhões de cambodjanos foram assassinados pelo regime dos Khmer Vermelhos. Durante a estadia, a máscara da propaganda acaba por cair e a viagem torna-se num pesadelo para o trio. Sobrevivente dos campos da morte nos anos 70, Rithy Panh continua a denunciar o horror totalitário que atingiu o seu país e eliminou parte da população, e aqui também a cumplicidade criminosa de muitos ocidentais, representados pelo jornalista que andou com o líder cambodjano na universidade em Paris, e acredita piamente neste, na bondade do regime Khmer Vermelho e na propaganda que lhe é apresentada e aos seus dois colegas. Encontro com Pol Pot inspira-se em acontecimentos e figuras reais, e o próprio Rithy Pahn interpreta Pol Pot, que aparece apenas uma vez no filme (o encontro do título), mas numa sequência memoravelmente arrepiante.
Mars Express

Mars Express

3 out of 5 stars
Esta longa-metragem animada de ficção científica (FC) e acção realizada pelo francês Jérémie Périn passa-se no futuro, primeiro na Terra e depois em Marte, quando este planeta está terraformado e colonizado, e os robôs e andróides estão perfeitamente integrados na sociedade. E a tecnologia permite não só “ressuscitar” os mortos e dar-lhes um corpo parte electrónico, parte virtual, como também fazer “duplos” cibernéticos das pessoas. Influenciado pela banda desenhada francófona de FC, pela animação japonesa (caso de Ghost in the Shell), pelos jogos de vídeo e por filmes como Robocop – Polícia do Futuro ou Blade Runner – Perigo Iminente, Jérémie Périn realiza um filme adulto, inventivo e complexo, que é uma boa alternativa, quer estética e formalmente, quer na concepção da história, às animações que nos chegam dos EUA e da Europa. E que reflecte sobre temas como as aplicações úteis e duvidosas da Inteligência Artificial, as interacções high tech entre homens, computadores, robôs e andróides, ou as implicações sociais e morais da criação de sósias artificiais dos humanos e de versões ciberneticamente “ressuscitadas” destes.
Nosferatu

Nosferatu

3 out of 5 stars
Rober Eggers (A Bruxa, O Homem do Norte) é o autor desta nova versão do clássico mudo de terror que F.W. Murnau realizaou em 1922, e que teve já um remake, em 1979, da autoria de Werner Herzog. Bill Skarsgard interpreta o conde Orlok, o vampiro do título, acompanhado por Nicholas Hoult, Lily Rose-Depp, Willem Dafoe e Aaron Taylor-Johnson. Eggers modifica alguns aspectos da história original, ao mesmo tempo que mantém referências várias ao original de Murnau, bem como algumas à versão de Herzog, e ainda, sobretudo na concepção dos ambientes, aos filmes de vampiros da Hammer. A história deste novo remake, muito plúmbeo mas não excessivamente sangrento, que continua a passar-se na Alemanha do século XIX, centra-se na atormentada personagem de Ellen (Rose-Depp) e na sua ligação involuntária e sobrenatural (e com sugestões sexuais) ao ancestral vampiro, que por sua vez é caracterizado como os das velhas lendas e histórias do folclore do Leste e do Báltico, e cujo aspecto repugnante o realizador só revela mesmo no clímax. Willem Dafoe quase que “rouba” o filme no papel do excêntrico erudito e ocultista que lidera a caça ao monstro. Eurico de Barros      
O Barco do Amor

O Barco do Amor

3 out of 5 stars
Justine (Sandrine Kiberlain) trabalha, o marido, Albin (Denis Podalydès), não. Franck (Daniel Auteuil), o patrão de Justine, um empresário abastado e divorciado, pede-lhe para que organize um fim-de-semana romântico para ele e para uma mulher que admira e que quer conquistar. E passa-lhe para as mãos, assim sem mais nem menos, 14 mil euros para que ela trate de tudo. Justine e o marido têm então uma ideia. Convocam um pequeno grupo de amigos, todos sem cheta como eles, mas com talentos vários, da culinária à música. Mais importante, um deles, Jocelyn (Bruno Podalydès), está encarregue da entrega de um pequeno veleiro a motor no fim-de-semana. Planeiam então proporcionar ao patrão de Justine e à sua conquista um idílico fim-de-semana rio abaixo, e abotoarem-se com os 14 mil euros (que Justine e Franck disseram aos amigos serem sete mil…). Esta é a premissa de O Barco do Amor, que Bruno Podalydès escreveu e realiza, além de interpretar o “comandante” Jocelyn. E é caso para dizer que foi preciso chegarmos ao fim do ano para vermos finalmente uma comédia ligeira francesa na melhor, mais digna e mais genuína linha do género. E ninguém mais indicado para o fazer do que Podalydès, que como realizador se tem revelado estar tão à vontade na comédia como no drama ou mesmo no policial. Regressados a bordo do barco do título, a identidade da mulher que o patrão de Justine revela-se uma surpresa: a própria Justine, que nunca lhe disse que era casada. Entre revelar-lhe a verdade e perder 1
O Meu Bolo Favorito

O Meu Bolo Favorito

3 out of 5 stars
Mahin é uma mulher de 70 anos que vive sozinha em Teerão, após a morte do marido, há três décadas, e a ida das filhas para o estrangeiro. Após uma conversa com um grupo de amigas durante um almoço que dá em casa, Mahin conhece Faramarz, um taxista solitário e insatisfeito com a vida como ela, convida-o para sua casa. O governo do Irão tentou apreender a fita e Maryam Moghaddam e Behtash Sanaeeha, o casal de realizadores de O Meu Bolo Favorito, foram impedidos de sair do Irão para a acompanhar ao Festival de Berlim, estão proibidos de filmar e enfrentam agora a justiça. Através da história de Mahin, que ousa violar vários preceitos da lei islâmica para vencer a sua profunda solidão e poder ter alguns momentos de convívio e alegria em sua casa com o homem que acaba de conhecer e com o qual simpatizou, Moghaddam e Sanaeeha falam, além da solidão dos velhos, sobre a situação e os direitos de todas as mulheres iranianas, face a um regime teocrata, intolerante e hipocritamente puritano. Sem forçar a menor emoção nem recorrer à lamechice, e imitando nisso os realizadores, Lili Farhadpour é formidável e comovente no papel de Mahin.
Conversas com o Diabo

Conversas com o Diabo

4 out of 5 stars
Filme de terror assinado pelos australianos Cameron e Colin Cairnes, passado em 1977, em Nova Iorque. Jack Delroy (David Dastmalchian), apresentador de um outrora popular talk show televisivo, perdeu a mulher, morta de cancro, e boa parte da sua audiência. Planeia então uma emissão especial de Halloween em directo, com um vidente, um céptico, uma parapsicóloga e uma jovem que é a única sobrevivente de um suicído em massa de um culto satânico e está alegadamente possuída por um demónio. Além de fazerem um pastiche impecável da televisão americana dos anos 70, os irmãos Cairns cruzam elementos de Escândalo na TV, de O Exorcista e do célebre falso documentário da BBC Ghostwatch, emitido no Halloween de 1992 e que milhares e milhares de pessoas tomaram por verdadeiro, e constroem um dos melhores filmes de terror sobrenatural deste ano, em que um talk show em crise de espectadores e que recorre ao sensacionalismo para se manter à tona e não ser cancelado, vai-se gradualmente transformando no cenário de uma manifestação demoníaca. David Dastmalchian é excelente no desesperado Jack Delroy, um misto de Johnny Carson e de Jerry Springer, e a personagem de Carmichael Hunt (Ian Bliss), o ilusionista céptico e desmistificador de impostores do paranormal e do sobrenatural, é obviamente inspirada no grande James Randi. Absolutamente a não perder pelos apreciadores do género.

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O Pátio das Antigas: O Salão Central que depois foi Central Cinema

O Pátio das Antigas: O Salão Central que depois foi Central Cinema

Quando abriu as portas no Palácio Foz, nos Restauradores, a 18 de Abril de 1908, o Salão Central, propriedade do dinâmico distribuidor de filmes Raul Lopes Freire, era o cinema mais luxuoso de Lisboa, com 425 lugares e um pequeno grupo musical privativo para acompanhar ao vivo a projecção dos filmes mudos. Lopes Freire era já o proprietário de uma outra sala de cinema na Baixa, o Salão Chiado, situado nos Grandes Armazéns do Chiado. Numa publicidade dessa época reproduzida pelo blogue Restos de Colecção. O Salão Central é referido como “o melhor animatographo de Lisboa” e são anunciadas as suas “sessões elegantes à terça-feira”, “sessões da moda à quinta-feira”, “grandiosas matinés-concerto ao domingo” e “magníficos concertos pelo sexteto do Salão”. Recorde-se que pela mesma altura, e até 1939, o Palácio Foz acolheu, além do Salão Central, estabelecimentos tão variados como o restaurante A Abadia, a Pastelaria Foz e o cabaré Maxim’s. Em 1919, o incansável Lopes Freire fechou o cinema para melhoramentos. Em 1926, a sala voltou a encerrar para mais obras, reabrindo em 1928 (coincidindo com a abertura do citado Maxim’s), mantendo os mesmos padrões de luxo e elegância, mas agora com um novo nome: Central Cinema. Fecharia em 1945. Funciona lá hoje, desde 2007, a Cinemateca Júnior, depois de lá ter estado instalada a Cinemateca Portuguesa, entre 1958 e 1979. Coisas e loisas de outras eras + Sol a Sol, o primeiro “drugstore” de Lisboa + O cinema e a fotografia segundo a Pathé-Baby +
‘O Atentado de 5 de Setembro’: a tragédia dos Jogos Olímpicos de Munique vista pela televisão

‘O Atentado de 5 de Setembro’: a tragédia dos Jogos Olímpicos de Munique vista pela televisão

Realizados quase 30 anos depois do final da II Guerra Mundial de Munique, os Jogos Olímpicos de Munique de 1972 foram realizados sob o signo do slogan “Os Jogos da Serenidade”. A Alemanha queria proporcionar um grande espectáculo ao mundo e, através dele, mostrar que continuava, consistente e diligentemente, o seu processo de recuperação da devastação, dos traumas e também da culpabilidade colectiva associada àquele grande conflito. Talvez por isso, e para apagar a imagem propagandística e a envolvência marcial dos Jogos Olímpicos de Berlim de 1936, que decorreram durante o regime nacional-socialista, a segurança foi descurada na Aldeia Olímpica e as autoridades alemãs não estavam preparadas para o que aconteceu. Na madrugada do dia 5 de Setembro, um comando de oito membros da organização terrorista palestiniana Setembro Negro infiltrou-se na Aldeia Olímpica, matou dois membros da equipa olímpica de Israel e fez nove outros reféns. Os terroristas exigiam a libertação de um conjunto de palestinianos e alguns não-árabes ligados a movimentos armados de extrema-esquerda, das cadeias israelitas. Todas as tentativas de negociação e de troca dos atletas reféns por personalidades alemãs falharam. No dia 6 de Setembro foi oferecido um avião aos terroristas, para irem com os reféns para o Cairo. A tentativa de resgate destes no aeroporto militar onde o avião se encontrava, falhou, redundando num massacre em que morreram todos os reféns, um polícia alemão e cinco dos oito membros do com
Tudo sobre ‘Bridget Jones: Louca por Ele’, e sobre ela mesma

Tudo sobre ‘Bridget Jones: Louca por Ele’, e sobre ela mesma

Faz agora 30 anos, em 1995, começou a ser publicada no diário inglês The Independent uma crónica intitulada Bridget Jones’s Diary, não assinada (o que levou muitos leitores logo a pensar que se tratava de um nome fictício). A dita Bridget Jones – Bridget Rose Jones, de seu nome completo – era uma mulher de trinta e poucos anos, da classe média, solteira, com uma profissão liberal e um grupo de amigos próximos muito fiel e castiço, que contava os seus problemas quotidianos, em especial as suas relações e desilusões sentimentais, e as suas aspirações românticas. Bridget bebia e fumava demais, e estava sempre a fazer resoluções para deixar os cigarros, beber menos e também perder algum peso.  A crónica, que através da personagem de Bridget Jones, satirizava e retratava, de forma deliberadamente estereotipada, mas também com empatia e bom humor, a vida de um largo segmento da população feminina inglesa (e não só), foi um sucesso imediato e inesperado. A sua autora revelou-se ser a jornalista e escritora Helen Fielding que rapidamente passou a sua criação (a que não escapavam características autobiográficas) a livro, em O Diário de Bridget Jones (1996), seguido por O Novo Diário de Bridget Jones (1999). Em 2013, saiu um terceiro título, Bridget Jones – Ele Dá-me a Volta à Cabeça. Foram todos best-sellers, como se esperaria. Entretanto, entre 1997 e 1998, Fielding saiu do The Independent e foi para o The Daily Telegraph, levando consigo a sua heroína. Em 2005, regressaram ambas ao
O Pátio das Antigas: Sol a Sol, o primeiro “drugstore” de Lisboa

O Pátio das Antigas: Sol a Sol, o primeiro “drugstore” de Lisboa

Antes do Tutti Mundi, antes do Apolo 70, antes do Imaviz, antes das Amoreiras, antes de qualquer outro, pequeno ou grande, de bairro ou para servir toda a cidade, o Sol a Sol foi o primeiro drugstore (como se chamavam então os centros comerciais, à moda dos EUA) de Lisboa. O Sol a Sol abriu a 20 de Dezembro de 1967 e situava-se, muito discretamente (tal como discreto era o seu letreiro), na cave de um prédio da Avenida da Liberdade, um pouco abaixo do edifício do Diário de Notícias, e logo a seguir à Rua Alexandre Herculano (as traseiras davam para a Rodrigues Sampaio). Fundado por um grupo de empresários, o Sol a Sol estava aberto das 9.30 à 01.00, o que só por si era uma grande novidade no comércio lisboeta. Havia 33 lojas, do oculista à florista, da sapataria à agência de viagens, passando por uma bem recheada discoteca e uma loja de posters que se tornou numa sensação entre os mais jovens. E até tinha música ambiente. “O drugstore da Avenida”, como também lhe chamavam, teve logo a atenção da imprensa e poucos dias após ter sido inaugurado, o Diário de Lisboa dedicou-lhe um artigo, com o título “A Carnaby de Lisboa fica numa cave da Avenida”, numa alusão à Carnaby Street londrina. Houve também quem não gostasse e dissesse que o Sol a Sol parecia “uma catacumba” e era “não aconselhável aos claustrofóbicos”. Fechou alguns anos depois, ainda antes do 25 de Abril. Coisas e loisas de outras eras + O cinema e a fotografia segundo a Pathé-Baby + As várias vidas do Restaurante Avi
O fantasma especial de Steven Soderbergh

O fantasma especial de Steven Soderbergh

Steven Soderbergh não só é capaz de fazer todo o tipo de filmes, de grandes produções de estúdio com gordos orçamentos e muitas vedetas, a fitas independentes com pouco dinheiro e actores menos ou nada conhecidos, e em todos os géneros, como também de conseguir transformar qualquer história, qualquer acontecimento, num filme. A história de A Presença, a sua nova realização, uma fita de fantasmas (estreia-se esta semana), baseia-se em algo que aconteceu há pouco tempo na sua moradia de Los Angeles. Ou seja, desta vez, Soderbergh nem sequer precisou de sair de casa para ter uma ideia para um filme. O realizador e a família estiveram ausentes de casa por algum tempo e pediram a uma amiga que ficasse lá e tomasse conta dela enquanto eles estavam fora. Uma noite, a amiga estava a ver televisão na sala quando viu alguém no fundo do corredor a ir da casa de banho para um dos quartos. Mas constatou que não havia ninguém em casa, e telefonou logo ao realizador de Sexo, Mentiras e Vídeo a contar o que tinha acontecido. Quando regressou, Steven Soderbergh descobriu que um antigo morador tinha morrido lá em casa, e em circunstâncias nunca resolvidas, segundo os vizinhos, que lhe disseram não acreditar na versão oficial de suicídio da polícia. Teriam o realizador e a sua família uma assombração em casa? Não voltou a haver nenhuma manifestação, mas Soderbergh, inspirado pelo sucedido, imaginou como seria se houvesse um fantasma numa casa e uma família com problemas se mudasse para lá, o qu
‘A Complete Unknown’: Bob Dylan em Nova Iorque

‘A Complete Unknown’: Bob Dylan em Nova Iorque

James Mangold, o realizador de A Complete Unknown, não gosta que digam que o seu filme é um “biopic” de Bob Dylan. Como declarou numa entrevista à revista Vogue: “É uma forma de deitar um filme abaixo, de o desmerecer. É um termo usado de forma pejorativa para indicar uma história que vai do berço até à sepultura do biografado, com muitas participações breves de pessoas famosas, que entram e saem rapidamente. Quando as pessoas usam esse termo, querem dizer que um filme não ganhou o direito à sua própria gravidade emocional – que está a viver à conta de aparências daquilo ‘que aconteceu na realidade’ para se atribuir uma integridade de obra de arte que poderá não ter.” Escrito pelo próprio Mangold e por Jay Cocks, e baseado no livro de 2015 Dylan Goes Electric!, de Elijah Wald, A Complete Unknown abrange cinco anos da vida e da carreira de Bob Dylan (interpretado por Timothée Chalamet), entre 1961 e 1965. A história vai da sua chegada a Nova Iorque, onde se instalou em Greenwich Village, quando era um desconhecido, até chegar à fama, ser considerado o porta-voz de uma nova geração e fazer a lendária actuação “eléctrica” no Festival de Música Folk de Newport, em que incorreu na fúria de um público purista que esperava um concerto acústico e não de rock n’roll com um grupo, e que marcou um novo ciclo na carreira de Dylan, bem como uma nova etapa na música pop/rock. Entre os vários nomes que se cruzam com ele ou o acompanham em A Complete Unknown, e que foram importantes, pessoal
‘O Brutalista’: a saga americana de um arquitecto europeu

‘O Brutalista’: a saga americana de um arquitecto europeu

Depois de ter conquistado o Prémio de Melhor Realização no Festival de Veneza e os Globos de Ouro de Melhor Filme Dramático, Realizador e Actor, O Brutalista, de Brady Corbet (Vox Lux) foi agora nomeado para dez Óscares. O filme vem juntar-se a vários outros sobre arquitectura, ou que têm um arquitecto como principal protagonista, como é o caso de Vontade Indómita, de King Vidor (1949), baseado no livro The Fountainhead, de Ayn Rand, e sem dúvida o melhor de todos deste género; A Barriga de um Arquitecto, de Peter Greenaway (1987); O Arquitecto, de Matt Tauber (2006); o igualmente intitulado O Arquitecto, de Jonathan Parker (2016); ou, mais recentemente, Megalopolis, de Francis Ford Coppola.  Adrien Brody interpreta László Tóth, um talentoso arquitecto húngaro que estudou na Bauhaus, sobreviveu à II Guerra Mundial e aos campos da morte nazis, e chega aos EUA em 1947 como refugiado, tendo deixado para trás a mulher, Erzsbéth (Felicity Jones), e uma jovem sobrinha órfã, Zsófia (Raffey Cassidy), retidas pela burocracia soviética. Tóth é acolhido por um primo que vive confortavelmente com a mulher em Filadélfia, e tem que se resignar a trabalhar na empresa de móveis daquele, fazendo tarefas que pouco ou nada têm a ver com a sua formação e o seu enorme valor profissional. A sua situação muda quando conhece o rico e esclarecido Harrison Van Buren (Guy Pearce), homem com interesses artísticos e bom gosto, que lhe encomenda um arrojado edifício modernista, misto de biblioteca, teatro
‘Maria’: Angelina Jolie traz a Callas de volta ao cinema

‘Maria’: Angelina Jolie traz a Callas de volta ao cinema

Em 1969, Pier Paolo Pasolini convenceu Maria Callas a interpretar o papel do título no seu filme Medeia. A rodagem foi bastante penosa para a cantora, e a fita não foi um sucesso de bilheteira, com certeza porque os admiradores da diva queriam ouvi-la cantar, mas não vê-la apenas representar. Medeia ficou como o único papel não-operático da Callas. Em 2002, Franco Zeffirelli, que tinha dirigido a diva no palco em encenações das óperas Norma, A Traviata e Tosca, e a conheceu muito bem, profissional e pessoalmente, realizou Callas para Sempre, um filme em grande parte ficcional, em que escolheu Fanny Ardant para interpretar a cantora, ao lado de Jeremy Irons. Passado em 1977, o ano da morte da artista, Callas para Sempre gira em redor de uma adaptação ao cinema da Carmen, de Bizet, que Larry Kelly, o antigo empresário da Callas, vai produzir, conseguindo convencê-la a interpretar o papel principal. E como a sua voz já não é o que era, Maria Callas terá que fazer playback de um disco que gravou daquela ópera. O filme teve um sucesso moderado. Em 2017, Tom Volf, autor de dois livros sobre a cantora, lançou o excelente documentário Maria by Callas, em que a história da Callas é contada por ela própria, através de entrevistas, cartas, interpretações em palco, home movies e excertos de memórias nunca publicadas. Maria Callas regressa agora ao cinema em Maria (estreia esta semana) pela mão do realizador chileno Pablo Larraín, e interpretada por Angelina Jolie. Este filme é o terceiro
O Pátio das Antigas: O cinema e a fotografia segundo a Pathé-Baby

O Pátio das Antigas: O cinema e a fotografia segundo a Pathé-Baby

Durante muito tempo, o nome Pathé-Baby foi o mais querido dos fotógrafos e cineastas amadores portugueses. Em Junho de 1925, abriram no Porto e em Lisboa as filiais portuguesas da empresa francesa dos irmãos Charles e Émile Pathé, dois dos fundadores dos históricos estúdios Pathé e também inventores do projector de 9,5 mm Pathé-Baby, da câmara de filmar homónima e do mecanismo Motrix, que dispensava a manivela, bem como de máquinas fotográficas, acessórios e películas, que tiveram um colossal sucesso e impulsionaram a fotografia e o cinema amador. Na capital, a Pathé-Baby Portugal estava na Baixa, na Rua de São Nicolau, e oferecia ainda aos clientes laboratório, estúdios e oficinas. Eram famosas as suas montras temáticas (ver foto). A casa lançou um concurso de cinema amador que teve várias edições nos anos 40 e 50, e deu origem à revista Cinema de Amadores. Gravava ainda discos, oferecia serviços de filmagem de festas, técnicas, turísticas, etc., e alugava projectores e fitas. Muitos foram os que viram cinema pela primeira vez em festas de anos ou no Natal, graças aos projectores e filmes lá alugados pelos pais. Em 1946, abriu em Lisboa um espaço dedicado ao formato reduzido, a Sala Pathé-Baby. A concorrência e as inovações de outras marcas, e o aparecimento do Super 8, condenaram o formato 9,5 mm, e a Pathé-Baby Portugal fechou na década de 80. Coisas e loisas de outras eras + As várias vidas do Restaurante Aviz + Cem anos de espectáculos no Tivoli + A Standard Eléctrica de
Tudo o que precisa de saber sobre ‘Mufasa: O Rei Leão’

Tudo o que precisa de saber sobre ‘Mufasa: O Rei Leão’

É um filão que continua a render há 30 anos. Desde 1994, quando Roger Allers e Rob Minkoff assinaram a longa-metragem animada O Rei Leão, um dos momentos mais altos da história da animação da Walt Disney, quer em termos de excelência artística e narrativa deste género, quer comercialmente, que os estúdios do Rato Mickey e do Pato Donald nunca mais deixaram aproveitar a sua imensa popularidade, que atingiu foros de culto. Para além de uma adaptação a musical de palco na Broadway, houve ainda dois filmes lançados directamente para home vídeo, duas séries de televisão animadas, e muito em especial o remake fotorealista com o mesmo título assinado por Jon Favreau em 2019, que fez tão boa bilheteira como foi mal recebido pela crítica. Esta, entre outros reparos, apontou-lhe o ser um mero – e caríssimo – decalque computacional da fita original de Allers e Minkoff, sem nada de novo para oferecer senão a tecnologia digital empregue. Não é para admirar, e tendo ainda em conta a profunda crise de imaginação e de criatividade que a animação da Disney atravessa, e que se tem reflectido nas suas receitas, que surja agora uma prequela (mas também com elementos de sequela) igualmente fotorealista de O Rei Leão, Mufasa: O Rei Leão, realizada por Barry Jenkins (Moonlight, Se Esta Rua Falasse). E que os estúdios aproveitaram para comemorar o 30.º aniversário do primeiro filme, que abriu imperialmente o caminho a esta lucrativíssima franchise. A ideia de fazer Mufasa: O Rei Leão surgiu pouco ma
Tudo o que precisa de saber sobre o novo filme de ‘O Senhor dos Anéis’

Tudo o que precisa de saber sobre o novo filme de ‘O Senhor dos Anéis’

Há três anos, em 2021, os estúdios New Line perceberam que iriam perder os direitos dos livros O Hobbit e O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien se não fizessem um novo filme brevemente. E decidiram, no âmbito das comemorações dos 20 anos da trilogia de Peter Jackson, começar a trabalhar numa nova produção baseada numa obra do autor. Como já há algum tempo que a New Line pensava fazer uma longa-metragem de animação a partir de elementos das obras de Tolkien, foi decidido rodar uma prequela de O Senhor dos Anéis, intitulada The Lord of the Rings: The War of the Rohirrim (em português, O Senhor dos Anéis:A Guerra dos Rohirrim), passada na Terra Média cerca de 200 anos dos acontecimentos narrados naquele. O nome escolhido para assinar a fita foi o realizador e desenhador japonês Kenji Kamiyama, já que a New Line pretendia que a produção tivesse uma pronunciada identidade de anime, embora o seu estilo visual tivesse obrigatoriamente de continuar ligado ao dos filmes em imagem real de Peter Jackson. Ocupado com outros projectos, Jackson não se envolveu directamente em O Senhor dos Anéis:A Guerra dos Rohirrim, ficando como consultor e com um crédito de produtor executivo (através da sua produtora, a WingNut Films), tal como a sua mulher, Fran Walsh, também ela co-autora do argumento de O Senhor dos Anéis.  DRO Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim Quem ficou associado a esta animação foi a outra co-autora, Philippa Boyens, que participou na elaboração da história e é uma das pro
O Pátio das Antigas: As várias vidas do Restaurante Aviz

O Pátio das Antigas: As várias vidas do Restaurante Aviz

Fumeiro próprio, garrafeira com escanção, um bar magnífico, uma ementa ao nível das dos grandes restaurantes europeus, um ambiente requintadíssimo, uma colecção de relógios de bolso oferecidos pelos seus clientes. Tendo emanado do célebre Hotel Aviz, que fechou em 1961 e foi abaixo no ano seguinte, o Restaurante Aviz abriu as portas em 1962, no primeiro andar de um prédio em pleno Chiado, que abrangia a Rua Serpa Pinto e a Rua Garrett, fundado por um grupo de investidores e de profissionais que tinham trabalhado naquele hotel, de que mantiveram o nome como homenagem e para assinalarem que a qualidade e o luxo iam ser mantidos. O Aviz transformou-se logo numa referência para os gastrónomos, propondo pratos clássicos e outros que eram criações dos seus chefs. Juntamente com o Tavares, era na altura o único restaurante de luxo da capital, tendo conquistado uma estrela Michelin em 1974, 75 e 76. Depois de ter passado por um período difícil na sequência do 25 de Abril, o Aviz estabilizou. E mudou-se em 1996, para o Centro Comercial Amoreiras. Em 2001, saiu de Lisboa, indo para um espaço da Fundação Oriente no Monte Estoril, dada a ligação desta instituição a Carlos Monjardino, sócio maioritário do restaurante. Em 2005, o Aviz “renasceu” tal e qual como era no andar original da Serpa Pinto, agora no novo Hotel Aviz, na Rua Duque de Palmela, em Lisboa. Coisas e loisas de outras eras + Cem anos de espectáculos no Tivoli + A Standard Eléctrica de Cottinelli Telmo + Sonhar com comboio