Eurico de Barros

Eurico de Barros

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As estreias de cinema para ver em Fevereiro, de ‘Sing Sing’ a ‘Bridget Jones: Louca por Ele’

As estreias de cinema para ver em Fevereiro, de ‘Sing Sing’ a ‘Bridget Jones: Louca por Ele’

Com os Óscares no horizonte, o apetite pela sala de cinema aumenta sempre. Para alimentar essa vontade de consumo cinéfilo, damos-lhe as principais estreias de filmes para ver em Fevereiro. Escolhemos dez. E três chegam a Portugal com nomeações aos Óscares a acompanhar. O destaque vai para Sing Sing, inspirado numa experiência real no programa Reabilitação Através das Artes da prisão nova-iorquina que dá o nome ao filme, e que está nomeado aos Óscares nas categorias de Música Original, Actor Principal e Argumento Adaptado. Em Fevereiro, também será possível ver no grande ecrã os filmes A Rapariga da Agulha, produção dinamarquesa nomeada a Melhor Filme Internacional; e Atentado de 5 de Setembro, nomeado ao Óscar de Argumento Original. O mês é pequeno, mas tem grandes estreias com direito a Bridget Jones: Louca por Ele, o quarto e último filme da saga. Recomendado: ‘White Lotus’, ‘Cobra Kai’ e mais séries a não perder em Fevereiro
Os filmes em cartaz esta semana, de ‘A Semente do Figo Sagrado’ a ‘A Complete Unknown’

Os filmes em cartaz esta semana, de ‘A Semente do Figo Sagrado’ a ‘A Complete Unknown’

Tanto cinema, tão pouco tempo. Há filmes em cartaz para todos os gostos e de todos os feitios. Das estreias em cinema aos títulos que, semana após semana, continuam a fazer carreira nas salas. O que encontra abaixo é uma selecção dos filmes que pode ver no escurinho do cinema, que isto não dá para tudo. Há que fazer escolhas e assumi-las (coisa que fazemos, com mais profundidade nas críticas que pode ler mais abaixo nesta lista). Nas semanas em que há estreias importantes de longas-metragens no streaming, também é aqui que as encontra. Bons filmes. Recomendado: As estreias de cinema a não perder nos próximos meses
Todos os filmes com nomeações aos Óscares que pode ver em casa

Todos os filmes com nomeações aos Óscares que pode ver em casa

Nem todos os cinéfilos apreciam partilhar salas de cinema – dado o perigo, por exemplo, de ter de ouvir pipocas a estalar na boca do vizinho. A boa notícia é que há muitos filmes com nomeações aos Óscares para ver em várias plataformas de streaming e, por isso mesmo, compilamos este guia – por ordem alfabética – para não lhe passar um ao lado. Do multinomeado Duna: Parte 2 a produções que chegam aos prémios com apenas uma nomeação, como Alien: Romulus. Mas tudo vale a pena se a cinefilia não é pequena. A cerimónia de atribuição dos prémios está marcada para 2 de Março e aqui encontra todos os filmes com nomeações disponíveis no streaming e num videoclube perto de si. Recomendado: Os filmes em cartaz esta semana  
As estreias de cinema a não perder em 2025

As estreias de cinema a não perder em 2025

A televisão foi a primeira grande culpada. Depois vieram os clubes de vídeo, os VHS e os DVD, a pirataria na internet. Agora é o streaming. Há mais de 60 anos que a queda no número de espectadores nas salas de cinema gera preocupações, dilemas e estratégias para a combater. Nem todas funcionam. Por cá, propomos a única solução ao nosso alcance: sugerir bons filmes. Pelo menos, filmes que queremos ver. Até ao final do ano, haverá muito mais, mas destacamos 16 longas-metragens que chegam aos cinemas em 2025. Do cinema independente aos grandes blockbusters, há espaço para todos. Estas são as estreias de cinema a não perder. Recomendado: 28 séries a não perder em 2025
As 10 melhores séries de 2024

As 10 melhores séries de 2024

Neste momento da história, são às centenas os títulos que estreiam todos os anos no pequeno ecrã. E num mundo global, Portugal não fica à margem desta força de produção. A equipa Time Out juntou as notas que foi tirando ao longo do ano para a complicada tarefa de escolher apenas 10 séries que estrearam em Portugal em 2024. Sim, ficou muita coisa de fora, mas também fizemos questão de guardar três posições para as séries portuguesas. Por isso, de Homicídios ao Domicílio a Astro-Mano, estas foram as séries que mais gostámos de ver em 2024. Recomendado: Os 10 melhores filmes de 2024
Os 10 melhores filmes de 2024

Os 10 melhores filmes de 2024

Nem todos os filmes desta lista se estrearam em 2024 na sua terra de origem. Aliás, em dez, apenas cinco carregam consigo essa data de estreia; os restantes chegaram às telas portuguesas no ano seguinte ao da sua estreia. É o caso de Os Excluídos ou Anatomia de Uma Queda, duas longas-metragem se destacaram na última edição dos Óscares. Ou mesmo Folhas Caídas, premiada em Cannes. Mas há outras produções bem encaminhadas para as várias temporadas de prémios, uma delas com alguma vantagem: Anora, que já tem uma Palma d'Ouro na prateleira. Estes são os filmes que mais gostámos de ver em 2024. Recomendado: O melhor do cinema alternativo em Lisboa
As estreias de cinema para ver em Janeiro, de ‘Nosferatu’ a ‘Maria’

As estreias de cinema para ver em Janeiro, de ‘Nosferatu’ a ‘Maria’

Com um dos monstros mais famosos do cinema de regresso ao cardápio, este é um mês para voltar em força às salas de cinema. Um ano após o remake de David Lee Fisher do filme mudo Nosferatu (1922), é o realizador Robert Eggers que leva o famoso vampiro às telas, alterando um pouco a história original. Neste arranque do ano vamos também à China, com Chá Preto; a França, com Tudo Acontece em Paris, comédia negra com Monica Bellucci; ou ao Cambodja, com Encontro com Pol Pot. Marque na agenda estas e outras estreias de cinema de Janeiro. Recomendado: As melhores séries para ver em Janeiro
Os filmes de animação que vamos ver este ano

Os filmes de animação que vamos ver este ano

Robôs, cães, alienígenas, um caracol, uma preguiça, um novo panda, famílias fora de série, música e muita magia são alguns dos ingredientes espalhados pelas longas-metragens de animação que chegam às salas de cinema portuguesas ao longo do ano de 2025. De Janeiro até ao mês de Dezembro, já existe um calendário bastante bem preenchido de fitas animadas, que habitualmente conquistam várias gerações de cinéfilos e levam famílias inteiras às salas de cinema. Até ao final do ano, estas são as 15 longas-metragens animadas que vamos querer ver no grande ecrã. Recomendado: O que esconde o calendário de feriados para 2025
Farto de paz e amor? 11 filmes para quem não gosta do Natal

Farto de paz e amor? 11 filmes para quem não gosta do Natal

É alérgico à quadra natalícia? Ou pelo menos é alérgico aos filmes bem-comportadinhos que tomam a televisão de assalto na quadra natalícia? Não se preocupe, estimado leitor, que a Time Out Lisboa tem um bom remédio em forma de lista para si e para os seus. São dez filmes de Natal anti-convencionais, desde o clássico e premiado filme O Apartamento, de Billy Wilder, a esse misto de terror e comédia negra que é Rare Exports, realizado pelo finlandês Jalmari Helander, ou o terror puro e duro de Krampus: O Lado Negro do Natal, de Michael Dougherty. Recomendado: O melhor do Natal em Lisboa
5 filmes para ver este Natal no cinema

5 filmes para ver este Natal no cinema

O Natal está à porta, o que significa um sem-fim de fitas temáticas. Mas também significa que temos um tempinho extra para ver filmes em sala – e este ano há de tudo um pouco. Há a clássica animação para os papás levarem a pequenada ao cinema e divertirem-se juntos, mas também há produções que, em silmultâneo, piscam o olho a um público mais crescido: as crianças de 1994 que choraram com O Rei Leão e que agora vão repetir a dose com Mufasa: O Rei Leão. Apesar de não ter um tema de Natal, aquece o coração. O mesmo acontece com Wicked. Mas se de um lado temos uma nova história em imagem real saída do universo de O Feiticeiro de Oz, por outro temos um Pai Natal com amnésia armado em super-herói. Recomendado: Os melhores clássicos de Natal para ver em família
As estreias de cinema para ver em Dezembro: ‘Wicked’, ‘O Quarto ao Lado’ e muito mais

As estreias de cinema para ver em Dezembro: ‘Wicked’, ‘O Quarto ao Lado’ e muito mais

A primeira longa-metragem falada em inglês de Pedro Almodovar, O Quarto ao Lado, chega finalmente às salas portuguesas, após ter vencido o Leão de Ouro no Festival de Veneza, num mês onde também se destaca Aqui, filme de Robert Zemechis que volta a juntar Tom Hanks e Robin Wright, 30 anos depois de Forrest Gump. Para as famílias há Wicked, adaptação do musical da Broadway de Stephen Schwartz, sobre a história de Elphaba Thropp, mais conhecida como a Bruxa Má do Oeste, popularizada em O Feiticeiro de Oz; e ainda Mufasa: O Rei Leão, outra incursão pelo passado de um conhecido personagem, o pai de Simba.  Recomendado: O melhor do cinema alternativo em Lisboa
Os melhores filmes animados de Natal

Os melhores filmes animados de Natal

O Natal é uma animação, em todos os sentidos. A pensar nisso, reunimos numa só lista os melhores filmes e desenhos animados de Natal. Há desde animações clássicas e tradicionais como Feliz Natal, Charlie Brown ou Um Conto de Natal do Mickey, a outras mais recentes que recorrem a tecnologia digital para contar as suas histórias, como Polar Express ou Klaus: A Origem do Pai Natal, a primeira longa-metragem de animação original da Netflix. Seja no streaming ou em modo aluguer, todas as animações podem ser vistas por cá. Recomendado: Os melhores filmes de Natal para ver em família  

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A Semente do Figo Sagrado

A Semente do Figo Sagrado

4 out of 5 stars
Vencedor do Prémio Especial do Júri no Festival de Cannes e nomeado ao Óscar de Melhor Filme Internacional, o novo filme do iraniano Mohammad Rasoulof (O Mal Não Existe) foi rodado clandestinamente, e o cineasta está agora refugiado na Alemanha, após ter sido condenado a oito anos de cadeia e a ser chicoteado pelas autoridades do seu país (já tinha estado preso antes, mas a pena foi perdoada). Iman, chefe de uma família da classe média de Teerão e jurista, é nomeado juiz de investigação, com poder para assinar sentenças de morte, durante os protestos de Setembro de 2022, desencadeados pela morte da jovem Mahsa Amini quando estava sob custódia policial. A arma que foi distribuída a Iman para protecção, e que guarda no quarto, desaparece, o que pode levar à sua demissão e queda em desgraça, e ele começa a suspeitar da mulher e das duas filhas, e torna-se cada vez mais desconfiado e paranóico, criando uma atmosfera insuportável em casa. Até que, por sugestão de um colega, obriga a mulher e as filhas a serem submetidas a um interrogatório, feito por um amigo do casal, militar e membro dos serviços secretos. Por meio desta história, Rasoulof mostra os efeitos do regime teocrático repressivo sobre as famílias iranianas, e a forma como estas repercutem no seu interior o funcionamento dos mecanismos do poder político-religioso, e a submissão total e lealdade inquestionável que exigem. Mas também como estão a dividir as gerações e a causar atritos crescentes e rupturas violentas entre
Encontro com Pol Pot

Encontro com Pol Pot

4 out of 5 stars
Em 1978, três jornalistas franceses são convidados para visitar o Cambodja de Pol Pot, o ditador comunista genocida. Por essa altura, já dois milhões de cambodjanos foram assassinados pelo regime dos Khmer Vermelhos. Durante a estadia, a máscara da propaganda acaba por cair e a viagem torna-se num pesadelo para o trio. Sobrevivente dos campos da morte nos anos 70, Rithy Panh continua a denunciar o horror totalitário que atingiu o seu país e eliminou parte da população, e aqui também a cumplicidade criminosa de muitos ocidentais, representados pelo jornalista que andou com o líder cambodjano na universidade em Paris, e acredita piamente neste, na bondade do regime Khmer Vermelho e na propaganda que lhe é apresentada e aos seus dois colegas. Encontro com Pol Pot inspira-se em acontecimentos e figuras reais, e o próprio Rithy Pahn interpreta Pol Pot, que aparece apenas uma vez no filme (o encontro do título), mas numa sequência memoravelmente arrepiante.
Mars Express

Mars Express

3 out of 5 stars
Esta longa-metragem animada de ficção científica (FC) e acção realizada pelo francês Jérémie Périn passa-se no futuro, primeiro na Terra e depois em Marte, quando este planeta está terraformado e colonizado, e os robôs e andróides estão perfeitamente integrados na sociedade. E a tecnologia permite não só “ressuscitar” os mortos e dar-lhes um corpo parte electrónico, parte virtual, como também fazer “duplos” cibernéticos das pessoas. Influenciado pela banda desenhada francófona de FC, pela animação japonesa (caso de Ghost in the Shell), pelos jogos de vídeo e por filmes como Robocop – Polícia do Futuro ou Blade Runner – Perigo Iminente, Jérémie Périn realiza um filme adulto, inventivo e complexo, que é uma boa alternativa, quer estética e formalmente, quer na concepção da história, às animações que nos chegam dos EUA e da Europa. E que reflecte sobre temas como as aplicações úteis e duvidosas da Inteligência Artificial, as interacções high tech entre homens, computadores, robôs e andróides, ou as implicações sociais e morais da criação de sósias artificiais dos humanos e de versões ciberneticamente “ressuscitadas” destes.
Nosferatu

Nosferatu

3 out of 5 stars
Rober Eggers (A Bruxa, O Homem do Norte) é o autor desta nova versão do clássico mudo de terror que F.W. Murnau realizaou em 1922, e que teve já um remake, em 1979, da autoria de Werner Herzog. Bill Skarsgard interpreta o conde Orlok, o vampiro do título, acompanhado por Nicholas Hoult, Lily Rose-Depp, Willem Dafoe e Aaron Taylor-Johnson. Eggers modifica alguns aspectos da história original, ao mesmo tempo que mantém referências várias ao original de Murnau, bem como algumas à versão de Herzog, e ainda, sobretudo na concepção dos ambientes, aos filmes de vampiros da Hammer. A história deste novo remake, muito plúmbeo mas não excessivamente sangrento, que continua a passar-se na Alemanha do século XIX, centra-se na atormentada personagem de Ellen (Rose-Depp) e na sua ligação involuntária e sobrenatural (e com sugestões sexuais) ao ancestral vampiro, que por sua vez é caracterizado como os das velhas lendas e histórias do folclore do Leste e do Báltico, e cujo aspecto repugnante o realizador só revela mesmo no clímax. Willem Dafoe quase que “rouba” o filme no papel do excêntrico erudito e ocultista que lidera a caça ao monstro. Eurico de Barros      
O Barco do Amor

O Barco do Amor

3 out of 5 stars
Justine (Sandrine Kiberlain) trabalha, o marido, Albin (Denis Podalydès), não. Franck (Daniel Auteuil), o patrão de Justine, um empresário abastado e divorciado, pede-lhe para que organize um fim-de-semana romântico para ele e para uma mulher que admira e que quer conquistar. E passa-lhe para as mãos, assim sem mais nem menos, 14 mil euros para que ela trate de tudo. Justine e o marido têm então uma ideia. Convocam um pequeno grupo de amigos, todos sem cheta como eles, mas com talentos vários, da culinária à música. Mais importante, um deles, Jocelyn (Bruno Podalydès), está encarregue da entrega de um pequeno veleiro a motor no fim-de-semana. Planeiam então proporcionar ao patrão de Justine e à sua conquista um idílico fim-de-semana rio abaixo, e abotoarem-se com os 14 mil euros (que Justine e Franck disseram aos amigos serem sete mil…). Esta é a premissa de O Barco do Amor, que Bruno Podalydès escreveu e realiza, além de interpretar o “comandante” Jocelyn. E é caso para dizer que foi preciso chegarmos ao fim do ano para vermos finalmente uma comédia ligeira francesa na melhor, mais digna e mais genuína linha do género. E ninguém mais indicado para o fazer do que Podalydès, que como realizador se tem revelado estar tão à vontade na comédia como no drama ou mesmo no policial. Regressados a bordo do barco do título, a identidade da mulher que o patrão de Justine revela-se uma surpresa: a própria Justine, que nunca lhe disse que era casada. Entre revelar-lhe a verdade e perder 1
O Meu Bolo Favorito

O Meu Bolo Favorito

3 out of 5 stars
Mahin é uma mulher de 70 anos que vive sozinha em Teerão, após a morte do marido, há três décadas, e a ida das filhas para o estrangeiro. Após uma conversa com um grupo de amigas durante um almoço que dá em casa, Mahin conhece Faramarz, um taxista solitário e insatisfeito com a vida como ela, convida-o para sua casa. O governo do Irão tentou apreender a fita e Maryam Moghaddam e Behtash Sanaeeha, o casal de realizadores de O Meu Bolo Favorito, foram impedidos de sair do Irão para a acompanhar ao Festival de Berlim, estão proibidos de filmar e enfrentam agora a justiça. Através da história de Mahin, que ousa violar vários preceitos da lei islâmica para vencer a sua profunda solidão e poder ter alguns momentos de convívio e alegria em sua casa com o homem que acaba de conhecer e com o qual simpatizou, Moghaddam e Sanaeeha falam, além da solidão dos velhos, sobre a situação e os direitos de todas as mulheres iranianas, face a um regime teocrata, intolerante e hipocritamente puritano. Sem forçar a menor emoção nem recorrer à lamechice, e imitando nisso os realizadores, Lili Farhadpour é formidável e comovente no papel de Mahin.
Conversas com o Diabo

Conversas com o Diabo

4 out of 5 stars
Filme de terror assinado pelos australianos Cameron e Colin Cairnes, passado em 1977, em Nova Iorque. Jack Delroy (David Dastmalchian), apresentador de um outrora popular talk show televisivo, perdeu a mulher, morta de cancro, e boa parte da sua audiência. Planeia então uma emissão especial de Halloween em directo, com um vidente, um céptico, uma parapsicóloga e uma jovem que é a única sobrevivente de um suicído em massa de um culto satânico e está alegadamente possuída por um demónio. Além de fazerem um pastiche impecável da televisão americana dos anos 70, os irmãos Cairns cruzam elementos de Escândalo na TV, de O Exorcista e do célebre falso documentário da BBC Ghostwatch, emitido no Halloween de 1992 e que milhares e milhares de pessoas tomaram por verdadeiro, e constroem um dos melhores filmes de terror sobrenatural deste ano, em que um talk show em crise de espectadores e que recorre ao sensacionalismo para se manter à tona e não ser cancelado, vai-se gradualmente transformando no cenário de uma manifestação demoníaca. David Dastmalchian é excelente no desesperado Jack Delroy, um misto de Johnny Carson e de Jerry Springer, e a personagem de Carmichael Hunt (Ian Bliss), o ilusionista céptico e desmistificador de impostores do paranormal e do sobrenatural, é obviamente inspirada no grande James Randi. Absolutamente a não perder pelos apreciadores do género.
Vaiana 2

Vaiana 2

3 out of 5 stars
Tal como a Pixar recorreu a Divertida Mente 2, a continuação de um filme muito popular, para tentar contrariar a maré negativa dos últimos anos (e conseguiu), a Disney parece ter-lhe seguido o exemplo com a sua nova animação, Vaiana 2 (estreia-se esta semana) em que aposta num regresso à Polinésia em que foi tão feliz há quase 10 anos, em vez de procurar uma história original ou recorrer a uma adaptação de material alheio, caso dos contos tradicionais europeus, como era hábito do estúdio desde que Walt Disney começou a fazer longas-metragens animadas. É significativo que o projecto de dar continuidade a Vaiana através de uma série animada musical intitulada Moana: The Series, destinada à Disney+, tenha sido abandonado para fazer uma parte 2 para o cinema. Vaiana 2 já não tem ao leme os históricos John Musker e Ron Clements, realizadores do primeiro filme. Eles são substituídos por um trio de estreantes: David Derrick Jr., Jason Hand e Dana Ledoux Miller, esta também responsável pelo argumento, em parceria com Jared Bush, que escreveu o primeiro Vaiana. Auli’i Cravalho, a jovem havaiana de ascendência portuguesa, e Dwayne Johnson, voltam a ser as vozes de Vaiana e de Maui, e os autores da banda sonora e das canções de Vaiana também estão de regresso, embora Lin-Manuel Miranda não participe nelas desta vez. A história passa-se três anos após a da primeira fita, envolvendo Vaiana, Maui, o galo Hei Hei, o porquinho Pua e outros amigos da aldeia da princesa, navegadora e heroína p
Energia Nuclear Já!

Energia Nuclear Já!

4 out of 5 stars
O novo documentário de Oliver Stone é uma defesa clara, muito bem explicada e solidamente apoiada em factos científicos e números, da energia nuclear como única alternativa viável para combater a actual crise energética global, bem como a única que poderá ser capaz de reduzir as emissões de dióxido de carbono até 2050, ao substituir-se ao carvão e ao petróleo, compensar as grandes limitações da energia eólica e da solar, e ser uma alternativa ao gás natural e aos seus perigos. Tudo isto mantendo-se mais económica, mais prática e mais segura do que qualquer outra. Stone percorre vários países, dos EUA à Rússia, passando pela França, para mostrar também os vários progressos que a indústria do nuclear tem vindo a conhecer, demole os argumentos dos diabolizadores do nuclear (muitos deles financiados pelos lóbis do petróleo e do carvão, como aconteceu com o Sierra Club nos EUA) e desmistifica as narrativas catastrófico-apocalípticas dos media sobre Three Mile Island, Chernobyl e Fukushima. Um dos melhores documentários do ano.
Herege

Herege

3 out of 5 stars
Hugh Grant surge num muito raro papel de vilão nesta fita de terror psicológico realizada por Bryan Woods e Scott Beck. Grant interpreta o Sr. Reed, um homem aparentemente afável, encantador e inofensivo. Mas que fecha na sua vivenda isolada do Colorado duas jovens missionárias mórmones que lhe foram tocar à campainha, começando a jogar com elas um aterrorizador jogo do gato e do rato, ao mesmo tempo que debatem teologia, religião e fé e descrença. Woods e Beck acabam por esticar muito a corda da verosimilhança, mas Hugh Grant mantém-nos colados ao filme graças à sua interpretação, em que repete a persona muito british que o celebrizou numa série de comédias românticas, só que aqui aplicada a um monstro que nunca perde a sua cordialidade, quer esteja a discorrer com sobre história das religiões recorrendo a elementos da cultura pop, quer esteja a aterrorizar sadicamente as suas duas prisioneiras.
Quando Chega o Outono

Quando Chega o Outono

3 out of 5 stars
Quando era miúdo, François Ozon teve um jantar de família feito por uma tia, em que um dos pratos servidos eram cogumelos, que tinham sido colhidos por aquela. Todos os participantes na refeição ficaram doentes por causa dos cogumelos nessa mesma noite, menos a tia, que foi a única que não os comeu. O pequeno Ozon, que já nessa altura tinha uma imaginação fértil e gostava de inventar histórias, pôs-se a pensar que a sua bondosa e atenciosa velha tia afinal era uma assassina, sabia que os cogumelos que tinha apanhado no campo eram perigosos, e tinha feito de propósito para se ver livre de toda a família. Muitos anos depois, François Ozon usou esta memória de família como ponto de partida do seu novo filme, Quando Chega o Outono, passado na província francesa. Michelle (Hélène Vincent) é uma idosa reformada que trocou Paris por uma vilazinha na Borgonha, onde é vizinha da sua melhor amiga, Marie-Claude (Josiane Balasko). Michele adora o seu único neto, Lucas (Garlan Eros), mas não se dá bem com a sua filha divorciada, Valérie (Ludivine Sagnier). Aparentemente, porque esteve à morte após ter comido um prato de cogumelos colhidos e cozinhados pela mãe, que não lhes tocou.  Valérie chega de Paris para deixar Lucas com a avó durante uma semana, mas as coisas acabam por não correr como Michelle previa, para seu grande desgosto. Entretanto, Vincent (Pierre Lottin), o único filho de Marie-Claude, sai da cadeia e diz à mãe que nunca mais vai consumir droga, que vai arranjar um emprego
Vampira Humanista Procura Voluntário Suicida

Vampira Humanista Procura Voluntário Suicida

4 out of 5 stars
Comédia fantástica canadiana sobre Sasha (Sarah Montpetit), uma jovem vampira que é demasiado sensível para matar humanos e se alimentar, e não está equipada com os necessários dentes pontiagudos, que se recusam a crescer. Quando os pais, também vampiros, lhe cortam o fornecimento de sangue dos saquinhos que guardam no frigorífico, ela conhece Paul (Félix Antoine-Bénard), um adolescente solitário, deprimido, maltratado pelos colegas do seu liceu e com tendências suicidas, que se oferece para ser a sua primeira vítima. Só que ficam amigos, à beira de serem namorados, e Sasha vê-se incapaz de fazer mal a Paul. Esta primeira longa-metragem de Ariane Louis-Seize sobre dois adolescentes outsiders, uma vampira, outro humano, é deliciosamente original e muito mais afectuosa do que assustadora, preferindo a melancolia e o humor negro aos sustos e ao sangue (que também corre, mas apenas o estritamente necessário ao enredo). A realizadora brinca, em simultâneo, com os estereótipos dos filmes sobre adolescentes angustiados e com problemas de aceitação e inserção social, e com os códigos e os lugares-comuns dos filmes de vampiros (aqui, os vampiros têm médicos como eles que podem consultar, e têm que ter o trabalho de andar a enterrar as suas vítimas à noite), e fornece explicações racionais para fenómenos como a o horror ao sol e a reacção às cruzes (“É uma espécie de alergia”, explica Sasha a Paul). Sarah Montpetit é excelente e discretamente expressiva no papel da “gótica” e tímida Sa

News (407)

‘A Complete Unknown’: Bob Dylan em Nova Iorque

‘A Complete Unknown’: Bob Dylan em Nova Iorque

James Mangold, o realizador de A Complete Unknown, não gosta que digam que o seu filme é um “biopic” de Bob Dylan. Como declarou numa entrevista à revista Vogue: “É uma forma de deitar um filme abaixo, de o desmerecer. É um termo usado de forma pejorativa para indicar uma história que vai do berço até à sepultura do biografado, com muitas participações breves de pessoas famosas, que entram e saem rapidamente. Quando as pessoas usam esse termo, querem dizer que um filme não ganhou o direito à sua própria gravidade emocional – que está a viver à conta de aparências daquilo ‘que aconteceu na realidade’ para se atribuir uma integridade de obra de arte que poderá não ter.” Escrito pelo próprio Mangold e por Jay Cocks, e baseado no livro de 2015 Dylan Goes Electric!, de Elijah Wald, A Complete Unknown abrange cinco anos da vida e da carreira de Bob Dylan (interpretado por Timothée Chalamet), entre 1961 e 1965. A história vai da sua chegada a Nova Iorque, onde se instalou em Greenwich Village, quando era um desconhecido, até chegar à fama, ser considerado o porta-voz de uma nova geração e fazer a lendária actuação “eléctrica” no Festival de Música Folk de Newport, em que incorreu na fúria de um público purista que esperava um concerto acústico e não de rock n’roll com um grupo, e que marcou um novo ciclo na carreira de Dylan, bem como uma nova etapa na música pop/rock. Entre os vários nomes que se cruzam com ele ou o acompanham em A Complete Unknown, e que foram importantes, pessoal
‘O Brutalista’: a saga americana de um arquitecto europeu

‘O Brutalista’: a saga americana de um arquitecto europeu

Depois de ter conquistado o Prémio de Melhor Realização no Festival de Veneza e os Globos de Ouro de Melhor Filme Dramático, Realizador e Actor, O Brutalista, de Brady Corbet (Vox Lux) foi agora nomeado para dez Óscares. O filme vem juntar-se a vários outros sobre arquitectura, ou que têm um arquitecto como principal protagonista, como é o caso de Vontade Indómita, de King Vidor (1949), baseado no livro The Fountainhead, de Ayn Rand, e sem dúvida o melhor de todos deste género; A Barriga de um Arquitecto, de Peter Greenaway (1987); O Arquitecto, de Matt Tauber (2006); o igualmente intitulado O Arquitecto, de Jonathan Parker (2016); ou, mais recentemente, Megalopolis, de Francis Ford Coppola.  Adrien Brody interpreta László Tóth, um talentoso arquitecto húngaro que estudou na Bauhaus, sobreviveu à II Guerra Mundial e aos campos da morte nazis, e chega aos EUA em 1947 como refugiado, tendo deixado para trás a mulher, Erzsbéth (Felicity Jones), e uma jovem sobrinha órfã, Zsófia (Raffey Cassidy), retidas pela burocracia soviética. Tóth é acolhido por um primo que vive confortavelmente com a mulher em Filadélfia, e tem que se resignar a trabalhar na empresa de móveis daquele, fazendo tarefas que pouco ou nada têm a ver com a sua formação e o seu enorme valor profissional. A sua situação muda quando conhece o rico e esclarecido Harrison Van Buren (Guy Pearce), homem com interesses artísticos e bom gosto, que lhe encomenda um arrojado edifício modernista, misto de biblioteca, teatro
‘Maria’: Angelina Jolie traz a Callas de volta ao cinema

‘Maria’: Angelina Jolie traz a Callas de volta ao cinema

Em 1969, Pier Paolo Pasolini convenceu Maria Callas a interpretar o papel do título no seu filme Medeia. A rodagem foi bastante penosa para a cantora, e a fita não foi um sucesso de bilheteira, com certeza porque os admiradores da diva queriam ouvi-la cantar, mas não vê-la apenas representar. Medeia ficou como o único papel não-operático da Callas. Em 2002, Franco Zeffirelli, que tinha dirigido a diva no palco em encenações das óperas Norma, A Traviata e Tosca, e a conheceu muito bem, profissional e pessoalmente, realizou Callas para Sempre, um filme em grande parte ficcional, em que escolheu Fanny Ardant para interpretar a cantora, ao lado de Jeremy Irons. Passado em 1977, o ano da morte da artista, Callas para Sempre gira em redor de uma adaptação ao cinema da Carmen, de Bizet, que Larry Kelly, o antigo empresário da Callas, vai produzir, conseguindo convencê-la a interpretar o papel principal. E como a sua voz já não é o que era, Maria Callas terá que fazer playback de um disco que gravou daquela ópera. O filme teve um sucesso moderado. Em 2017, Tom Volf, autor de dois livros sobre a cantora, lançou o excelente documentário Maria by Callas, em que a história da Callas é contada por ela própria, através de entrevistas, cartas, interpretações em palco, home movies e excertos de memórias nunca publicadas. Maria Callas regressa agora ao cinema em Maria (estreia esta semana) pela mão do realizador chileno Pablo Larraín, e interpretada por Angelina Jolie. Este filme é o terceiro
O Pátio das Antigas: O cinema e a fotografia segundo a Pathé-Baby

O Pátio das Antigas: O cinema e a fotografia segundo a Pathé-Baby

Durante muito tempo, o nome Pathé-Baby foi o mais querido dos fotógrafos e cineastas amadores portugueses. Em Junho de 1925, abriram no Porto e em Lisboa as filiais portuguesas da empresa francesa dos irmãos Charles e Émile Pathé, dois dos fundadores dos históricos estúdios Pathé e também inventores do projector de 9,5 mm Pathé-Baby, da câmara de filmar homónima e do mecanismo Motrix, que dispensava a manivela, bem como de máquinas fotográficas, acessórios e películas, que tiveram um colossal sucesso e impulsionaram a fotografia e o cinema amador. Na capital, a Pathé-Baby Portugal estava na Baixa, na Rua de São Nicolau, e oferecia ainda aos clientes laboratório, estúdios e oficinas. Eram famosas as suas montras temáticas (ver foto). A casa lançou um concurso de cinema amador que teve várias edições nos anos 40 e 50, e deu origem à revista Cinema de Amadores. Gravava ainda discos, oferecia serviços de filmagem de festas, técnicas, turísticas, etc., e alugava projectores e fitas. Muitos foram os que viram cinema pela primeira vez em festas de anos ou no Natal, graças aos projectores e filmes lá alugados pelos pais. Em 1946, abriu em Lisboa um espaço dedicado ao formato reduzido, a Sala Pathé-Baby. A concorrência e as inovações de outras marcas, e o aparecimento do Super 8, condenaram o formato 9,5 mm, e a Pathé-Baby Portugal fechou na década de 80. Coisas e loisas de outras eras + As várias vidas do Restaurante Aviz + Cem anos de espectáculos no Tivoli + A Standard Eléctrica de
Tudo o que precisa de saber sobre ‘Mufasa: O Rei Leão’

Tudo o que precisa de saber sobre ‘Mufasa: O Rei Leão’

É um filão que continua a render há 30 anos. Desde 1994, quando Roger Allers e Rob Minkoff assinaram a longa-metragem animada O Rei Leão, um dos momentos mais altos da história da animação da Walt Disney, quer em termos de excelência artística e narrativa deste género, quer comercialmente, que os estúdios do Rato Mickey e do Pato Donald nunca mais deixaram aproveitar a sua imensa popularidade, que atingiu foros de culto. Para além de uma adaptação a musical de palco na Broadway, houve ainda dois filmes lançados directamente para home vídeo, duas séries de televisão animadas, e muito em especial o remake fotorealista com o mesmo título assinado por Jon Favreau em 2019, que fez tão boa bilheteira como foi mal recebido pela crítica. Esta, entre outros reparos, apontou-lhe o ser um mero – e caríssimo – decalque computacional da fita original de Allers e Minkoff, sem nada de novo para oferecer senão a tecnologia digital empregue. Não é para admirar, e tendo ainda em conta a profunda crise de imaginação e de criatividade que a animação da Disney atravessa, e que se tem reflectido nas suas receitas, que surja agora uma prequela (mas também com elementos de sequela) igualmente fotorealista de O Rei Leão, Mufasa: O Rei Leão, realizada por Barry Jenkins (Moonlight, Se Esta Rua Falasse). E que os estúdios aproveitaram para comemorar o 30.º aniversário do primeiro filme, que abriu imperialmente o caminho a esta lucrativíssima franchise. A ideia de fazer Mufasa: O Rei Leão surgiu pouco ma
Tudo o que precisa de saber sobre o novo filme de ‘O Senhor dos Anéis’

Tudo o que precisa de saber sobre o novo filme de ‘O Senhor dos Anéis’

Há três anos, em 2021, os estúdios New Line perceberam que iriam perder os direitos dos livros O Hobbit e O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien se não fizessem um novo filme brevemente. E decidiram, no âmbito das comemorações dos 20 anos da trilogia de Peter Jackson, começar a trabalhar numa nova produção baseada numa obra do autor. Como já há algum tempo que a New Line pensava fazer uma longa-metragem de animação a partir de elementos das obras de Tolkien, foi decidido rodar uma prequela de O Senhor dos Anéis, intitulada The Lord of the Rings: The War of the Rohirrim (em português, O Senhor dos Anéis:A Guerra dos Rohirrim), passada na Terra Média cerca de 200 anos dos acontecimentos narrados naquele. O nome escolhido para assinar a fita foi o realizador e desenhador japonês Kenji Kamiyama, já que a New Line pretendia que a produção tivesse uma pronunciada identidade de anime, embora o seu estilo visual tivesse obrigatoriamente de continuar ligado ao dos filmes em imagem real de Peter Jackson. Ocupado com outros projectos, Jackson não se envolveu directamente em O Senhor dos Anéis:A Guerra dos Rohirrim, ficando como consultor e com um crédito de produtor executivo (através da sua produtora, a WingNut Films), tal como a sua mulher, Fran Walsh, também ela co-autora do argumento de O Senhor dos Anéis.  DRO Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim Quem ficou associado a esta animação foi a outra co-autora, Philippa Boyens, que participou na elaboração da história e é uma das pro
O Pátio das Antigas: As várias vidas do Restaurante Aviz

O Pátio das Antigas: As várias vidas do Restaurante Aviz

Fumeiro próprio, garrafeira com escanção, um bar magnífico, uma ementa ao nível das dos grandes restaurantes europeus, um ambiente requintadíssimo, uma colecção de relógios de bolso oferecidos pelos seus clientes. Tendo emanado do célebre Hotel Aviz, que fechou em 1961 e foi abaixo no ano seguinte, o Restaurante Aviz abriu as portas em 1962, no primeiro andar de um prédio em pleno Chiado, que abrangia a Rua Serpa Pinto e a Rua Garrett, fundado por um grupo de investidores e de profissionais que tinham trabalhado naquele hotel, de que mantiveram o nome como homenagem e para assinalarem que a qualidade e o luxo iam ser mantidos. O Aviz transformou-se logo numa referência para os gastrónomos, propondo pratos clássicos e outros que eram criações dos seus chefs. Juntamente com o Tavares, era na altura o único restaurante de luxo da capital, tendo conquistado uma estrela Michelin em 1974, 75 e 76. Depois de ter passado por um período difícil na sequência do 25 de Abril, o Aviz estabilizou. E mudou-se em 1996, para o Centro Comercial Amoreiras. Em 2001, saiu de Lisboa, indo para um espaço da Fundação Oriente no Monte Estoril, dada a ligação desta instituição a Carlos Monjardino, sócio maioritário do restaurante. Em 2005, o Aviz “renasceu” tal e qual como era no andar original da Serpa Pinto, agora no novo Hotel Aviz, na Rua Duque de Palmela, em Lisboa. Coisas e loisas de outras eras + Cem anos de espectáculos no Tivoli + A Standard Eléctrica de Cottinelli Telmo + Sonhar com comboio
‘Wicked’: um olhar diferente sobre a Terra de Oz

‘Wicked’: um olhar diferente sobre a Terra de Oz

Foi em 1995 que o escritor americano Gregory Maguire publicou Wicked: The Life and Times of the Wicked Witch of the West, uma revisitação profundamente revisionista da Terra de Oz criada por L. Frank Baum, que assinou 14 livros desta série que deu origem ao filme clássico de Victor Fleming O Feiticeiro de Oz (1939). Wicked conta a história das origens e da juventude da Bruxa Má do Oeste, aqui chamada Elphaba, apresentando-a como uma vítima da intolerância, da falta de compreensão e da execração primária dos que a rodeiam, por ter nascido diferente: verde, feia, com dentes afiados e agressiva – e também invulgarmente perspicaz, inteligente e com invulgares poderes mágicos. Maguire demora-se também a contar como Elphaba e Galinda, a futura Bruxa Boa do Oeste, se conheceram na Universidade de Shiz, e apaixonaram ambas pelo Príncipe Fiyero, descrevendo a Terra de Oz como um estado para-totalitário controlado pelo Feiticeiro que vive na Cidade Esmeralda, e que acaba por perseguir e segregar até os animais falantes que dela fazem parte.  Depois de muitas (e violentas) peripécias, Elphaba acaba por passar à clandestinidade e começar a combater o Feiticeiro de Oz e o seu regime repressivo. Gregory Maguire disse que a sua intenção ao escrever Wicked foi questionar um punhado de estereótipos relacionados com a ideia do mal, bem como reflectir sobre a oposição entre as noções de se “nascer mau” e de se ser “levado à maldade”, recorrendo para isso à figura unidimensional da Bruxa Má do O
‘Vaiana 2’: a salvação da Disney está na Polinésia?

‘Vaiana 2’: a salvação da Disney está na Polinésia?

Em 2016, a animação da Walt Disney ainda era capaz de produzir filmes de longa-metragem que tinham sucesso nas bilheteiras e eram bem recebidos pela crítica. Foi o caso de Vaiana (Moana, no original), realizado por dois dos mais consagrados nomes do estúdio, John Musker e Ron Clements, responsáveis por clássicos como A Pequena Sereia, Aladdin ou Hércules. O filme incluía-se numa nova filosofia de produção animada da Disney, que pretendia privilegiar personagens e histórias associadas a minorias étnicas, iniciada em 2009 com a produção anterior, A Princesa e o Sapo (também assinada por Musker e Clements, e recorrendo apenas a processos técnicos clássicos). Primeira animação da dupla de realizadores feita inteiramente em computador, Vaiana passa-se na Polinésia com uma história que se inspira na mitologia local e segue as aventuras da jovem heroína do título (que tem a voz de Auli’i Cravalho, de ascendência portuguesa), a filha do chefe de uma aldeia costeira, num enredo com uma forte dimensão fantástica e em que Dwayne Johnson fala pelo parceiro de peripécias de Vaiana, o refilão semideus Maui. Inventiva, divertida, movimentada e exótica à maneira da Disney, e com uma agradável componente musical, a fita atingiu os 500 milhões de dólares de receitas nos EUA, repetindo os excelentes resultados de animações anteriores como Frozen ou Zootrópolis. Oito anos depois de Vaiana ter brilhado por toda a parte, a Walt Disney encontra-se num dos piores períodos criativos da sua história,
Mais sangue no Coliseu: tudo o que precisa de saber sobre ‘Gladiador II’

Mais sangue no Coliseu: tudo o que precisa de saber sobre ‘Gladiador II’

Ridley Scott começou a pensar numa continuação de Gladiador logo após a estreia do filme, em 2000, e do sucesso que obteve. Três anos depois, em 2003, havia já uma primeira versão de Gladiador II, escrita por David Franzoni, um dos três argumentistas do original, e também autor da história-base. Em 2006, Scott pediu a Nick Cave que escrevesse uma nova versão do argumento, que integrasse a sugestão dada por Russell Crowe, intérprete de Maximus em Gladiador, e que estava a colaborar com o realizador na elaboração do enredo desta continuação, de que a sua personagem regressasse à vida vinda do Além. Cave concebeu uma história em que Maximus é encarregue, por vários deuses romanos, de voltar ao mundo dos vivos com a missão de eliminar uma divindade que os tinha traído (Jesus Cristo, nada mais, nada menos, que lhes está a tirar poder e importância). Maximus ressuscita como cristão, e depois de uma série de peripécias, durante as quais se cruza com o seu filho, Lucius, que se tornou no novo imperador, acaba por o matar sem querer e ser condenado pelos deuses a viver para sempre. Maximus atravessa os séculos como soldado e a combater em várias guerras, desde as Cruzadas até à II Guerra Mundial e ao Vietname, vindo a trabalhar no Pentágono nos nossos dias.  Este argumento de Nick Cave foi recusado pelo Estúdios Paramount (o surpreendente seria se tivesse sido aceite…), e a própria ideia da personagem de Maximus aparecer em Gladiador II foi igualmente abandonada, pelo que o enredo da
O Pátio das Antigas: Cem anos de espectáculos no Tivoli

O Pátio das Antigas: Cem anos de espectáculos no Tivoli

O compositor e maestro Igor Stravinsky, os pianistas Viana da Mota, Maria João Pires ou Arthur Rubinstein, o violinista Yehudi Menuhin, a violoncelista Guilhermina Suggia, o Ballet du XXéme Siècle, de Maurice Béjart, ou a Comédie Française são alguns dos grandes artistas e companhias que actuaram no Cine-Teatro Tivoli, que assinala os seus 100 anos no dia 30 de Novembro. Foi nessa data, em 1924, que o Tivoli abriu as portas, com o filme Violetas Imperiais. Planeado por Raul Lino, por iniciativa de Frederico de Lima Mayer (irmão de Adolfo de Lima Mayer, fundador do Parque Mayer, e de Carlos Lima Mayer), que queria dar a Lisboa um espaço luxuoso para o cinema, mas também aberto ao teatro, à música e à dança, o Cine-Teatro Tivoli demorou quatro anos a construir. Tinha lugar para 1114 espectadores, e era então a maior sala de cinema da capital. Em 1925, António Ferro criou lá o Teatro Novo, uma companhia residente. Em 1930, foi adaptado para fonocinema. Entre muitas outras, passaram no Tivoli fitas como O Grande Ditador, O Mundo a Seus Pés, Lawrence da Arábia, Música no Coração, O Padrinho ou A Golpada. Vendido em 1973 pela família Lima Mayer, teve depois vários proprietários, esteve algum tempo fechado, sofreu obras de remodelação em 2004 e é, desde 2011, propriedade da produtora UAU. Rebaptizado Teatro Tivoli BBVA, está agora mais vocacionado para teatro e concertos. Coisas e loisas de outras eras + A Standard Eléctrica de Cottinelli Telmo + Sonhar com comboios na Avenida da Li
A nova vida do Conde de Monte Cristo

A nova vida do Conde de Monte Cristo

Este artigo foi originalmente publicado na revista Time Out Lisboa, edição 671 — Outono 2024. Há escritores que concebem os seus livros já com a ideia de serem adaptados ao cinema. E há escritores que morreram antes de o cinema ser inventado e cujos livros parecem ter sido escritos para serem filmados. Um desses escritores é Alexandre Dumas, e basta mencionarmos duas das suas obras mais conhecidas, mais lidas e intemporais, Os Três Mosqueteiros e O Conde de Monte Cristo. Ambas foram já levadas ao cinema e à televisão dezenas de vezes (incluindo as versões em animação), isto sem contar com os pastiches, as paródias e as produções que se foram inspirar nas histórias destes dois clássicos da literatura. Um dos filmes mais vistos deste ano em França, que vai a caminho dos nove milhões de espectadores é, precisamente, a mais recente adaptação de O Conde de Monte Cristo, realizada por Matthieu Delaporte e Alexandre de La Patellière (já responsáveis pela mais recente versão de Os Três Mosqueteiros, dividida em dois filmes), e que é também a adaptação ao cinema de maior sucesso de sempre deste livro; bem como o filme francês mais caro de 2024, com um orçamento de 43 milhões de euros. Quase 40 anos depois da morte de Alexandre Dumas, em 1908, foram rodadas as três primeiras versões cinematográficas da obra, nos EUA, em França e em Itália. E a partir daí, foi um nunca mais parar. A primeira versão para televisão apareceu em 1956, feita não pela BBC mas pela privada ITC. Entre os muitos