Em Faz-me Companhia, primeira longa-metragem de Gonçalo Almeida, há uma bomba de piscina assombrada. Ou talvez seja uma piscina maléfica. Ou uma canalização de piscina ectoplásmica. Seja o que for que perturba o fim-de-semana de Sílvia (Cleia Almeida) e Clara (Filipa Areosa) numa casa de campo alugada, fica por explicar neste filme de terror que do mesmo tem apenas um cheirinho.
Sílvia e Clara são amantes, mas aquela ficou grávida de um homem de que não gosta enquanto que esta, actriz, se envolveu com uma colega na peça que está a ensaiar, o que frustra o pedido de Sílvia para ficarem juntas. Clara ouve ruídos estranhos vindos da arrecadação onde estão a bomba e os filtros da piscina, uma voz de mulher quando nada e sangra do nariz a todo o pé de passada. Nem Sílvia, nem nós, percebemos o que lhe está a acontecer (perdeu a sanidade mental? É vítima de uma assombração? É uma encenação para afastar a amante?), até um final às três pancadas. Faz-me Companhia tem um bom cenário, duas actrizes capazes, uma atmosfera. Só que não tem história. Ou melhor: tem uma história-fantasma.