[title]
É difícil imaginar que, há poucas décadas, tudo ali era mar. O Parque do Flamengo é parte indissociável das paisagens paradisíacas do Rio e tornou-se o maior parque urbano do mundo. Para contar a sua história, é preciso resgatar as profundas transformações urbanísticas vividas na cidade na primeira metade do século XX.
A ideia veio da paisagista Carlota de Macedo Soares, conhecida como Lota, muito amiga do governador Carlos Lacerda. Reza a lenda que foi em uma festa na casa do político, de frente para a Praia do Flamengo, que ela sugeriu a criação de um megaparque sobre um aterro no mar. Não um parque convencional, mas um espaço que contribuísse para a melhoria da qualidade de vida, contivesse a ofensiva da especulação imobiliária e possibilitasse a reconciliação dos cidadãos com a cidade.
O projeto contou com a participação de uma equipe composta por profissionais de áreas diversas, incluindo tráfego e infraestrutura – afinal, era preciso inseri-lo em um circuito que organizasse o tráfego de veículos entre a Zona Sul e o Centro. O arquiteto Affonso Reidy, que já havia desenvolvido o projeto do Museu de Arte Moderna em 1953, ficou responsável pela criação do parque em seu entorno. O paisagismo, como era de se esperar, foi de Roberto Burle Marx.
A construção usou o material de desmonte do Morro de Santo Antônio, sendo necessário intervir em parte da orla do Flamengo para a realização da obra completa. Inaugurado em outubro de 1965, nasceu como Parque IV Centenário para depois passar a se chamar Parque Brigadeiro Eduardo Gomes; enquanto a área próxima a Praia de Botafogo virou o Parque Carlos Lacerda. Hoje, no entanto, o local todo é conhecido como Aterro do Flamengo.
São 1,2 milhão de metros quadrados, com mais de 12 mil árvores de diversas espécies da flora brasileira e outras regiões tropicais. Há pistas de skate, campos de futebol, quadras poliesportivas, áreas para aeromodelismo, ciclovias e um gigantesco gramado que convida para piqueniques. O espaço ainda guarda vários restaurantes, o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, o Museu Carmem Miranda, o Monumento a Estácio de Sá e o Museu de Arte Moderna, onde será realizada a Cúpula do G20 nos dias 18 e 19 de novembro.