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Rio Antigo: A casa da mecenas

Coisas e loisas de uma cidade de outras eras

Renata Magalhães
Escrito por
Renata Magalhães
Editora, Time Out Rio de Janeiro
Parque das Ruínas
RioTurParque das Ruínas
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O Parque Glória Maria, em Santa Teresa, foi o espaço cultural mais visitado da rede municipal em 2024. Dados da Secretaria de Cultura mostram que, entre janeiro e março deste ano, mais de 108 mil pessoas passaram pelo endereço, que até pouco tempo chamava-se Parque das Ruínas. Mas o que esse lugar tem de tão especial? Erguida na segunda metade do século XIX, a construção era residência da mecenas da Belle Époque carioca, Laurinda Santos Lobo. Dama da sociedade e herdeira de uma rica e poderosa família, ela recebeu a alcunha de "marechala da elegância" por ninguém menos do que João do Rio. O escritor era um dos artistas e intelectuais que se reuniam nas grandiosas festas recepcionadas na mansão. Foi assim que, durante a década de 1920, ela virou palco para o desenvolvimento de um dos maiores movimentos culturais da história do Brasil: artistas como Villa-Lobos e Tarsila do Amaral se encontravam no alto da ladeira para falar sobre modernismo. E aproveitar o regabofe, claro.

Até que, em 16 de julho de 1956, Laurinda morre sem herdeiros. Em seu testamento, deixa o palacete para a Sociedade Homeopática, que nunca tomou posse. Abandonado, acabou invadido por pessoas em situação de rua e até mesmo por um traficante, que sublocava o terreno para algumas famílias. Os bons ventos só voltaram no início dos anos 1990, quando o que restou do imóvel foi tombado e a Prefeitura do Rio convidou os arquitetos Ernani Freire e Sônia Lopes para restaurarem o local. O projeto final contemplou a união de estruturas metálicas e vidro às ruínas do casarão neocolonial, mantendo referências ao passado glamouroso sem apagar as memórias do abandono. O então Parque das Ruínas foi inaugurado em 1997 e, além do prédio principal, possui auditório, palco e cafeteria – tudo com uma vista deslumbrante para a Baía de Guanabara, o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor e os Arcos da Lapa. Definitivamente, um passeio que vale a pena.

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