[title]
Meu destino era Minas Gerais e, em vez de tomar o rumo do Santos Dumont ou do Galeão, resolvi buscar uma experiência nova, que vinha sendo amplamente anunciada. A Azul embarcou em um projeto no qual os voos saem diariamente do aeroporto de Jacarepaguá diretamente para Confins e Congonhas.
A pista da Zona Oeste, tradicionalmente utilizada para voos fretados e helicópteros, passou a receber um contingente até então visto apenas nas grandes operações aeroportuárias. Na promessa, o passageiro pode sair do Rio de Janeiro sem precisar enfrentar os transtornos do caminho até os grandes aeroportos da cidade.
O voo estava marcado para as 6.25 da manhã. Saí de casa às 5.00 e cheguei ao aeroporto em menos de dez minutos. Pedi um carro de aplicativo e a corrida custou menos de R$20 (para os outros dois aeroportos não existe corrida por menos de R$100). Um ponto positivo começava a aparecer. Cheguei rápido, sem estresse, e pagando bem menos.
Chegando ao aeroporto, fui direcionado à área da Azul. O check-in começou apenas 50 minutos antes do horário do voo. A atendente foi extremamente educada e me informou que eu deveria ficar com a minha mala após a pesagem. Confesso que isso me surpreendeu. Quando comprei a passagem, essa informação não foi fornecida. E eu havia comprado um volume de 23 quilos. Só fiz a pesagem e tirei a mala da balança. A companhia aérea não oferece nenhum serviço de apoio nesse sentido, então o passageiro precisa ser prático ao extremo: não leve malas pesadas ou sem rodinhas.
Às 6.00 em ponto a atendente, que também foi responsável pelo check-in, convoca os passageiros para o voo. Todas as bagagens são colocadas no raio-X, mesmo as de 23 quilos. Uma pessoa com mais idade vai precisar de ajuda nesse sentido, porque nenhum funcionário se disponibilizou a ajudar.
A revista pessoal – obrigatória em qualquer aeroporto – parece algo dos anos de 1980, época em que a segurança nos aeroportos era quase protocolar, não havia ameaças concretas então havia bastante ‘vista grossa’. Liberado, avisto a minha aeronave. O avião era um Cessna Caravan 208B EX, de 2001, que voa a 3000m de altitude e conta com apenas nove lugares.
No voo, além do meu marido, estava um casal de franceses, que já esboçava muita tensão por pegar uma aeronave com apenas uma hélice na frente. Colocamos as nossas malas, sem nenhum auxílio, dentro do bagageiro do avião, tal como fazemos na mala de um carro.
O Caravan – assim que vou chamar esse pequeno avião que parece de brinquedo – é bem antigo por dentro, com acesso direto ao piloto e copiloto e com cintos de segurança iguais aos de um automóvel. Muito antigo por dentro, com apenas quatro passageiros e dois tripulantes. Senti-me novamente em voos que já tinha feito para ilhas do Caribe ou da Polinésia, no final dos anos 1990, onde esse tipo de equipamento, por vezes, era utilizado.
Diogo teve uma pequena crise de ansiedade e os franceses também. Acharam a aeronave precária e com poucos fundamentos da tradicional narrativa de segurança de voos. Eu, sinceramente, não liguei muito. Acho que sou acostumado a esse tipo de aventura. O copiloto avisou que iríamos ter um atraso de 20 minutos em função do tráfego aéreo e falou de forma muito breve sobre as instruções de segurança em português e inglês. Ele ainda nos avisou que não pegaríamos turbulência.
Decolamos com um lindo tempo, o que é um benefício, porque, se estivesse chovendo, acho que não teria coragem de decolar nesse tipo de avião.
Um cooler cheio de copinhos de água e uma bandeja com saquinhos de amendoim ficam à disposição dos passageiros e o voo leva mais tempo do que o habitual, já que a aeronave voa a 300 quilômetros por hora.
Enfim, entre altos e baixos, o mais legal fica por conta de uma abordagem menos estressante e mais humanizada da equipe em relação aos passageiros. Pôde-se conversar e tirar dúvidas com os pilotos, que foram super simpáticos.
Voltaria? Sim, mas só em dias de sol. Com chuva, nem pensar. Por mais que os técnicos e os pilotos digam que é seguro, eu não teria essa coragem.
Siga a Time Out Rio de Janeiro no Instagram
+ Please don't tell: experiência de luxo em Búzios é marcada por altos e baixos