As Melhores Marcinhas do Carnaval

As histórias por trás de letras que você decorou e nem lembra quando, mas canta em todo Carnaval.

Renata Magalhães
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A origem do nome “marchinha” remonta à marcha dos soldados, aquele modo de andar com uma batida. Essas músicas surgiram no Rio de Janeiro ainda no final do século XIX, mas ganharam força total entre as décadas de 1930 e 1960, quando vários hinos vieram à vida. Em um primeiro momento, elas possuíam forte influência portuguesa, para depois assumirem um ritmo mais acelerado, com melodias simples e letras cheias de malícia, que eram facilmente decoradas. Pronto, foi a receita de uma trilha sonora perfeita para os blocos que desfilam pelas ruas – e não à toa elas fazem sucesso até hoje. Confira a história por trás de várias canções que você com certeza terá a chance de cantar por aí neste Carnaval.

As melhores marchinhas do Carnaval

Cidade Maravilhosa

É claro que a beleza do Rio de Janeiro, abraçada por um Cristo Redentor recém-construído, inspirou uma marchinha composta por Antônio André de Sá Filho em 1934. Aurora Miranda, irmã de Carmen, foi convidada para se juntar ao processo de dar voz ao que se tornou o hino da capital fluminense.

"Cidade maravilhosa / Cheia de encantos mil

Cidade maravilhosa / Coração do meu Brasil"

Ô Abre Alas

A primeira música carnavalesca que Chiquinha Gonzaga compôs, em 1899, foi a marcha-rancho “Ó Abre Alas”, considerada a primeira marchinha de Carnaval da história, criada para embalar o desfile do cordão Rosa de Ouro, do bairro do Andaraí, na Zona Norte, onde ela morava. 

“Ó abre alas! / Que eu quero passar (bis) / Eu sou da lira / Não posso negar (bis) 

Ó abre alas! / Que eu quero passar (bis) / Rosa de Ouro / É que vai ganhar (bis)”

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Mamãe Eu Quero

A gravação original foi feita por José Luís Rodrigues Calazans, o Jararaca, em 1937 e ganhou notoriedade internacional com o título "I Want My Mama", cantada por Carmen Miranda no filme Serenata Tropical. Reza a lenda que o autor quis mamar até depois de ser um garoto crescido e daí veio a letra. A composição foi feita em parceria com Vicente Paiva.

“Mamãe eu quero, mamãe eu quero / Mamãe eu quero mamar

Dá a chupeta! Dá a chupeta! / Dá a chupeta pro bebê não chorar!”

Aurora

Foi numa Quarta-Feira de Cinzas, quando se encerram as festividades, que Mário Lago e Roberto Riberti escreveram a marchinha, em 1940. A música foi gravada pela primeira vez naquele mesmo ano pela dupla Joel & Gaúcho e trata sobre uma desilusão com a pessoa amada. 

“Se você fosse sincera / ô ô ô Aurora

Veja só que bom que era / ô ô ô Aurora”

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Chiquita Bacana

A ideia da composição veio de João de Barro, o Braguinha, que propôs a Alberto Ribeiro criar uma música sobre o existencialismo, movimento filosófico que surgiu na França e foi explorado pela imprensa da época. Para fazer uma referência espirituosa, criou-se a figura de "Chiquita Bacana", beldade que "se veste com uma casca de banana nanica". Ela foi lançada em 1948. 

“Oi, Chiquita Bacana lá da Martinica

Se veste com uma casca de banana nanica”

Allah-la-ô

As temperaturas elevadas da cidade maravilhosa também renderam marchinha. Escrita por Haroldo Lobo e Antônio Nássara em 1941, a letra faz uma alusão lúdica à travessia do Saara, comparando o calor intenso do deserto com o que é sentido nos dias de folia.

“Allah-la-ô, ô-ô-ô, ô-ô-ô / Mas que calor, ô-ô-ô, ô-ô-ô

Atravessamos o deserto do Saara / O sol estava quente e queimou a nossa cara”

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Daqui Não Saio

Com composição de Paquito e Romeu Gentil, a letra faz uma crítica social sobre a falta de moradia para o povão e as vãs promessas para encontrar uma solução. Imortalizados pelos Vocalistas Tropicais em 1949, os versos se tornaram tão icônicos que entraram para o vocabulário nacional.

“Daqui não saio / Daqui ninguém me tira (bis)

Onde é que eu vou morar? / O senhor tem paciência de esperar!”

Cachaça Não É Água

Outra música que fala sobre os porres da época de Carnaval foi lançada em 1953 com composição de Marinósio Trigueiros Filho, jornalista e folclorista. A letra celebra a bebida que faz parte da cultura brasileira e foi regravada até por gente de fora do samba, como Dennis DJ.

“Você pensa que cachaça é água / Cachaça não é água não

Cachaça vem do alambique / E água vem do ribeirão”

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Turma do Funil

Composta por Mirabeau, Milton de Oliveira e Urgel de Castro, em 1956, a letra fez sucesso ao versar sobre uma turma de beberrões e virou um verdadeiro hino à boemia. Tamanho alcance fez com que Chico Buarque, Tom Jobim e Miúcha gravassem uma versão em 1980. 

“Chegou a turma do funil / Todo mundo bebe, mas ninguém dorme no ponto 

Ai, ai, ai ninguém dorme no ponto / Nós é que bebemos e eles que ficam tontos”

Me Dá Um Dinheiro Aí

O trio de irmãos Homero, Glauco e Ivan Ferreira criou este grande sucesso do Carnaval, que estourou na década de 1960. Eles se inspiraram no bordão “me dá um dinheiro aí", de um dos quadros escritos por Glauco para o programa “A Praça da Alegria", da TV Rio. Já foi gravada por Beth Carvalho e Elizeth Cardoso, entre outros.

“Ei, você aí / Me dá um dinheiro aí / Me dá um dinheiro aí”

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Máscara Negra

O coração partido fala mais alto nessa marchinha que dá vontade de chorar no meio do bloco. Os personagens Arlequim, Pierrô e Colombina voltam nesta marchinha, mas na composição de Zé Keti e Hildebrando Pereira Matos em 1967 é Arlequim quem chora pelo amor não correspondido.

“Tanto riso, oh quanta alegria / Mais de mil palhaços no salão

Arlequim está chorando pelo amor da Colombina / No meio da multidão”

Pierrô Apaixonado

A música composta por Heitor dos Prazeres e Noel Rosa em 1936 faz referência ao amor não correspondido entre Pierrô e Colombina, personagens da commedia dell'arte que são constantemente retratados no Carnaval. Há versões na voz de Maria Bethânia e também de Beth Carvalho. 

"A colombina entrou no botequim / Bebeu, bebeu, saiu assim, assim

Dizendo: 'Pierrot, cacet*! / Vai tomar sorvete com o arlequim!'"

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Bandeira Branca

A música, composta em 1970 por Max Nunes e Laércio Alves, é inspirada na antiga tradição das escolas de samba em que a bandeira branca era usada para anunciar aos passistas as marcações do samba. Além disso, servia ainda para mostrar às escolas rivais que não desejavam uma briga, estavam somente de passagem. Foi eternizada na voz de Dalva de Oliveira. 

“Bandeira branca amor / Não posso mais

Pela saudade que me invade / Eu peço paz (bis)”

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