Carnaval na Marquês de Sapúcaí
Divulgação/LiesaCarnaval na Marquês de Sapúcaí
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Tudo o que você precisa saber sobre os desfiles do Carnaval 2025

Veja os enredos, sambas e ordem dos desfiles do Grupo Especial

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Falta pouco para começar o maior espetáculo da Terra: as doze escolas do Grupo Especial entram na Marquês de Sapucaí nos dias 02, 03 e 04 de Março. Isso mesmo: em 2025, pela primeira vez, serão três dias de folia na Avenida. As religiões africanas marcam presença, inspirarando a Unidos da Tijuca, Viradouro, Imperatriz Leopoldinense, a Mocidade Independente de Padre Miguel e o Salgueiro; enquanto o Paraíso do Tuiuti, a Portela e a Beija-Flor partiram de homenagens a personalidades históricas para compor seus enredos.

A Mangueira vai homenagear os povos Bantus; a Grande Rio voltou seu olhar novamente para a natureza ao promover uma viagem pela Amazônia; a Mocidade Independente de Padre Miguel vai fazer uma viagem no tempo e a Vila Isabel promete botar medo na Sapucaí com um enredo baseado nas assombrações. Com temáticas variadas, as agremiações prometem encantar o mundo inteiro. Confira abaixo a ordem e os horários estimados para cada desfile, as sinopses e as letras dos sambas de cada uma delas.

Os desfiles do primeiro dia

Unidos de Padre Miguel

Enredo: Egbé Iya Nassô

Abrindo os desfiles do Carnaval de 2025, a escola de Padre Miguel vem nesse ano com um enredo homenagenado o Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, o mais antigo ainda em funcionamento no Brasil, e a africana Iyá Nassô.  O enredo "Egbé Iya Nassô" promete realizar uma viagem pela história e tradição afro-brasileira.

Letra do samba-enredo:

Eiêô! Kaô kabecilê babá obá!
Couraça de fogo no orô do velho Ajapá, raça do povo do alafin,
E arde em mim,
Rubro ventre de Oyó,
Na escuridão, nunca andarei só
Vovó dizia: “Sangue de preto é mais forte que a travessia!”
Saudade, que invade! Foi maré em tempestade
Sopra a ancestralidade no mar (ê rainha)
Preceito é herança sem martírio
Airá guarda seus filhos no ilê da Barroquinha

É a semente que a fé germinou, Iyá Adetá
O fruto que o axé cultivou, Iyá Akalá,
Iyá nassô, ê babá Assika, Iyá Nassô, ê babá Assika

 

Vou voltar mainha, eu vou, vou voltar mainha, chore não, que lá na Bahia Xangô fez revolução

 Oxê
A defesa da alma na palma da mão
No clã de Obatossi, há bravura de Oxóssi no meu panteão
É d’Oxum o acalanto que guarda o otá
Do velho engenho, xirê que mantenho no meu caminhar
Toca o adarrum que meu orixá responde
Olorum, guia o boi vermelho seja onde for
Gira saia Aiabá, traz as águas de Oxalá
Justiça de Ogodô, tambor guerreiro firma o alujá

Awurê obá kaô! Awurê obá kaô! Vila Vintém é terra de macumbeiro
No meu egbé, governado por mulher Iyá Nassô é rainha do candomblé!

Autoria: Thiago Vaz, W. Corrêa, Richard Valença, Diego Nicolau, Orlando Ambrósio, Renan Diniz, Miguel Dibo, Cabeça do Ajx, Chacal do Sax, Julio Alves, Igor Federal, Caio Alves, Camila Myngal, Marquinhos, Faustino Maykon e Claudio Russo.

Imperatriz Leopoldinense

Enredo: Omi Tútu ao Olúfon – Água Fresca para o Senhor de Ifón

A Rainha de Ramos busca retornar à glória com um enredo  inspirado na mitólogia dos órixas como eixo principal, algo que não acontecia há 46 anos. Sob o comando do carnavalesco Leandro Vieira, a escola apresenta o mito iorubá que narra ida de Oxalá ao reino de Xangô.

Letra do samba-enredo:

Vai começar o itan de Oxalá
Segue o cortejo funfun ao senhor de Ifón, Babá

Orinxalá, destina seu caminhar
Ao reino do quarto Alafin de Oyó
Alá, majestoso em branco marfim
Consulta o ifá e assim
No odú, o presságio cruel
Negando a palavra do babalaô
Soberano em seu trono, senhor
Vê o doce se tornar o fel

Ofereça pra Exú... Um ebó vai proteger
Penitência de Exú, não se deixa arrefecer
Ele rompe o silêncio com a sua gargalhada
É cancela fechada, é o fardo de dever

Mas o dono do caminho não abranda
Foi vinho de palma, dendê e carvão
Sabão da costa pra lavar demanda
E a montaria o leva à prisão
O povo adoeceu, tristeza perdurou
Nos sete anos de solidão

Justiça maior é de meu pai Xangô
Traz água fresca pra justiça verdadeira
(meu pai Xangô mora no alto da pedreira)

Preceito nagô a purificar
Desata o nó que ninguém pode amarrar
Transborda axé no ibá e na quartinha
Pra firmar tem acaçá, ebô e ladainha

Oní sáà wúre! Awure awure!
Quem governa esse terreiro ostenta seu adê
Ijexá ao pai de todos os oris
Rufam atabaques da Imperatriz

Autoria: Me Leva, Thiago Meiners, Miguel da Imperatriz, Jorge Arthur, Daniel Paixão e Wilson Mineiro.

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Unidos de Viradouro

Enredo: Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos

Atual campeã do Grupo Especial do Carnaval, a Viradouro, vem com um enredo inspirado em Malunguinho, uma entidade espiritual afro-indígena que se manifesta como Caboclo, Mestre e Exu/Trunqueiro e está presente em terreiros de Umbanda, toré e catimbó. 

Letra do samba-enredo:

Acenda tudo que for de acender
Deixa a fumaça entrar
Sobô Nirê Mafá, Sobô Nirê!
Evoco, desperto nação coroada
Não temo o inimigo
Galopo na estrada
A noite é abrigo
Transbordo a revolta dos mais oprimidos
Eu sou caboclo da mata do Catucá!
Eu sou pavor contra a tirania!
Das matas, o Encantado
Cachimbo já foi facão amolado
Salve a raiz do Juremá!

Ê, juremeiro! Curandeiro, ó!
Vinho da erva sagrada
Eu viro num gole só
Catiço sustenta o zeloso guardião
Trago a força da Jurema
Não mexe comigo, não!

Entre a vida e a morte, encantarias
Nas veredas da encruza, proteção
O estandarte da sorte é quem me guia
Alumia minha procissão
Do parlamento das tramas
Para os quilombos modernos
A quem do mal se proclama
Levo do céu pro inferno
Toca o alujá ligeiro, tem coco de gira pra ser invocado
Kaô, consagrado!
Reis Malunguinho, encarnado, pernambucano mensageiro bravio

O rei da mata que mata quem mata o Brasil! (bis)

A chave do cativeiro
Virado no Exu Trunqueiro
Viradouro é Catimbó!
Viradouro é Catimbó!
Eu tenho corpo fechado
Fechado, tenho meu corpo
Porque nunca ando só
(Porque nunca ando só!)

Autoria: Paulo César Feital, Inácio Rios, Marcio André Filho, Vaguinho, Chanel, Igor Federal e Vitor Lajas.

Estação Primeira de Mangueira

Enredo:  À Flor da Terra – No Rio da Negritude entre Dores e Paixões

A tradicional verde e rosa vai a avenida neste ano com um enredo abordando a presença dos povos Bantus - um agrupamento linguístico do continente africano que representa a maioria dos negros que adentraram de forma forçada pelo Cais do Valongo - na cidade do Rio de Janeiro.

Letra do sama-enredo:

Sou Luanda e Benguela
A dor que se rebela, morte e vida no Oceano
Resistência Quilombola dos Pretos Novos de Angola
De Cabinda, suburbano
Tronco forte em ribanceira
Flor da terra de Mangueira
Revel do Santo Cristo que condena
Mistério das kalungas ancestrais
Que o tempo revelou no cais
E fez do Rio minha África Pequena
Ê Malungo que bate tambor de Congo
Faz macumba, dança jongo, ginga na capoeira
Ê Malungo o samba estancou teu sangue
De verde e rosa renasce a nação de Zambi
Bate Folha pra benzer, Pembelê, Kaiango
Guia meu camutuê, mãe preta ensinou
Bate Folha pra benzer, Pembelê, Kaiango
Sob a cruz do seu altar, inquice incorporou
Forjado no arrepio da lei que me fez vadio
Liberto na senzala social
Malandro, arengueiro, marginal
Tem jogo de ronda, dendê e lundu
Onde a escola de vida é zungu
Fui risco iminente
O alvo que a bala insiste em achar
Lamento informar… um sobrevivente
Meu som por você criticado
Sem ser convidado pela burguesia
Tomou a cidade de assalto
E hoje no asfalto a moda é ser cria
Quer imitar meu riscado
Descolorir o cabelo
Firmar no batuque do meu terreiro
É de arerê! Força de Matamba
É dela o trono onde reina o samba
Sou a voz do gueto, dona das multidões
Matriarca das paixões, Mangueira
O povo banto que floresce nas vielas
Orgulho de ser favela

Autoria: Lequinho, Júnior Fionda, Gabriel Machado, Júlio Alves, Guilherme Sá, Paulinho Bandolim.

Os desfiles do segundo dia

Unidos da Tijuca

Enredo: Logun-Edé: Santo Menino Que Velho Respeita

A escola apresenta este ano um enredo homenageando Logun-Edé, orixá da Umbanda que representa a riqueza, a fatura, a beleza, os encantos e a abundância. 

Letra do samba-enredo:

Reflete o espelho… Orisun
Nas águas de Oxum
À luz de Orunmilá
Magia que desaguou na ribeira
E fez o caçador se encantar
Sou eu, sou eu
Príncipe nascido desse grande amor
Herdeiro da bravura e da beleza
É a minha natureza
A dualidade e o fulgor
De tudo que aprendi
O todo que reuni
Fez imbatível a força do meu axé
Com brilho imenso, desafio o consenso, inquieto e intenso
Sou Logun-Edé!
Oakofaê, Odoyá
Oakofaê, desbravei o mar
Não ando sozinho, montei no cavalo marinho
Abri caminho pro povo de Ijexá
E no rufar dos Ilus
Meu tambor
A fé no Kale Bokun assentou
Na proteção dos meus pais
Ofás e abebés
Sou a Tijuca e seus candomblés
Um lindo leque se abriu
Ori do meu pavilhão
Amarelo ouro e azul pavão
Orixá menino que velho respeita
Recebi sentença de pai Oxalá
Eu não descanso depois da missão cumprida
a minha sina é recomeçar
Logun-Edé
Logun arô!
Logun-Edé losi losi
Eru awô
A juventude do Borel
Desce o morro pra cantar em seu louvor

Autoria: Anitta, Estevão Ciavatta, Feyjão, Miguel PG, Fred Camacho, Luiz Antonio Simas, Gustavo Clarão e Diego Nicolau.

Beija-Flor de Nilópolis

Enredo: Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas

A escola traz em seu enredo uma homenagem a Laíla, sambista, cantor, compositor, carnavalesco, diretor e produtor musical autodidata que teve grande importância para o samba e o Carnaval. 

Letra do samba-enredo: 

Kaô meu velho!
Volta e me dá os caminhos
Conduz outra vez meu destino
Traga os ventos de Oyá
Agô meu mestre
Sua presença ainda está aqui
Mesmo sem ver, eu posso sentir
Faz Nilópolis cantar

Desce o morro de Oyó
Benedito e catimbó
O Alabá Doum
Traz o terço pra benzer
E a Cigana Puerê
Meu Exu
De copo no palco, a nota certeira
Regeu o sagrado toda quinta-feira

O brado no tambor, feitiço
Brigou pela cor, catiço
Coragem na fala sem temer a queda
O dedo na cara, quem for contra reza

Vencer o seu verbo
Gênio do ouvido perfeito
A trança nos versos
Divino e humano em seu jeito
Queria paz, mas era bom na guerra
Apitou em outras terras, viajou nas ilusões
Deu voz à favela e a tantas gerações
Eu vou seguir, sem esquecer nossa jornada
Emocionada, a Baixada em redenção
Chama joão pra matar a saudade
Vem comandar sua comunidade

Óh Jakutá... O Cristo preto me fez quem eu sou
Receba toda gratidão obá, dessa nação nagô
Da casa de Ogum, Xangô me guia
Da casa de Ogum, Xangô me guia
Dobram atabaques no quilombo Beija-flor
Terreiro de Laíla meu griô

Autoria: Romulo Massacesi, Junior Trindade, Serginho Aguiar Centeno, Ailson Picanço, Gladiador e Felipe Sena.

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Acadêmicos do Salgueiro

Enredo: Salgueiro de Corpo Fechado

A vermelho e branco trouxe esse ano um enredo baseado na história e cultura do fechamento de corpo, algo inserido em um conjunto de crendices presente em religiões africanas e européias que sobreviveram à travessia do Atlântico. 

Letra do samba-enredo:

Prepara o alguidar acende a vela
Firma ponto ao sentinela, pede a benção pra vovô
Faz a cruz e risca a pemba
Que chegou exu pimenta e a falange de xangô
Tem erva pra defumar, carrego o meu patua
Adorei as almas que conduzem meu caminho
Ê mojubá Marabo invoque a lua
Que o povo da encruza não vai me deixar sozinho
Sou herança dos malês, bom mandingo e arisco
Uso a pedra de corisco pra blindar meu dia a dia no tacho arruda e
Alecrim ooo!
Bala de chumbo contra toda covardia

Tenho a fé que habita o sertão, de Lampião, o cangaceiro
Feito moreno eu vou viver, mais de cem anos, no meu Salgueiro

Sou espinho qual "fulô" de macambira
Olho gordo não me alcança
Ante o mal a pajelança pra curar
Sempre há uma reza pra salvar
O nó desata, liberdade pela mata
E os mistérios do axé, meu candomblé
Derruba o inimigo um por um
Eu levo fé no poder do meu contra egum
Salve Seu Zé, que alumia nosso morro
Estende o chapéu a quem pede socorro
Vermelho e branco no linho trajado
Sou eu malandragem de corpo fechado

Macumbeiro, mandingueiro, batizado no gongá
Quem tem medo de quiumba, não nasceu pra demandar
Meu terreiro é a casa da mandinga
Quem se mete com o salgueiro acerta as contas na curimba

Autoria: Xande de Pilares, Pedrinho da Flor, Betinho de Pilares, Renato Galante, Miguel Dibo, Leonardo Gallo, Jorginho Via 13, Jefferson Oliveira, Jassa e W.Correa.

Unidos de Vila Isabel

Enredo: Quanto Mais Eu Rezo, Mais Assombração Aparece

Neste Carnaval, a Vila Isabel vai trazer o ''Trem Fantasma'' para a Sapucaí. A escola focará nas assombrações que se mantém no imaginário popular, mostrando como elas fazem parte do nosso dia a dia. 

Letra do samba-enredo:

Embarque nesse trem da ilusão
Não tenha medo de se entregar
Pois nosso maquinista é capitão
E comanda a legião que vem lá do Boulevard…
O breu e o susto em meio à floresta
Por entre os arbustos, quem se manifesta?...
Cara feia pra mim é fome
Vade-retro lobisomem, curupira sai pra lá.
No clarão da lua cheia
Margeando rio abaixo
Ouço um canto de sereia


Ê caboclo d'água
Da água que me assombra
A sombra da meia-noite
Foi-se a noite de luar (oooi)
Na tempestade, encantada é a gaiola
Chora viola, pra alma penada sambar


Nas redondezas, credo em cruz Ave Maria
Quanto mais samba tocava, mais defunto aparecia

Silêncio... Ao som do último suspiro vai chegar
A batucada suingada de vampiros
Quando o apito anunciar…
Eu aprendi que desde os tempos de criança
A minha Vila sempre foi bicho-papão


Por isso, me encantei com esse feitiço
Que hoje causa rebuliço arrastando a multidão

Solta o bicho, dá um baile de alegria
É o povo do samba virado na bruxaria
O caldeirão vai ferver, eu quero ver segurar
Não tem jeito, a Vila vai te pegar!

Autoria: Raoni Ventapane, Ricardo Mendonça, Dedé Aguiar, Guilherme Karraz, Miguel Dibo e Gigi da Estiva.

Os desfiles do terceiro dia

Mocidade Independente de Padre Miguel

Enredo: Voltando para o Futuro, Não Há Limites para Sonhar

Para o carnaval de 2025, a Mocidade Independente faz uma viagem intergalática até sua estrela guia, se reconectando com seu brilho mais intenso, quando ainda era uma estrela jovem despontando na passarela do samba. 

Letra samba-enredo: 

A luz que nos chega da estrela primeira,
Nascida do pó no Cruzeiro do Sul
Do plasma divino das mãos carpinteiras
Ressurge candeia no breu nesse azul
Será que o limbo da imaginação
Perverte a inteligência
O homem com sua ambição
Desconhece a razão desatina a Ciência
Será que há de ter carnaval, sem minha cadência?
Com alas em tom digital
No fim da existência
Me diz afinal quem há de arcar com as consequências?

Se a mocidade sonhar
No infinito escrever
Versos a luz do luar, deixa!
Quando o futuro voltar
A juventude vai crer
Que toda estrela pode renascer

O verde adoecido da esperança
Ofega sobre o leito da cobiça
Quem vive pelo preço da cobrança
Derrama sua lágrima postiça
Fogo matando a floresta
Bicho morrendo no cio
Febre no pouco que resta
Secam as águas do rio

E a vida vai vivendo por um fio

Naveguei...
No afã de me encontrar eu me emocionei
Lembrei da corda bamba que atravessei
São tantas as viradas desta vida
A mão que faz a bomba se arrepende
Faz o samba e aprende
A se entregar de corpo e alma na avenida

O céu vai clarear
Iluminar a zona oeste da cidade
E Deus vai desfilar
Pra ver o mago recriar a Mocidade

Autoria: Paulo Cesar Feital, Cláudio Russo, Alex Saraiça, Denilson Rozario, Carlinhos da Chácara, Marcelo Casanossa, Rogerinho, Nito de Souza, Dr Castilho e Léo Peres.

Paraíso do Tuiuti

Enredo: Quem tem Medo de Xica Manincongo?

O Paraíso do Tuitui traz um enredo com o tema de Xica Manicongo, considerada a primeira travesti do Brasil. A escolha do enredo é uma provocação e uma tentativa de dar mais visibilidade a essa personagem que é um símbolo da luta LGBTQIA+. 

Letra do samba-enredo:

Só não venha me julgar Ô Ô
Pela boca que eu beijo
Pela cor da minha blusa
E a fé que eu professar
Não venha me julgar
Eu conheço o meu desejo
Este dedo que acusa
Não vai me fazer parar
Faz tempo que eu digo não
Ao velho discurso cristão
Sou Manicongo
Há duas cabeças em um coração
São tantas e uma só
Eu sou a transição
Carrego dois mundos no ombro

Vim Da África Mãe Eh Oh
Mas se a vida é vã Eh Oh
Mumunha
Jimbanda me fiz
N Ganga é raiz
Eu pego o touro na unha

A bicha, invertida e vulgar
A voz que calou o “Cis tema”
A bruxa do conservador
O prazer e a dor
Fui pombogirar na Jurema

Chama a Navalha, a da Praia e a Padilha
As perseguidas na parada popular
E a Mavambo reza na mesma cartilha
Pra quem tem medo o meu povo vai gritar

Eu travesti
Estou no cruzo da esquina
Pra enfrentar a chacina
Que assim se faça

Meu Tuiuti
Que o Brasil da terra plana,
Tenha consciência humana
Xica vive na fumaça

Eh! Pajubá!
Acuendá sem xoxá pra fazer fuzuê
É Mojubá
Põe marafo, fubá e dendê (Pra Exu)

Autoria: Claudio Russo e Gustavo Clarão.

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Grande Rio

Enredo: Pororocas Parawaras: as Águas dos meus Encantos nas Contas dos Curimbós

A escola Acadêmicos da Grande Rio propõe com seu enredo um mergulho nas águas amazônicas, junto com uma jornada mística que mistura palácios, pajelanças, incensos, igarapés, Encantarias e terreiros de Tambor de Mina.

Letra samba-enredo: 

A Mina é cocoriô!
Feitiçaria parauara
A mesma lua da Turquia
Na travessia foi encantada
Maresia me guia sem medo
Pro banho de cheiro
Na “en-cruz-ilhada”, espuma do mar
Fez a flor do mururé desabrochar
Pororoca me leva... Pro fundo do igarapé
Se desvia da flecha, não se escancha em puraqué
Quem é de barro no igapó é Caruana
Boto assovia (oi) mãe d'agua dança!

Se a boiúna se agita... É banzeiro! Banzeiro!
Quatro contas, um cocar!
Salve a arara cantadeira!
Borboleta à espreita...
E a onça do Grão-Pará

Na curimba de babaçuê
Tem falange de ajuremados
A macaia codoense é macumba de outro lado
Venham ver as três princesas 'baiando” no curimbó
É doutrina de santo rodando no meu carimbó!

E foi assim... Suas “espadas” têm as ervas da Jurema
Novos destinos no mesmo poema
E nos terreiros, perfume de patcholi
Acende a brasa do defumador
Pra um mestre batucar a sua fé
Noite de festa! Curió marajoara...
Protege Caxias nas águas de Nazaré!
É força de caboclo, vodun e orixá!
Meu povo faz a curva como faz na gira!
Chama Jarina, Herondina e Mariana
Grande Rio firma o samba no Tambor de Mina!

Autoria: Mestre Damasceno, Ailson Picanço, Davidson Jaime, Tay Coelho e Marcelo Moraes.

Portela

Enredo: Cantar Será Buscar o Caminho que Vai Dar no Sol – Uma Homenagem a Milton Nascimento

Fechando os desfiles do Carnaval 2025, a maior campeã do Carnaval traz um enredo homenageando um dos maiores artistas do Brasil, Milton Nascimento. Será a primeira vez que a Majestade do Samba vai contar a história de um personagem importante para o país, e de alguém ainda em vida.

Letra samba-enredo:

Manhã,
Alvorada das nossas lembranças
Peito aberto, carrego esperança
Do altar de São Sebastião
Estou onde a mãe do ouro me afaga
E fiel abraçado à Águia
Vou partir em procissão
Na fé, que faz do artista entidade
E sagrada as amizades
Ardem vozes, mil tambores
Nas mãos, girassóis na travessia
Minh’alma em cantoria
Vem a tarde, vão-se as dores

Nessa estrada, é sonho, é poeira
Passa o trem azul, sigo em paz
Feito Rio… só me leva Pra Deus filho de Maria
Tantos mares em um cais

E as raízes se juntaram
Na esquina uniram a nação
Venceram as lutas que travavam
Pra ver Zumbi no céu da canção
Noite apaga o arrebol
Num milagre ser farol
E continuar…
Quem acredita na vida
Não deixa de amar
Dorme a maldade após o temporal
Na bandeira a liberdade, vem Bituca triunfal
Cheguei com meu povo, mesmo sentimento
Onde Candeia é chama
Brilha Milton Nascimento

lyá chamou Oxalá preto rei pra sambar
lyá chamou Oxalá preto rei pra sambar
Anjo negro é o Sol que faz a Portela cantar
Anjo negro é o Sol na minha Portela

Autoria: Samir Trindade, Fabrício Sena, Brian Ramos, Paulo Lopita 77, Deiny Leite, Felipe Sena e JP Figueira.

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