Nem sempre a vida da Paupério foi doce como os seus biscoitos e bolachas. Fundada em 1874 por António de Sousa Malta Paupério e Joaquim Carlos Figueira numa terra fortemente ligada à indústria panificadora – conta-se que a proximidade de Valongo com o rio Ferreira foi boa para a plantação de cereais e para a construção de moinhos para moagem do grão –, esta fábrica familiar correu o risco de fechar as portas pouco depois do 25 de Abril.
Mas como não há fome que não dê em fartura, a sorte da Paupério mudou. A procura pelo vintage e por tudo quanto é retro, fez nascer o chamado “mercado da saudade” e hoje, é rara a mercearia gourmet que não tenha em exposição uma das suas míticas latas azuis e brancas de biscoitos sortidos. Dentro delas há fidalguinhos, um dos ex-líbris da marca, feitos numa máquina comprada em Inglaterra, em 1910, e que ainda funciona, cozidos num forno de 18 metros de comprimento, e embalados à mão.
Se quiser ver a fábrica em actividade, apareça por lá. A Paupério tem visitas pensadas para quem quer ficar a conhecer mais sobre a sua história. O percurso inclui um passeio pela zona de fabrico, onde as pessoas ficam a conhecer as etapas de produção, e termina no núcleo museológico, onde há várias máquinas, algumas delas com mais de um século de trabalho em cima.