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Baixa de Lisboa
Francisco Romão PereiraBaixa de Lisboa

Lisboa recebeu mais de mil pedidos de cancelamento de alojamento local em 2023

Mais de metade dos pedidos foram feitos em Dezembro. Partidos na Câmara defendem que Moedas não deve permitir revogação dos limites ao alojamento local na cidade.

Rute Barbedo
Escrito por
Rute Barbedo
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Em 2023, realizaram-se 1024 pedidos para cessar actividades de Alojamento Local (AL) em Lisboa, 556 dos quais durante o mês de Dezembro, avançou o Diário de Notícias (DN). Assim, só em Dezembro do ano passado houve mais cancelamentos voluntários do que durante todo o ano de 2022, que contou com o registo de 220 pedidos. No total, Lisboa tem hoje com 19.259 registos de AL activos.

Este "aumento expressivo" pode estar relacionado com a aprovação do pacote Mais Habitação, em Outubro, segundo declarou ao jornal fonte da autarquia lisboeta. "O pagamento da Taxa Extraordinária aplicável a partir" de 2024 terá, "presumivelmente", demovido os detentores de licenças de manterem actividade naquela área. O Mais Habitação pode não ser, no entanto, o único factor a justificar o fenómeno. Em declarações ao DN, o presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP) acredita que "deve ser feita uma leitura mais profunda", já que em Junho entrou em vigor o pagamento da Contribuição Extraordinária sobre o Alojamento Local (CEAL). Por outro lado, "havia um grande número de registos activos" mas que na prática não teriam actividade, analisa.

A Câmara afirma estar a desenhar uma estratégia com o fim de perceber que licenças estarão “verdadeiramente activas”, apesar de já ter afirmado ser uma tarefa para a qual não tem meios. De acordo com a legislação, quem pretendesse manter o negócio teria até Dezembro do ano passado para entregar o comprovativo de actividade, mas sabe-se que quase 8000 estabelecimentos não o fizeram. Só em Lisboa, diz agora ao DN fonte da CML, há 12.484 comprovativos que estão em “análise para aferir a sua validade”. Sabe-se também que, desde a criação do regime de exploração de AL, em 2014, a autarquia cancelou 244 licenças e opôs-se a 119 novas licenças. 

Moedas instado a negociar com Governo

Esta quarta-feira, 8 de Maio, na reunião da CML, foi aprovada uma moção para que não se revoguem as limitações ao alojamento local em vigor na cidade, instando-se Carlos Moedas a negociar este ponto com o Governo, já que "o acesso à habitação é o maior desafio com que Lisboa lida”, pode ler-se no documento, citado pela agência Lusa. No moção, alerta-se também para o facto de que "cerca de 8200 alojamentos locais não fizeram prova de vida, no prazo legal estabelecido para o efeito, sem que a Câmara de Lisboa tenha dado início às respectivas audiências prévias que permitirão cancelar aqueles registos e, por essa via, fazer a migração daqueles fogos para habitação”. Além do tema AL, os subscritores defendem que o presidente da CML deve pressionar o Governo a não revogar as limitações aos vistos gold e ao regime de residentes não habituais, “sob pena de que o acesso à habitação fique ainda mais distante da capacidade das famílias no concelho de Lisboa”.

Com a tomada de posse do executivo central, liderado por Luís Montenegro, as políticas em torno do AL e do arrendamento voltaram ao debate. O Programa do Governo, apresentando a 10 de Abril, defende a revogação das "medidas penalizadoras" do AL, incluídas no pacote Mais Habitação. Recentemente, a Iniciativa Liberal e o Chega viram ser chumbado no Parlamento um projecto de lei com o fim de reverter algumas medidas definidas naquele programa. 

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